A Warner Bros, um dos três maiores estúdios cinematográficos do mundo, anunciou na segunda semana deste mês que, em 2021, lançará todos os novos filmes, simultaneamente, nos cinemas e no HBO Max — plataforma de streaming de propriedade da Warner, lançada em 2020 para competir com a Netflix e o Disney+. Antes de entrar nesse assunto, gostaríamos de lembrar que muitas pessoas, em muitas cidades do Brasil, há décadas conseguem comprar, na rua, o DVD de um novo filme, um dia antes de seu lançamento no cinema.
Ao disponibilizar novos lançamentos aos consumidores sob demanda, a indústria do cinema pode reduzir a pirataria relacionada a esses filmes. E não precisamos ficar meramente especulando sobre o caso. Afinal, esta foi exatamente a mesma coisa que aconteceu na indústria da música, que agora prospera no mundo dos serviços de streaming e distribuição digital de áudio.
A verdade é que a indústria cinematográfica está há muitos anos em um acordo com as redes de cinemas. É uma troca. A indústria dá exclusividade aos cinemas por um período de tempo, o que força os consumidores a irem ao cinema se quiserem assistir a um filme quando ele é lançado.
O anúncio da Warner Bros sinaliza que isso está finalmente mudando — e graças à pandemia de Covid-19. Como poderíamos imaginar, os cinemas não estão fazendo muitos negócios atualmente. Quem quer se sentar em um cinema, no meio de uma pandemia, ao lado de um bando de estranhos?
Independentemente de como possamos nos sentir sobre os riscos relativos — ou a falta deles — do contágio da Covid-19, nenhum de nós quer que nossos filhos fiquem doentes e presos em casa em uma quarentena de duas semanas. O coronavírus é o catalisador perfeito para a Warner Bros disponibilizar seus novos filmes por meio do próprio serviço de streaming, HBO Max. E isso também indica uma mudança em direção favorável aos serviços de streaming por assinatura.
Antigamente, os serviços de distribuição de filmes online se concentravam em vendas pontuais a um preço mais alto. Por exemplo, filmes completos podiam ser comprados inteiros, mas não alugados até semanas depois. Ainda hoje, podemos ver esse modelo em vigor. Mas as empresas aprenderam que podem ganhar mais dinheiro vendendo assinaturas mensais a custos mais baixos.
Empresas como a Netflix descobriram isso anos atrás. Mas foi preciso o lançamento do Disney+, em 2020, para despertar, de fato, a indústria do cinema. O Disney+ passou de zero para mais de 70 milhões de assinantes em poucos meses. Um verdadeiro alerta para outras empresas e estúdios. Se a Disney pode fazer isso, a Warner também pode. Agora está evidente que os consumidores preferem uma assinatura mensal simples, com extensa programação forte e novos títulos saindo a cada mês. Um negócio muito lucrativo.
Acreditamos que a decisão da Warner Bros persistirá mesmo quando a pandemia se tornar apenas uma lembrança, o que faz muito sentido. E olhar para os novos lançamentos para 2021 é bem animador para qualquer fã de cinema. O remake moderno do clássico de ficção científica “Dune”, por exemplo, chega ao HBO Max em 2021, e também podemos esperar por uma possível continuação da trilogia “Matrix”.
É bem provável que, em 2021, os cinemas não voltem a ser como estávamos acostumados antes da pandemia. Afinal, muitas pessoas podem ainda não se sentirem seguras em enfrentar os riscos de contágio da Covid-19 apenas para desfrutar da exibição de um filme na telona. Ainda assim, podemos esperar muito sucesso da nova postura da Warner quanto ao HBO Max, o que certamente vai render muitos novos filmes incríveis!
Fora dos EUA, onde o HBO Max ainda não está disponível, os filmes de 2021 da Warner ainda terão lançamentos tradicionais nos cinemas. No Brasil, alguns cinemas já reabriram, sob protocolos de segurança que mudam de cidade para cidade. A maioria teve a capacidade das salas reduzida, e exige uso obrigatório de máscara e limpeza entre sessões. Claro, o medo de boa parte da população também conta como fator de impedimento. Mas, apesar da nossa saudade de sentar em uma poltrona e assistir aos novos filmes na telona, os serviços de streaming têm sido grandes aliados durante a pandemia, ensinando a nós (e à indústria dos filmes) o valor do sofá, da pipoca e da televisão de casa.
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