Num histórico e inovador processo antitruste, o governo dos EUA e dezenas de estados processaram a Live Nation alegando que os mesmos abusaram do seu domínio na indústria para prejudicar os fãs em todo o país. A Live Nation é a controladora da Ticketmaster e, durante anos, tem sido uma das únicas revendedoras de ingressos para eventos ao vivo em todo o país.
A ação há muito esperada, movida em Nova York, alega que a combinação do maior site de ingressos do país (ticketmaster) e do promotor de shows (Live Nation) foi planejada para sufocar a concorrência. O governo pretende ir a um julgamento com júri e planeja que a empresa se separe. Caso tenham sucesso, poderão ocorrer mudanças radicais neste nicho e no mercado de eventos ao vivo.
A indústria de ingressos e eventos ao vivo tem estado sob forte escrutínio há alguns anos, mas desde as falhas em 2022 que fizeram com que milhões de pessoas perdessem a turnê Eras de Taylor Swift, a pressão tem aumentado ainda mais. No entanto, a Live Nation chamou as alegações do DOJ ou Departamento de Justiça dos EUA de “infundadas”.
“O processo do DOJ não resolverá as questões que preocupam os fãs em relação aos preços dos ingressos, taxas de serviço e acesso a shows sob demanda”, disse a empresa em um comunicado. Já o Departamento de Justiça tem outras
ideias.
O procurador-geral Merrick Garland disse: “Alegamos que a Live Nation depende de conduta ilegal e anticompetitiva para exercer seu controle monopolista sobre a indústria de eventos ao vivo nos Estados Unidos às custas de fãs, artistas, pequenas operacoes e promoções com ambito locais. O resultado é que os fãs pagam mais taxas, os artistas têm menos oportunidades de fazer concertos, os promotores mais pequenos ficam excluídos e os locais têm menos opções reais de serviços de bilheteira”, disse o procurador-geral.
Taylor Swift tem algo a ver com o problema da Ticketmaster nos EUA?
O alvoroço que resultou de uma avalanche de problemas que os “Swifties” encontraram ao tentar comprar ingressos através da Ticketmaster para a The Eras Tour da estrela pop em 2022 iluminou as rachaduras no sistema de ingressos nos EUA.
Procuradores-gerais estaduais, 30 para ser preciso, aderiram ao processo do Departamento de Justiça americano e começaram a investigar a Ticketmaster. O clamor generalizado nas redes sociais levou até mesmo a uma audiência no Senado.
Eleanor Fox, professora emérita da Faculdade de Direito da New York University, por exemplo, disse à rede PBS americana que uma gigante do entretenimento fez transparecer a incapacidade de atender um público ávido e um desastre foi armado dando brecha ao Departamento de Justiça construir seu caso. O fato é que quando há concorrência, as empresas ficam mais sensíveis e receptivas aos problemas que podem surgir.
Existem outros processos judiciais contra monopólios em andamento nos EUA?
O governo tem vários processos judiciais em curso que acusam grandes empresas de se envolverem em monopólios ilegais que eliminam concorrentes e aumentam os preços. Em março de 2024 por exemplo, o mesmo Departamento de Justiça processou a Apple, acusando a gigante da tecnologia de arquitetar um monopólio ilegal no mercado de smartphones.
No início de maio de 2024, foram apresentados argumentos finais em um processo contra o Google que data da administração do presidente Trump. Os promotores federais acusam a gigante da tecnologia de manter o status de monopólio como mecanismo de busca.
Por sua vez, em setembro de 2023 a Comissão Federal de Comércio processou a Amazon, alegando que o gigante do comércio eletrónico abusa da sua posição no mercado para inflacionar preços dentro e fora da sua plataforma, sobrecarregar os vendedores e sufocar a concorrência. A Amazon pediu que o processo fosse arquivado em dezembro, mas um juiz marcou a data do julgamento para outubro de 2026.
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