Por Laís Oliveira

stressed male massaging nose bridge suffering from headacheO InCor, Instituto do Coração, do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo) liberou um estudo inédito, em fevereiro de 2021, que mostra a relação entre disfunções cognitivas e covid-19. De acordo com a pesquisa, 80% dos participantes tiveram dificuldade de atenção, perda de memória, problemas de compreensão e ainda diminuição da capacidade de coordenação motora após terem sido infectados pelo coronavírus.

O estudo foi divulgado na quarta-feira (10) e surpreendeu pela porcentagem elevada de pessoas com sequelas cognitivas após desenvolverem covid-19. Essas sequelas acontecem, segundo o estudo, porque o vírus entra pelas vias aéreas, compromete o pulmão e, com isso, baixa o nível de oxigênio.

Com isso, a dessaturação, como os médicos chamam a falta de oxigenação, vai direto para o cérebro e acomete o sistema nervoso central, afetando algumas funções. A boa notícia é que por meio de exercícios específicos o quadro pode ser revertido.

A neuropsicóloga Lívia Stocco Sanches Valentin, que conduziu a pesquisa, revelou que em uma primeira fase do estudo, 185 pacientes foram monitorados de março a setembro de 2020. O resultado foi comparado com o de um grupo de controle. Lívia usou uma ferramenta criada por ela em 2010. O MentalPlus é um jogo digital que avalia disfunções neurológicas em pacientes com sequelas de anestesia geral profunda.

De acordo com a pesquisa, 62,7% dos participantes tiveram a memória de curto prazo afetada e 26,8% sofreram com alterações na memória a longo prazo. A percepção visual foi prejudicada em 92,4% dos voluntários.

Lívia afirmou que, em muitos casos, as pessoas não percebem que tiveram algum tipo de sequela. A perda de memória, por exemplo, é entendida por muitos como algo normal.

“A pessoa se confunde em tarefas simples e acaba justificando essas falhas com outras coisas do dia a dia: preocupações financeiras, muito tempo em quarentena, por não viajar”, afirmou a neuropsicóloga. A pesquisa segue em andamento, com 430 pessoas. O InCor continua aceitando voluntários.

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