Um “laboratório” para analisar o impacto do novo salário mínimo na Califórnia está em curso na cidade de Fresno, zona agrícola do estado. No 1 de janeiro de 2021, o salário mínimo passou a ser US$14 por hora e, na mesma data em 2022 passará ao valor de US$15. Em Fresno, por exemplo, a média salarial é considerada baixa e isso tem gerado muitas discussões.
O aumento de janeiro já começou a dar dor de cabeça à maioria dos empregadores no estado e, em particular, aos donos de pequenos negócios como restaurantes. Isso porque que eles alegam já possuírem muitos problemas financeiros em consequência do primeiro lockdown na Califórnia – ocorrido no primeiro semestre de 2020 – e no segundo lockdown em novembro.
Muitos restaurantes investiram em infraestrutura voltada à situação de pandemia com adaptação de pátios e áreas ao ar livre para atendimento aos clientes e também em tecnologia para evitar o uso de objetos manuais, como cardápios, etc e marketing. Ainda assim, um terceiro lockdown no final de novembro dificultou ainda mais a situação de diversos empresários e trabalhadores.
A notícia do novo salário mínimo – o quinto aumento anual de acordo com uma lei de 2016 que estipulou o aumento gradual em cinco anos até 2022 – não agradou tanto. Muitos donos de negócios argumentam que, com a pandemia, os custos para operar inversamente proporcionais ao número de clientes devido às restrições impostas já afetam de forma significativa suas finanças. O aumento da base salarial de 2021, e o novo aumento programado para 2022, podem trazer ainda mais dificuldades aos microempresários.
Ainda citando o segmentos dos restaurantes, vários proprietários cortaram em média 25% do número total de empregados para reduzir a folha de pagamento e lamentam terem que tomar decisões difíceis sendo forçados a reduzir a mão de obra tão necessária.
A discussão sobre o aumento salarial segue e a cidade de Fresno pode servir como medidor no debate que está esquentando também a nível nacional já que o presidente Biden quer aumentar gradualmente o salário mínimo federal também para US$15 por hora, bem superior aos atuais US$7,25, e alcançando uma prioridade de longa data do movimento sindical e da ala progressista do partido democrata.
Vale salientar que vários estados americanos adotam o mínimo nacional e que cada estado se encarrega de estabelecer o seu salário mínimo que não pode ser menos do que o nacional. A Flórida, um estado que tem forte presença de brasileiros, por exemplo, desde 1 de janeiro de 2021 passou a ter um mínimo de US$8.65. No entanto, em novembro de 2020, os eleitores da Flórida aprovaram uma Emenda Constitucional que aumentará gradualmente o salário mínimo – até 2026 – também para US$15,00 por hora.
A situação pode mudar nacionalmente, isso porque os democratas da câmara votaram em 2019 por um salário mínimo de US$15 a nível nacional – o que não seguiu em frente. Muitos preveem que 2021 eles pretendam fazer novamente (agora com maioria) a proposta para enviar a legislação ao senado. Apesar de no senado o numero de cadeiras estar empatado (50 X 50) e o voto de minerva ser da vice-presidente (democrata), as chances são duvidosas pois há objeções de pelo menos dois democratas (Joe Manchin, da Virgínia, e Kyrsten Sinema do Arizona), junto com, obviamente, todos os republicanos.
Os apoiadores, por sua vez, dizem que o aumento do salário mínimo aumentaria o padrão de vida dos trabalhadores e ajudaria a combater a pobreza nos Estados Unidos. Eles argumentam também que, com mais dinheiro, os trabalhadores tendem a gastar mais e que a circulação do dólar fortaleceria a economia americana já debilitada pela pandemia de covid-19.
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