Por Dra. Ira Esteves
Durante o século vinte assistimos ao desenvolvimento do trabalho ao qual se convencionou chamar “corpomente”. Após a criação da Psicanálise por Freud (1892), o mundo ficou maravilhado com a jornada do desbravamento da mente humana e foi tomando conhecimento de que possuímos algo a que Freud denominou de “inconsciente” e que rege a nossa vida. Há um mecanismo de elaboração interna que decodifica e organiza tudo o que nos acontece até que as coisas inconscientes cheguem ao nosso consciente. Ok. Mas era só isso?
Um assistente e colaborador de Freud no desenvolvimento da Psicanálise, Wilhelm Reich, criou no início do século passado, o primeiro trabalho que ia além do tratamento só da mente e, unindo a Psicanálise à Fisiologia, surgiu a Bioenergia – descobrindo que as contrações orgânicas na vida diária adoeciam e levavam à morte.
Hoje a Psicoterapia Reichiana está em todo o mundo fortalecendo pessoas e salvando vidas, sendo Reich considerado – merecidamente – o pai da Psicossomática (não confundir Reich com Reiki, que é uma das práticas orientais de imposição das mãos).
Ao longo de anos de clínica em meu consultório, ministrando cursos e workshops em Universidades e formando terapeutas no Instituto Wilhelm Reich do Brasil, no Rio de Janeiro, desenvolvi um trabalho próprio baseado em Reich, unindo as terapias necessárias ao fortalecimento humano; tratando depressão, obesidade, anorexia, bulimia, fadiga crônica, pânico e outras disfunções.
Neste trabalho, constatei que “corpomente” sou eu, você, todos nós, essa imensa família de humanos que ri, chora, sofre, dança, dá e toma porrada, trabalha, ajuda, odeia e sobretudo – ama. Temos a palavra – linguagem do ego (consciente) e o movimento – a linguagem do corpo. Somos um complexo orgânico com experiências e vivências orientadas por valores, metas e o jeito individual de ver o Universo. E Bioenergeticamente, temos uma unidade “corpomente” com hereditariedade, cultura e sociabilidade que norteiam nossa filosofia de vida.
Seguimos vivendo sem atentarmos para isso, complicamos a vida e sentimos tanta angústia, pois além de tudo, ainda estamos mergulhados num selvagem contexto político-econômico. Fomos condicionados a não percebermos as próprias sensações e, se as percebemos, a deixamos para lá, só nos preocupando quando adoecemos.
Isso foi o que fizeram de nós. O processo: debaixo de pressões de toda sorte, impostas pela tal civilização, confundimos sonhos com necessidades, sensações com emoções, sofremos uma “contração celular” que fatalmente apresentará sintomas (mentais ou corporais – às vezes os dois), de uma disfunção.
E assim uma doença se instala. Como? “Ah, mas eu corro, eu faço Ioga, eu como os verdinhos todos, eu faço o que posso”. Não, não fez o que podia. A pós-modernidade trouxe mudanças na alimentação, alteração nas condições de vida, poluição pela tecnologia, drogas e substâncias tóxicas, menos atividade física, queda do desejo sexual, aumento da tensão nervosa.
- Então, se ficar o bicho pega, se correr o bicho come? Não.
Com o estreitamento dos laços entre as terapias Ocidentais e Orientais (Homeopatia, Aromaterapia, Terapia Floral, Cromoterapia, Massagens Terapêuticas, Acupuntura e suas variantes, e outras já aceitas pela Organização Mundial de Saúde) e uma fantástica descoberta do bioquímico americano Linus Pauling (duas vezes ganhador do prêmio Nobel), surgiu a terapia Ortomolecular, que é o tratamento com vitaminas, minerais, aminoácidos e dietas específicas.
Viu só? Nem tudo está perdido. Lembre-se: se você tem uma dor de cabeça constante, que raiva é essa que está tão bem escondidinha no seu inconsciente? E mais: quando todos comeram uma feijoada di-vi-na e só você passou mal? fique atento, seu “corpomente” está falando, pois se a feijoada não estava estragada, ela só lhe daria prazer e não um resultado inverso. Quando estamos mal emocionalmente, a energia vital (Bioenergia) fica bloqueada. Devemos lutar pelo equilíbrio da nossa vida lembrando sempre que a cura vem de dentro. Temos o dever da saúde!
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