Por Fabienne Lopez
O amor romântico não existe: aquele do Cupido lançando suas setas para unir “almas gêmeas”, aquele da história de Romeu e Julieta ou de Tristão e Isolda. O conceito existe desde a Idade Média, como um ideal mítico, desvinculado da ideia de casamento.
Hoje em dia, não se concebe para o matrimônio outra razão que não seja o amor romântico. Os meios de comunicação nos incentivam a acreditar que um relacionamento amoroso autêntico precisa, obrigatoriamente, ser eterno (te quero para sempre), incondicional (te quero acima de tudo) e possuir um alto grau de renúncia (te quero mais do que minha própria vida).
A busca por “aquela pessoa especial” transformou-se em direito inalienável do indivíduo, em meta de vida. Infelizmente, trata-se de uma falácia que gera muita infelicidade e frustração na vida das pessoas. Foi a lição mais difícil de aprender. Ao final de cada namoro, sentia-me frustrada emocionalmente, culpava-me pela minha inabilidade em me conformar com os padrões da sociedade e da minha família. Criava falsas e ainda maiores expectativas, além de cobranças para o próximo namorado – este sim o verdadeiro amor da minha vida.
Com isso, deixei de viver relacionamentos que poderiam ter sido muito gratificantes se eu não estivesse tão presa à ideia de como eles deveriam ser. Para homenagear Santo Antônio, quero falar sobre relacionamentos amorosos. Ao começar este artigo, lembrei-me de uma época em que minhas fontes de sabedoria para assuntos do coração eram minhas amigas Ana Cecília e Eloá, assim como o livro “Os Astros Comandam o Amor”, de Linda Goodman. Os três eram consultados com grande fervor a cada novo namorado para descobrir se ele era o príncipe encantado. Muitas conversas, conselhos e amizades coloridas. Depois, aprendi três pequenas grandes verdades sobre o Amor – que incorporei ao meu dicionário de vida.
Quando abri mão dessa noção, aprendi também que para ter um relacionamento satisfatório não é necessário o casal participar juntos de todas as atividades. Muitos acreditam que quanto mais simbiôntica seja a relação, melhores serão as chances de um relacionamento duradouro e harmonioso. Claro que é importante o casal possuir hábitos e afinidades compatíveis, concordaram sobre questões importantes da vida. No entanto, o problema surge quando as diferenças são vistas como empecilhos ou ameaças para a harmonia do casal.
Normalmente, o amor romântico não permite uma autonomia individual e qualquer tentativa neste sentido gera decepção e dúvidas acerca do acerto da escolha. Como então resolver o impasse entre espaço individual e espaço relacional? A resposta mais comum é um dos parceiros ceder e participar de atividades que não são do seu interesse. Poucos casais dão-se o direito de desenvolver atividades individuais.
No entanto, a realidade comprova que, quanto mais autônomo for o casal, mais sólido será o relacionamento, pois será baseado no prazer da companhia um do outro e no convívio harmonioso das diferenças. Como boa brasileira, quero incluir o meu namorado em todas as minhas atividades, contudo, ele não compartilha do mesmo entusiasmo. Devagarzinho, aprendo a não considerar esta atitude como uma rejeição ou falta de amor da parte dele.
Conforme desenvolvo minha autonomia, entendo que minha felicidade não depende do “outro”. Meu namorado, minha irmã, meus amigos passam a ser um amparo afetivo e não mais uma desculpa para reproduzir a dependência emocional que tinha quando criança com minha mãe. Esta é a terceira pequena grande verdade que aprendi: a fonte de nossa felicidade está no prazer da nossa própria companhia, em descobrir quem somos, do que gostamos e do que queremos da vida.
À medida que este processo ocorre, nossa autoestima não depende mais do amor exclusivo de alguém para manter-se elevada. Com isso, crescemos como pessoa. Durante todo esse tempo, a astrologia foi minha estrela-guia. Conhecendo a minha Vênus, descobri a minha definição de prazer, sensualidade e beleza. Nas diversas faces da minha Lua, enxerguei minhas dificuldades e necessidades emocionais mais profundas. Aprendi a ficar juntinho da minha alma, no meu Infinito Particular, como canta Marisa Monte.
* Fabienne Lopez é uma astróloga brasileira que reside há vários anos em São Francisco. Ela foi colaboradora da Soul Brasil magazine durante dois anos, entre os anos de 2005 e 2006 – Fabienne_at_astro-brasil.com
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