Um grupo de 19 supostos golpistas brasileiros foram acusados na quarta, dia 22 de dezembro, de um esquema em todos os Estados Unidos onde se roubaram milhares de identidades para criar contas de falsos motoristas em aplicativos de caronas (rides) e entrega de comida (delivery) como Uber, Postmates e Doordash.
Os acusados no esquema alugavam os perfis falsos para pessoas que não tinham documentos legais nos EUA e/ou tinham antecedentes criminais e não poderiam trabalhar através desses respectivos aplicativos.
Na terceira semana de dezembro (2021) um membro do grupo, Flavio Cândido da Silva, 36, de Malden, Massachusetts, confessou ser culpado (guilt) do golpe por roubo de identidade e transferência de fundos ilicitamente que chegou a quantia de US$200 mil. Ele pode pegar uma pena máxima de 22 anos de prisão quando for sentenciado em abril de 2022. Seu advogado não fez comentários.
Os promotores públicos federais encarregados do caso disseram que o grupo chegou a roubar a identidade de mais de 2.000 pessoas nos Estados Unidos e que supostamente eram clientes de empresas como Uber Postmates e Doordash. O golpe segundo a promotoria durou pelo menos dois anos entre 2019 até 2021.
As identidades para o golpe funcionar foram supostamente adquiridos na dark web, mas se acredita que a maioria foi roubada de clientes que o grupo atendia quando os próprios faziam entregas a domicilio – quando se entrega bebida alcoólica o driver(motorista) precisa pedir o driver license (carteira de motorista nos EUA) do cliente e tirar uma foto para upload no aplicativo e assim liberar a entrega para o cliente.
Os promotores disseram que os golpistas usaram um programa de edição de fotos para inserir a foto de outra pessoa na identidade, que seria usada para criar uma conta falsa de motorista em um serviço de rideshare (transporte compartilhado) ou delivery (entrega de comida). Os promotores ainda disseram que, em outros casos, o grupo supostamente coletou informações das vítimas após se envolverem em um acidente de carro com elas, às vezes intencionalmente.
No esquema, se utilizavam vários grupos de Facebook para recrutar os interessados. Diversos grupos de brasileiros residentes em várias cidades com grande comunidade de“brazucas” como Los Angeles, San Diego, São Francisco, Boston, Nova York, Orlando e Miami serviram de ferramenta de marketing para a aplicação do golpe.
Os promotores federais ainda afirmaram em um comunicado de imprensa que o grupo de golpistas também fraudou as empresas de rideshare e delivery em respectivas promoções de incentivo dessas empresas que ofereciam bônus por indicação de novos motoristas (referral fee) e que poderia chegar a algumas centenas de dólares por novo motorista.
Por último, entre as acusações, está o uso de bots de computador e técnicas de falsificação de GPS para fazer parecer que as viagens eram mais longas do que realmente eram, permitindo que os motoristas dos perfis falsos ou que faziam parte do esquema recebessem inapropriadamente mais dinheiro do que o que seria correto ou normal.
Até a data deste artigo, dois dias prévios ao natal (2021), 16 réus estão detidos, acusados oficialmente e aguardando julgamento enquanto outros três ainda estão foragidos, totalizando 19 – todos brasileiros. Para checar o press-release do United States Attorney ‘s Office (District of Massachusetts) que foi emitido no dia 7 de maio de 2021 clique aqui. Em meados de maio de 2021 publicamos um artigo sobre esse mesmo caso, sendo que agora existem mais detidos, acusações oficialmente formuladas, e diversos órgãos de investigação nos Estados Unidos envolvidos no caso, como o FBI e o National Crime Insurance Bureau.
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