Entrevista por:  Barbara Alejandra

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Barracão Império da Tijuca Carnaval 2017, Rio de Janeiro. Foto: Marcio Cassol

Fundado no dia 8 de dezembro de 1940, o Império da Tijuca é uma das escolas de samba mais tradicionais do Rio de Janeiro. E com duas décadas de carreira, sendo cinco anos dedicados à agremiação verde e branca, o carnavalesco Júnior Pernambucano mostra porque é um dos grandes nomes de sucesso do carnaval junto à escola do Morro da Formiga.

Em 2013, quando se juntou à Império da Tijuca, a escola conquistou além do título, o acesso ao grupo especial com o enredo “Negra, pérola, mulher”, e seu sucesso só lançou desafios cada vez mais maiores anualmente na maior festa do Brasil.

Ao longo de sua carreira como carnavalesco, Júnior Pernambucano ganhou vários prêmios como revelação, melhor desfile e melhor escola. Em 2016 a agremiação levou para a Sapucaí o enredo “O tempo ruge, a Sapucaí é grande e o Império aplaude o Felomenal”. E para 2017, ele está desenvolvendo o enredo “O último dos profetas” que vai homenagear São João Batista ligado, no sincretismo, à umbanda, crença miscigenada do nosso povo na qual São João Batista é Xangô – orixá da justiça e da sabedoria, do fogo e do trovão, do raio e das almas, do ar e da terra.

Confira na íntegra a entrevista com o carnavalesco:

1- A Quanto tempo você está no Império da Tijuca ? E como é esse relacionamento ?

Em 2017 eu faço o meu quinto carnaval. O relacionamento é igual um casamento, ao longo do tempo vai criando um bom laço, um bom convívio, claro que tem momentos difíceis, como em um casamento. Eu acho que é um amadurecimento das duas partes, até de criação, de estilo. Eu me adaptei ao estilo da escola e a escola se adaptou ao meu estilo, e assim vai tendo uma sincronia boa.

2 – Como é fazer o carnaval no grupo de acesso ? Quais são as suas maiores dificuldades?

É a infraestrutura que os barracões não tem, isso ai é um ponto muito forte, e passamos uma dificuldade muito grande em relação a isso. Não ter um espaço adequado para fazer o carnaval do acesso. A questão da subvenção, dos valores, isso ai há como driblar, porque com criatividade conseguimos desenvolver o trabalho. Se realmente houvesse uma estrutura seria mais fácil de trabalhar.Image Carnaval no Rio Imperio da Tijuca

3 – Você acha que o acesso está crescendo cada vez mais? Pode chegar ao nível do especial?

Existe uma diferença muito grande entre acesso e especial, o acesso tentam fazer um carnaval, para o lado do especial. Só que a subvenção é bem menor, uma diferença muito grande de valores, e com isso a escola não consegue colocar o projeto dela na avenida, por que chega ao ponto de ir muito além do limite, isso atrapalha. Não tem como fazer um trabalho a altura do especial com a subvenção que recebemos.

Existe uma cobrança muito grande de que a escola venha bem, o desfile com qualidade de especial, sem o valor do especial, não tem condições. Com esse valor é muito complicado.

4 – Você faz o carnaval em Três Rios. Como é o seu trabalho lá?

Fazer o carnaval fora do Rio é um desafio, a gente já está falando de dificuldade financeira no grupo de acesso no Rio, imagina em uma escola do interior do Rio de Janeiro. Lá é outra realidade, e outro sofrimento, pior ainda que o acesso no Rio, mas com criatividade, dentro da realidade da escola, conseguimos fazer um trabalho que fique bom.

Já são nove anos em Três Rios, estou acostumado e consigo desenvolver bem, e colocar na avenida com louvor.

5 – As dificuldades que você passa em Três Rios, ajudam você aqui?

Sim, me ajuda muito, as dificuldades que eu tenho lá, eu chego aqui e vejo que estou no céu. Eu começo a ver que tem gente pior. Então eu começo a me conformar, e assim vai.

6 – O que você mudaria no carnaval do Rio de Janeiro?

Acho que a maneira de julgar, teria que ser um pouco diferenciado em determinados setores. Como por exemplo, casal de Mestre – Sala e Porta – Bandeira, acho que tem que ser julgado a dança, não o figurino.É um ponto que tem que ser revisto com cuidado, em outras áreas também tem defeitos. Eu acho que a parte de julgamento é um dos pontos que tem que ser revisto, ver uma maneira de ser mais coerente.

 7 – O que podemos esperar do carnaval do Império da Tijuca 2017?

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Foto: Marcio Cassol

A escola traz uma energia boa quando o enredo é religioso, quando traz essa mistura de sincretismo religioso ela se encaixa bem. O samba traz uma energia boa, e a escola tem essa adaptação. Tenho 70% de certeza que a escola vai passar bem, o resto é com a Harmonia, a Plástica, o Figurino, que ai vai dar um levante. Mas eu tenho total certeza que tem essa ligação, agora no ensaio técnico já vai mostrar essa diferença.

Eu já estou a cinco anos e percebo o clima a energia do componente, da comunidade, sinto a diferença. Fazendo o enredo do José Wilker e fazer esse de João Batista, a gente sente uma diferença muito grande, de empolgação, de tudo. A comunidade puxa esse tipo de enredo e assim incentiva muito.

Estamos fazendo um trabalho para ir para o especial, é um sonho, e estamos trabalhando para isso, já estivemos em 2013, passamos bem, subimos, a energia é a mesma.

 

 

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