Nos EUA existem 13.000 distritos escolares (rede pública de ensino) que se encontram à espera de uma ação eficiente e quase emergencial no que diz respeito ao calendário escolar. O fato é que já se passou quase um ano (*janeiro de 2021) entre aprendizagem remota e presencial e houve um impacto nos alunos de diferentes níveis. É possível notar pouca orientação no âmbito federal – o que pode ter levado escolas a adotarem diferentes abordagens e estratégias em todo o país, e quase nada em apoio financeiro.
Em Washington, D.C., alguns professores passam um dia por semana indo de porta em porta, rastreando alunos que não estiveram online para as aulas e cujo aprendizado está sendo afetado. Em Las Vegas, existem tristes lembranças do sofrimento causado pelos lockdowns e fechamento das escolas já que, no dia 18 de dezembro, 18 alunos haviam se suicidado no condado de Clark, forçando as escolas do condado a trazer os estudantes de volta o mais rápido possível.
Em Los Angeles, o segundo maior distrito escolar do país, com mais de 1000 escolas e 600 mil estudantes, não há aulas presenciais desde o dia 16 de março de 2020. Austin Beutner, superintendente do distrito escolar, recentemente, junto com os outros dois superintendentes dos maiores distritos escolares dos EUA, NYC e Chicago, assinaram um artigo para o Washington Post fazendo referência ao compromisso e esforços de professores e diretores para manter os alunos motivados, mas que se torna difícil se não houver a colaboração dos alunos, e principalmente do apoio financeiro do governo federal.
Os três superintendentes lembraram que é hora do governo federal tratar a terrível situação que os alunos de escolas públicas enfrentam com a mesma mobilização federal que se espera para outras emergências nacionais, como inundações, furacões, e incêndios florestais. É preciso um grande esforço nacional coordenado – como um Plano Marshall para escolas. O artigo dá relevância à importância urgente de um plano para devolver aos alunos as aulas em formato presencial, rapidamente e da maneira mais segura possível.
Segundo os três superintendentes, as escolas têm mostrado que podem permanecer abertas com segurança, apesar da disseminação do vírus pela comunidade, mas isso exige um conjunto de ações e principalmente, suporte financeiro adequado – o Cares Act e os pacotes de ajuda subsequentes excluem as escolas públicas como destinatários. Salientando que o apoio federal direto às escolas deve ser específico e direcionado.
Muitos distritos escolares investiram recursos nesses esforços e lugares como a cidade de Nova York tiveram sucesso. Mas simplesmente não é sustentável sem o apoio federal, e principalmente depois do segundo pico de covid-19 e do aumento dos casos. Em Los Angeles, onde se especula que quase 80% dos alunos da rede pública vivem na pobreza e mais de 80% são latinos e afroamericanos, as notas D’s e F’s dos alunos do ensino médio aumentaram cerca de 15% em comparação do ano anterior.
Colocar as crianças pequenas do jardim da infância até o ensino médio de volta na sala de aula e ajudá-las a se recuperar deve ser tratado pelo governo federal com a mesma urgência e comprometimento que outros desastres. Não fazer isso permitirá que uma “emergência nacional” se torne uma desgraça nacional. Ao tratar a situação dos alunos, o governo também irá ajudar milhares de pais, a grande maioria de baixa renda, que precisam optar por trabalhar ou cuidar de suas crianças nessa pandemia.
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