Por Julia Melim

tropaÉ muito bonito ver a comunidade brasileira se unindo em Los Angeles, apoiando uns aos outros e trazendo o melhor do nosso país para os Estados Unidos. Parece que estamos finalmente atingindo a globalização do cinema e o Brasil é, definitivamente, parte disso. Filmes como “Tropa de Elite” (Elite Squad) e “Casa de Alice” (Alice’s House) estão trazendo atenção internacional para o cinema brasileiro e abrindo ainda mais espaço para cineastas brasileiros.

Frederico Lapenda, Presidente da Paradigm Pictures, é um produtor e cineasta brasileiro que morou metade de sua vida aqui em Los Angeles. “O fato de ser brasileiro ajudou muito na minha carreira e continua ajudando. O Brasil é muito querido aqui. Quando você fala que é do Brasil, abre as portas,” ele fala.É muito bonito ver a comunidade brasileira se unindo em Los Angeles, apoiando uns aos outros e trazendo o melhor do nosso país para os Estados Unidos. Parece que estamos finalmente atingindo a globalização do cinema, e o Brasil é definitivamente parte disso. Filmes como “Tropa de Elite” (Elite Squad) e “Casa de Alice” (Alice’s House) estão trazendo atenção internacional para o cinema brasileiro e abrindo ainda mais espaço para cineastas brasileiros.

Lapenda acabou de receber o “Premio de Produtor do Ano” no Festival Internacional de Cinema em Beverly Hills de 2008. Lapenda fala que “Como um brasileiro numa competição internacional, você se sente muito bem, muito orgulhoso.”

O filme produzido por Lapenda, intitulado “Bad Guys” também recebeu o “Premio de Melhor Filme.” O filme é um drama moderno sobre crime, e tem influências da força dominadora de “Cães de Aluguel” (Reservoir Dogs) com a intensidade e rapidez de “Snatch.” Lapenda disse que ser reconhecido nesse festival aumenta a sua responsabilidade e faz com que ele queira ganhar prêmios maiores, mas também aumenta a pressão dele com seu próprio trabalho.

Quando assistimos filmes dessa nova tendência brasileira, fica claro que o cinema brasileiro já tem uma voz muito forte na cena internacional. Enquanto isso, produtores brasileiros procuram meios de fazer com que a nossa voz seja ainda mais amplificada.

Marcelo Florião é produtor e diretor do filme “Embarque Imediato” (Now Boarding), uma comédia de ritmo moderno e ágil sobre o encontro de duas pessoas diferentes, que em comum tem apenas um sonho da vida Americana ¬– enquanto Justina (Marilia Pêra) e Wagner (Jonathan Haagensen) trabalham no mesmo ambiente, o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro. Florião fala, “A estória é 100% brasileira com pequenos elementos que são pouco usados no Brasil, com a intenção de abrir o filme para o mundo.”

Florião disse que a personagem principal é obcecada por filmes de Hollywood, e ele também usa músicas que são conhecidas no mundo inteiro. Esses detalhes originais e mais internacionais criam uma universo com que as audiências do mundo inteiro podem se identificar. “Tem lugar pra todos no cinema, o público é que vai escolher o que eles gostam mais,” Florião diz.

Agora os cineastas brasileiros estão buscando novas formas de contar uma estória, inovando nos temas brasileiros e trabalhando com temas mais universais.

Claudia Damasceno, é brasileira, mas mora em Los Angeles, e escreveu, dirigiu, produziu e editou seu filme “Roses of April.” Ela disse que seu filme não aborda um tema tipicamente brasileiro e é mais inspirado pela cultura Americana. O filme é um drama cheio de vigor porém deprimente, sobre uma família de nativos da América do Norte de laço forte representado por uma índia linda que sonha em se tornar uma astronauta – que é enfraquecida indiretamente pelo governo Americano.

“O diretor brasileiro não precisa ser inspirado pelo Brasil, não precisa ser inspirado pela cultura brasileira; qualquer tópico pode inspirar o cineasta. Pra ela o que mais importa é o momento histórico em que ela se encontra e abordar temas com conflitos políticos e sociais. Mas independente do tema, Damasceno falou que cineastas brasileiros já são muito respeitados no exterior, “O filme brasileiro é tão respeitado pelo mundo afora que por eu ser brasileira já existe uma credibilidade”.

Outra maneira de aumentar a visibilidade brasileira no cinema internacional é criar co-produções entre Brasil e Estados Unidos ou a Europa. Lázaro Faria é o co-produtor no Brasil do filme “Maracas: A História de Carmen Miranda,” o primeiro filme de ficção sobre a vida de Carmen Miranda, a Pequena Notável – que vai ser uma co-produção entre Brasil e EUA. Faria acha que o comportamento genuíno e pouco sofisticado de Miranda contribuiu muito para o seu sucesso nos EUA, “Carmem foi uma das grandes inspiradoras da indústria de cinema Hollywoodiano e se tornou um mito. Foi a primeira atriz brasileira com projeção no cinema internacional, ela abriu as portas do Brasil para o cinema.”

Faria fala que cineastas deveriam tirar proveito do aspecto verdadeiro e original do Brasil, junto com a parte mais prática do mercado norte-americano, “E aí está algo muito interessante, juntar a capacidade de produção e distribuição do maior cinema do mundo, com o jeitinho brasileiro – um jeitinho que no cinema está fazendo História” Faria dirigiu os documentários “Cidade das Mulheres,” (City of Women) e “Mandinga em Manhattan” (Mandinga in Manhattan), com filmagens no Brasil e nos Estados Unidos. Ele é Presidente da Casa de Cinema da Bahia, Diretor da Axé Filmes e está produzindo o Bahia Afro Film Festival, que acontecerá em Salvador, Bahia, Brasil, de 18 a 27 de novembro de 2008.

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Frederico Lapenda. (Foto: reprodução facebook)

Com a intenção de promover a cultura brasileira, o Consulado-Geral do Brasil em Los Angeles vem apoiando a exibição de filmes brasileiros e festivais brasileiros de cinema. Em parceria com o Latin American Center na UCLA, eles apresentam uma série de filmes brasileiros toda primeira quarta feira do mês. A Embaixadora Thereza Maria Machado Quintella fala, “A renovação do cinema brasileiro não só transformou o jeito que o Brasil produz filmes, mas também mudou a visão do mundo em relação a indústria do cinema brasileiro.”

E se o cinema brasileiro antes tinha que lutar pra conseguir aparecer nas telas de Los Angeles, agora temos dois festivais dedicados a cultura brasileira na cidade. O ano de 2008 começou com o Los Angeles Brazilian Film Festival (LABRFF) em Março –– e vai terminar com o Hollywood Brazilian Film Festival (HBRFest) em Setembro.

Talize Sayegh é a fundadora do HBRFest. Ela já vem trabalhando em festivais há alguns anos, incluindo o Festival do Rio e o Festival Internacional de Cinema Latino. E ela levou 4 anos pra alcançar o seu sonho de realizar um festival de cinema em Hollywood. “O cinema brasileiro está melhorando cada vez mais. A única coisa que precisa aqui é ter espaço pra fazer a conexão,” Sayegh fala.

Florião também é um dos produtores executivos do HBRFest, e ele disse que o objetivo principal do Festival é a integração entre o mercado brasileiro e americano: “Não é a mostra de filmes, mas promover encontros entre ‘Hollywood’ e os brasileiros, com o objetivo de criar pontes, estimular co-produções e abrir a mentalidade do cineasta brasileiro para um mercado mundial.”

Sayegh disse que eles tiveram que trabalhar muito pra chegar onde eles estão agora, e que foi necessário se unir com várias pessoas. “Ninguém faz nada sozinho,” disse Sayegh. Agora ela conta com o apoio dos produtores Marcelo Florião e Luciana Bressani, dona da agencia de atores “Mood” no Brasil. Eles estarão aceitando entradas de filmes e roteiros para o festival a partir de Junho de 2008 e podem ser contatados pelo e-mail info@hbrfest.com. Para maiores informações sobre o Festival, vá no website: www.hbrfest.com

O LABRFF foi fundado por Meire Fernandes e Nazareno Paulo Neto e contou com a participação de atores como Fabio Assunção, Rita Guedes e Daniela Escobar. O LABRFF trouxe grandes filmes brasileiros que se destacaram em 2006, 2007 e 2008 para o Landmark Theater em Westwood. Você pode conferir o website deles www.labrff.com para maiores informações.

Faria diz que Festivais de Cinema Brasileiros criam “esta possibilidade de misturar os temperos há muito já misturados, mas que novamente poderão voltar a ser degustados.” Ele diz, “Não tenho a menor dúvida que filmes brasileiro-americanos ou americano-brasileiros podem dar o maior samba.”

Lapenda também acredita que é muito importante termos festivais de cinema brasileiro nos EUA para promovermos os filmes brasileiros, “Toda a iniciativa privada pra promover a cultura brasileira, o cinema no meu caso, eu apoio, parabenizo e torço pra que dê certo.”

É importante lembrar que acima de tudo somos seres humanos e, para falar da condição humana, podemos falar em qualquer língua, independente da nacionalidade.

 

*Artigo originalmente escrito em 2009.

* Julia Melim é apresentadora, escritora e produtora. A catarinense vive entre as cidades de Los Angeles, Miami, NYC e Las Vegas – www.juliamelim.com 

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