Em uma votação realizada nesta quinta-feira (14), o FCC — Comissão Federal das Comunicações — derrubou as principais regras que garantiam o princípio da Neutralidade da Rede para a internet dos Estados Unidos. A organização pública vai permitir, portanto, que as operadoras discriminem o tráfego de qualquer site ou serviço em suas redes a fim de obter benefícios financeiros.
A neutralidade da rede é o princípio básico que exige que tudo que está online seja tratado igualmente pelos provedores. Em suma, não é possível aumentar ou diminuir a velocidade e sequer restringir o acesso de um usuário a determinado site, aplicativo ou conteúdo. O seu “cano” de acesso à internet não pode escolher plataformas favoritas para seu consumo, como priorizar um buscador que pague algo a mais para a operadora.
O objetivo desse princípio é permitir que a internet continue um ambiente livre de interesses comerciais das grandes empresas de telecomunicações. Porém após a votação de hoje nos EUA, essa relação pode mudar.
Com o fim das regras da neutralidade, a maior operadora de internet fixa no país, a Comcast, pode agora simplesmente bloquear o acesso de seus clientes à Netflix, por exemplo, para que essas pessoas se sintam incentivadas a usar o Hulu, serviço concorrente que é em parte controlado pela Comcast.
As empresas que fornecem acesso à internet eram favoráveis à decisão. Já as companhias que usam a internet para entregar conteúdo eram contrárias, assim como ativistas do mundo digital e acadêmicos que criaram a rede mundial dos computadores.
Na prática, a neutralidade de rede garante ainda, por exemplo, que mensagens enviadas pelo WhatsApp tenham prioridade equivalente aos dados enviados pelo Netflix durante a exibição de um filme. Ou seja, nenhum pacote, seja lá de que serviço for, pode furar a fila.
Além da possibilidade de cobranças de tarifas e velocidades diferenciadas, outra grande questão do fim da neutralidade envolve barreiras contra a inovação. Um serviço como a Netflix, atualmente, conseguiria pagar uma boa quantia para manter usuários de operadoras nas chamadas “vias rápidas” da internet, com velocidade que satisfaça o consumidor. Um serviço novo e sem o mesmo poder, não.
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