Há cerca de três anos, os primeiros casos de Covid-19 nos Estados Unidos causaram medo e confusão pública e, para conter as inúmeras mortes e casos graves, a Califórnia instaurou uma ordem de emergência.
Com o controle da pandemia e o encerramento do estado emergência, no final de fevereiro de 2023, as desigualdades sociais e econômicas podem pôr em risco diversos grupos minoritários. Afinal, agora as agências de saúde pública não servirão mais como o principal fornecedor de cuidados contra a Covid-19.
Em 2020, o estado de emergência canalizou fundos para suprir a demanda de funcionários, instalações e equipamentos para apoiar esforços de emergência. Além disso, recursos foram concentrados para disseminar informações de saúde e segurança pública, fornecer medidas de saúde e segurança e distribuir suprimentos, como remédios, alimentos e, posteriormente, vacinas.
“Depois que o (estado de emergência) terminar, não haverá mais dinheiro substancial dado ao COVID-19”, disse Bernadette Boden-Albala, reitora do programa de saúde pública da UC Irvine, em entrevista para o portal Cal Matters.
“Todas as tentativas de divulgar informações, de vacinar pessoas em comunidades de difícil acesso, ficarão muito mais difíceis e, na melhor das hipóteses, serão forçadas a entrar em outros programas”, disse a reitora.
Minorias são mais frágeis a Covid
No início da pandemia, o vírus foi letal principalmente para trabalhadores rurais latinos; funcionários de fábricas com baixos salários; enfermeiras filipinas; imigrantes indocumentados; comunidades negras e das ilhas do Pacífico; famílias com muitos membros vivendo na mesma casa ou em quartos apertados; além de outros grupos que foram incapazes de trabalhar em casa ou sem acesso adequado a cuidados de saúde.
Das mais de 100 mil mortes por Covid-19 até o momento nos Estados Unidos, os habitantes das ilhas do Pacífico têm a maior taxa de mortalidade, seguidos por afro-americanos e latinos.
Em contrapartida, as taxas de vacinação entre esses grupos continuam bem abaixo da média do estado. Os residentes latinos, por exemplo, estão em 15% abaixo da taxa de vacinação do estado quando se trata de receber as duas primeiras vacinas do Covid-19. As populações nativas americanas e negras ficam para trás em 13% e 10%, respectivamente, enquanto os grupos brancos e asiáticos excedem a média estadual.
Fim dos centros de testagem na Califórnia
Com o fim do estado de emergência, a saúde pública retornará ao seu papel típico de monitorar doenças infecciosas de todos os tipos, investigar surtos, comunicar a importância da vacinação e apoiar os médicos quando necessário – semelhante ao papel que desempenha durante a temporada de gripe.
O estado já fechou todos, exceto seis centros de testes e vacinação. Os últimos locais de teste e tratamento financiados pelo estado fecharão no início de março. Agora, as pessoas precisarão procurar seu médico para atendimento.
Apesar da recomendação em casos de sintomas da Covid-19 ser clara – Procure um médico – muitas pessoas lutam para ter acesso regular aos cuidados de saúde, principalmente aqueles que vivem em áreas rurais do estado, aqueles que não têm seguro e aqueles que não podem arcar com despesas do próprio bolso.
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