pexels gotta be worth it 919192Tudo começou no início dos anos 1970 praticamente em uma pequena área da Christopher Street, no West Village de Nova York. Na época, este era um dos raros bairros onde os homossexuais podiam ir e se encontrar em público. Ainda nesse período, as Paradas do Orgulho LGBTQIA+ também operavam em nível de bairro, muito longe dos estimados quatro milhões de pessoas que compareceram ao evento World Pride, em Nova York, no ano de 2019 – uma dos maiores eventos da comunidade da história.

Mas qual o marco que deu início a este grande movimento em prol de representatividade e direitos respeitados? Ele é conhecido como a Rebelião de Stonewall e foi uma série de manifestações violentas e espontâneas de membros da comunidade LGBTQIA+ contra uma invasão da polícia de Nova York que aconteceu nas primeiras horas da manhã de 28 de junho de 1969, no bar Stonewall Inn, localizado no bairro de Greenwich Village, em Manhattan.

A partir daí, grupos ativistas em Los Angeles e Chicago, que também realizaram as Paradas do Orgulho em 1970, imediatamente fizeram conexões com colegas em Nova York para planejar ações em torno do aniversário do evento. Interessante pontuar que em L.A. o espírito era mais diversão e celebração, enquanto Nova York foi planejada mais como uma grande ação para conectar ativistas, mostrar o orgulho e exigir os direitos das pessoas LGBTQIA+.

Após alguns anos, já em 1980, as Paradas do Orgulho LGBTQIA+ já haviam se espalhado e aconteciam em todo o mundo em cidades como Montreal, Londres, Cidade do México e Sydney. Mas, à medida a década iniciava em tom comemorativo, o evento foi perdendo um pouco da alegria devido à crise da AIDS que assolavam o mundo e matavam muitos homossexuais e acabou se tornando tema central nas ações e manifestações.

pexels fransa 2430945_Já na década de 1990, o movimento viu maior visibilidade da mídia para pessoas LGBTQIA+ na vida pública, o que fez com que mais empresas começassem a participar e até investir nas paradas em todo o mundo.

Embora o aniversário de Stonewall tenha fornecido o momento para eventos anuais do Orgulho LGBTQIA+, em 1999, o presidente Bill Clinton emitiu uma proclamação ordenando que todo mês de junho seria oficialmente considerado o mês do orgulho gay e lésbico nos EUA (o presidente Barack Obama ampliou a definição em 2008 nomeando como o Mês do Orgulho Lésbica, Gay, Bissexual e Transgênero).

No início dos anos 2000, houve uma maior campanha em apoio ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Ao mesmo tempo, alguns ativistas LBGTQIA+ e organizadores comunitários criticavam o movimento de corporatização que o Pride vinha ganhando já que os desfiles passaram a buscar o patrocínio de empresas para ajudar com as demandas financeiras de multidões em rápido crescimento.

Outros questionam se há alguma ação profunda de transformação por trás dos eventos de junho que comemoram o orgulho LGBTQIA+. “O que acontece em julho, quando, por exemplo, nossos idosos homossexuais e transgêneros não têm pra onde ir, crianças são expulsas de suas casas e mulheres trans e cis são assassinadas na rua? É preciso fazer com que o movimento signifique algo 365 dias por ano”, pediu Ellen Broidy, membro da Gay Liberation Front e cofundadora da primeira Marcha do Orgulho Gay em 1970, à revista TIME.

Em termos mundiais, no Reino Unido, por exemplo, o apoio ao U.K. Black Pride, que começou em 2005 como um pequeno encontro organizado por lésbicas negras para se reunir e compartilhar experiências, tem aumentado anualmente. O evento é agora a maior celebração da Europa para pessoas LGBTQIA+ de ascendência africana, asiática, caribenha, do Oriente Médio e da América Latina, e não é afiliado ao Pride in London – que foi criticado no passado por sua falta de diversidade.

Já no Brasil, a Parada do orgulho LGBT de São Paulo acontece na Avenida Paulista, no município de São Paulo, desde 1997. No ano de 2006, foi nomeada a maior parada do orgulho LGBT do mundo pelo Guinness World Records. A parada e seus eventos associados são organizados pela Associação da Parada do Orgulho de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Travestis e Transexuais, desde sua fundação em 1999.

pexels rosemary ketchum 2306779Para outros países, os eventos do Orgulho LGBTQIA+ desempenham uma função semelhante à vista em lugares como Nova York na década de 1970, como uma tábua de salvação vital. Nos últimos anos, comunidades em eSwatini, Trinidad e Tobago e Nepal se organizaram para realizar suas primeiras Paradas do Orgulho LGBT.

Em poucos mais de 50 anos de manifestações contra a homo, trans e bifobia,  e na luta por direitos iguais, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo e leis contra a discriminação, a comunidade vê o público dos eventos crescer anualmente e mostrar que, cada vez mais, o mundo precisa estar preparado para acolher todas as pessoas, afinal todas as vidas importam.

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