Por Lindenberg Junior
A sétima arte pode nunca mais voltar à sua glória pré-pandêmica. O fato é que os mais jovens não têm mais a mesma conexão emocional com as salas de cinema como seus pais e avós tinham. Por outro lado, os mais velhos estão se acostumando a ver diferentes e bons filmes no conforto de casa e em grande disponobilidade, ou seja, catálogo variado. Talvez, o que reste para as salas de cinema são grandes produções de filmes de ação e de super-heróis com orçamentos de milhoes de dolares.
Kevin Goetz, CEO da Screen Engine, com sede em Los Angeles, escreveu um livro, publicado em 30 de novembro (2021), no mínimo interessante, no qual ele conta a história de sua carreira analisando o nicho do cinema e mostrou sua preocupação sobre o futuro das salas de cinema. Em uma entrevista recente para o site Bloomberg, Goetz afirmour que os grandes estúdios de cinema têm apelado a filmes de ação e futurísticos com mega producções para atrair público de volta às telonas.
Por outro lado, vemos a Netflix fazer o que quase todos os grandes estúdios de cinema de Hollywood nunca conseguiram: no início deste mês (dezembro/2021) a gigante do streaming anunciou que no final do mês vai ter lançado um total de 90 filmes no ano de 2021. Com esses números, podemos dizer que a Netflix seria o estúdio mais produtivo de Hollywood.
Os grandes estúdios de cinema lançam tradicionalmente entre 20 e 30 filmes por ano. Na era dos “Comic Books” esse número caiu para entre 10 e 20. Seria importante dizer que a Netflix teve uma certa pressão para produzir muitos filmes para substituir os que outras produtoras não queriam vender ao streaming e com isso ela teve que produzir uma grande quantidade de dramas adultos e comédias românticas – gêneros de filmes que varios estúdios de Hollywood haviam negligenciado.
Especula-se que nos próximos anos isso vai mudar e que a Netflix tentará ser mais seletiva com seus gastos. Ganhar Oscars tem sido uma meta nos últimos anos; focar em mais qualidade do que quantidade também faz parte das metades da empresa. Em 2018 eles contraram Lisa Taback, uma produtora e executiva com especialidade em estrategias com foco Oscar, que se tornou um de seus vice-presidente em tempo integral.
Lisa Taback investiu dezenas de milhões de dólares nos últimos três anos e suas estratégias funcionaram. A Netflix recebeu o maior número de indicações ao Oscar para o prêmio de 2020 e tudo indica que deva receber o maior número de indicações novamente para o prêmio de 2021.
A Netflix busca o Oscar pela mesma razão que busca o Emmy. Esses prêmios validam o produto que se associa à qualidade do talento e que, por sua vez, se associa à quantidade de espectadores – porque isso para eles é o que realmente importa. À medida que fica maior, talvez a maior prioridade não é ganhar prêmios, mas sim ganhar a satisfação dos seus espectadores.
Para terminar, lembro um detalhe à parte. Embora “Red Notice” (“Alerta Vermelho” no Brasil) não esteja nas listas de fim de ano de muitos críticos para o Oscars ou Globo de Ouro nas cerimônias de 2022, a empresa anunciou no comecç de dezembro que o filme foi o mais visto de em todos os tempos em sua plataforma e, claro, vai ser lembrado como “um produto Netflix” e como um dos filmes mais importantes do ano de 2021. “Red Notice” é um bom sinal da evolução nas operações de filme da Netflix e de sua programação – que atinge mais de 213 milhões de clientes – que pode vir a fazer um pouco menos filmes, mas produções maiores.
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