A planta Cannabis, popularmente conhecida como maconha, há algumas décadas tem sido fonte de centenas de estudos que buscam compreender como alguns de seus componentes têm o poder de atuar decisivamente no tratamento e na cura de variadas doenças.
O Canabidiol (CBD) é uma das centenas de substâncias ofertadas pela Cannabis e, dia após dia, aumenta a descoberta dos seus benefícios para a saúde – incluindo a sua possível atuação na prevenção de covid-19.
É válido lembrar que os efeitos do canabidiol são totalmente diferentes do uso recreativo da maconha como, por exemplo, em cigarros. O CDB tem diversas atividades medicinais, é utilizado para diferentes patologias e não tem os efeitos psicomiméticos – que dão alucinações visuais e auditivas.
Hoje sabe-se que o canabidiol está sendo testado no tratamento de pelo menos 20 doenças, o que é um avanço impressionante e uma promessa a milhões de pessoas que sofrem com inúmeras doenças ao redor do mundo.
Fibromialgia, acne, diabetes, endometriose, depressão, epilepsia, esclerose múltipla, autismo, dor crônica, cólicas menstruais, enxaqueca, Alzheimer e Parkinson são apenas algumas das doenças e condições de saúde que o CDB já foi testado ou está em fase de testes e tem obtido resultados extraordinários.
Um dos estudos mais recentes é de fevereiro de 2022 e mostrou que o CBS protege neurônios contra o envelhecimento e, com isso, pode ser a chave para prevenir doenças neurodegenerativas como Parkinson e Alzheimer.
A pesquisa foi publicada na Free Radical Biology and Medicine e pode ser uma esperança que vai levar ao desenvolvimento de novas terapias para tratar estas doenças e outros distúrbios neurodegenerativos.
Quanto à dor crônica, um estudo liderado pela Universidade Harvard (EUA), pesquisadores revisaram 28 ensaios clínicos randomizados. Eles descobriram que, ao utilizar a cannabis, todos os pacientes com dor apresentaram melhorias significativas em seus sintomas. Isso levou os autores a concluírem que o uso da cannabis para a dor crônica é apoiado por evidências de qualidade.
Outro estudo, da Universidade de Michigan, de março de 2016, e publicado no Journal of Painshowed, mostrou que a cannabis melhora a qualidade de vida, reduz o consumo de opiáceos em uma média de 64% e diminui os efeitos colaterais de outros medicamentos.
Para mulheres que sofrem com a endometriose – um distúrbio inflamatório causado pelas células do endométrio (tecido que reveste o útero) que, em vez de serem expelidas durante a menstruação, se movimentam no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a multiplicar-se e a sangrar – as pesquisas com CBD têm se mostrado promissores.
Os estudos surgiram a partir da descoberta de que o sistema endocanabinoide do nosso corpo é essencial para o funcionamento saudável do trato reprodutivo. E desequilíbrios no sistema endocanabinoide estão frequentemente associados a complicações e doenças reprodutivas – incluindo a endometriose.
Enquanto o CBD bloqueia a ativação do receptor GPR18, que pode impedir a migração de células endometriais, também há evidências apontando que o THC causa a migração de células ao ativar esse receptor. Por esse motivo, pode ser aconselhável neutralizar o THC para aliviar a dor com o CBD no tratamento da endometriose. As células endometriais se multiplicam, como o câncer, e também há evidências de que os canabinóides também podem impedir a proliferação dessas células. Os estudos ainda estão em andamento.
A epilepsia é uma das doenças mais conhecidas na qual o canabidiol já é usado para tratar e evitar as crises convulsivas. No Brasil, a primeira vez que a cannabis fez parte de um tratamento e recebeu destaque nacional, foi no caso de uma criança de 5 anos diagnosticada com a síndrome de dravet, uma doença rara que se manifesta como uma epilepsia grave e incapacitante. Ao incorporar a cannabis no tratamento da epilepsia, o CBD, componente presente na planta, conseguiu zerar as convulsões, que chegavam a 80 por semana.
Quando uma pessoa sofre uma convulsão, há uma quantidade excessiva de atividade elétrica no corpo. O canabidiol interage naturalmente com os receptores endocanabinoides do corpo e silencia esse excesso. Trata-se de um mecanismo de ação relativamente único, que não é compartilhado por nenhum dos medicamentos de convulsão existentes no mercado hoje.
São centenas de estudos e testes em andamento no mundo inteiro buscando as formas mais efetivas de usar o canabidiol para tratar e até curar diversas doenças, mas vale lembrar que a utilização do CBD exige acompanhamento médico.
Atualmente, já são encontrados alguns medicamentos produzidos à base de canabidiol e liberados para a comercialização no Brasil e nos Estados Unidos. No entanto, é preciso ter uma solicitação médica para adquirir esses produtos. Assim como qualquer outro remédio, a automedicação pode trazer prejuízos para saúde.
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