A população dos EUA teve o menor aumento desde a década de 1930 crescendo apenas 7,4% entre 2011 e 2020, segundo dados do U.S Census Bureau, divulgados na segunda-feira (26/04). Vamos tentar explicar algumas vantagens e desvantagens desse crescimento populacional mais lento na terra do Tio Sam.
A maior causa da desaceleração da população foi o declínio da taxa de natalidade. Para se ter uma ideia, um adulto teve 17% menos filhos do que na década de 1990 e aproximadamente 50% menos do que na década de 1960. Os EUA ainda têm uma taxa de fertilidade mais alta do que o Japão e a Alemanha, têm uma percentagem similar à Grã-Bretanha e abaixo da França – todos países considerados entre os 10 mais ricos do mundo. A população vivendo nos Estados Unidos também está mais velha e, nessa década, se constatou um aumento da população de 80 anos ou mais.
O segundo fator foi um declínio na imigração legal nos últimos dez anos, e em particular, durante os quatro anos do governo de Donald Trump – a imigração ilegal não parece ter mudado significativamente.
Existem algumas vantagens em um crescimento populacional mais lento. Uma taxa de natalidade mais baixa pode expandir as oportunidades econômicas para as mulheres, especialmente porque os EUA têm programas de creche relativamente frágeis. Historicamente, as taxas de natalidade diminuíram à medida que as sociedades se tornaram mais instruídas e mais ricas.
Níveis mais baixos de imigração também podem ter vantagens. Os grandes ganhos salariais para os trabalhadores americanos durante a metade do século 20 tiveram muitas causas, incluindo fortes sindicatos trabalhistas, aumento da escolaridade e altas taxas de impostos sobre as rendas mais altas. Mas as rígidas restrições à imigração daquele período também tiveram um papel importante.
“A restrição da imigração, ao tornar a mão de obra não qualificada mais escassa, tendia a aumentar os salários”, escreveu o historiador Irving Bernstein em um livro de 1960. Ao NY Times, os economistas Peter Lindert e Jeffrey Williamson disseram que a desigualdade econômica diminuiu mais durante a metade do século 20 em países com crescimento mais lento da força de trabalho.
E entre as grandes desvantagens? No geral, a desaceleração no crescimento populacional é provavelmente um resultado negativo líquido para os Estados Unidos. Por um lado, as pesquisas mostram que muitos americanos querem ter mais filhos do que têm. Mas o crescimento lento da renda e a escassez de boas opções de creches levaram algumas pessoas a decidir que não podem pagar para ter tantos filhos quanto gostariam. O declínio na taxa de natalidade, em outras palavras, é parcialmente um reflexo do fracasso da sociedade americana em sustentar as famílias.
Um segundo problema com o crescimento lento da população envolve questões globais. Os EUA agora enfrentam o desafio mais sério para sua supremacia desde a Guerra Fria – a China. A trajetória futura do crescimento econômico dos dois países ajudará a determinar sua força relativa. E o crescimento populacional, por sua vez, ajuda a determinar o crescimento econômico, especialmente em uma economia avançada. Para ter alguma esperança de acompanhar a China, os EUA provavelmente precisarão de aumentos populacionais maiores do que tiveram na ultima década.
Tendo em vista esses termos, a desaceleração da população é uma ameaça à segurança nacional. “Não conheço precedente para um país dinâmico que basicamente parou de crescer”, escreveu Derek Thompson, do The Atlantic. Já no recente livro de Matthew Yglesias, “One Billion Americans”, ele argumenta que os EUA deveriam aumentar rapidamente a imigração legal para elevar a produção econômica. “A América deve desejar a ser a maior nação do planeta”, escreve Yglesias, autor de um boletim informativo da Substack. Níveis mais altos de imigração também têm um benefício direto: mais milhões de pessoas em todo o mundo que desejam se mudar para os EUA teriam mais chances de fazê-lo.
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