Uma pesquisa brasileira pode transformar os estudos sobre o tratamento e a possível cura da aids no mundo. Na primeira semana de julho (2020), cientistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) relataram ter conseguido eliminar o vírus HIV do organismo de um paciente no Brasil. É o primeiro caso de um soropositivo que entrou em remissão de longo prazo após ser tratado com um coquetel intensificado de vários remédios.
O jovem de 34 anos, diagnosticado com HIV em outubro de 2012, recebeu uma série de medicamentos contra aids durante 48 semanas (11 meses). O tratamento consistiu em uma base de terapia antirretroviral reforçada com outras substâncias antirretrovirais, além de um remédio chamado nicotinamida, conhecido por ser a forma ativa da vitamina B3.
O tratamento intensivo foi então interrompido, e após 57 semanas (13 meses) sem receber o coquetel e fazendo exames regulares, o DNA de HIV nas células do paciente continuou negativo, assim como seu exame de anticorpos de HIV. Ou seja, o vírus não é mais detectado no organismo dele.
De acordo com Ricardo Sobhie Diaz, o infectologista que coordena o estudo na Unifesp, o paciente pode ser considerado livre do vírus. “O significado para mim é que tínhamos um paciente em tratamento e agora ele está controlando o vírus sem tratamento. Não conseguimos mais detectar o vírus [em seu organismo], e ele está perdendo a resposta específica ao vírus – se você não possui anticorpos, então não possui antígenos”, disse à agência de notícias AFP.
O estudo realizado pelos pesquisadores da Unifesp faz parte de uma pesquisa em escala global com pessoas infectadas pelo HIV. Os resultados foram apresentados na 23ª Conferência Internacional de Aids, que ocorre desde o dia 06/07 e se encerra nessa sexta-feira (10) de forma virtual, devido à pandemia de covid-19.
Ele advertiu, no entanto, que quatro outros pacientes foram tratados com o mesmo coquetel, mas não tiveram os mesmos efeitos positivos. “Este resultado muito provavelmente não pode ser reproduzido. Este é um primeiro experimento [preliminar], e eu não faria previsões para além disso”, completou Savarino.
O estudo testou ao todo 30 pacientes, que receberam combinações de medicamentos diferentes, além do tratamento padrão contra o vírus. Nenhum deles apresentou resultados como o paciente de 34 anos. Agora, Ricardo Sobhie Diaz disse ter recebido aprovação para realizar um novo estudo, dessa vez com 60 pacientes, patrocinado por subsídios governamentais do Brasil e pela farmacêutica britânica ViiV Healthcare.
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