Soa como alarmante o que a população pode esperar de um futuro não tão distante caso nada seja feito para conter a crise climática e o aumento da temperatura do planeta junto os danos causados ao meio ambiente, exploração, desmatamento e poluição.
Ondas de calor que provocam mortes, incêndios florestais destruidores, perda de casas, infraestrutura e empregos, secas, inundações, escassez de água, doenças: esses são apenas alguns dos danos que podem ser causados por temperaturas acima de 2° C no planeta, de acordo com o mais novo relatório escrito por 270 cientistas convocados pelas Nações Unidas Programa Ambiental e a Organização Meteorológica Mundial.
O documento, dividido em três capítulos, reflete anos de estudos sobre o meio ambiente e os impactos causados pela ação humana. O primeiro capítulo fala sobre os elementos científicos mais recentes relacionados à mudança climática, e foi publicado em agosto de 2021.
O relatório liberado na segunda-feira (28/02), é a segunda parte, voltada para os impactos da crise do clima, os possíveis caminhos de adaptação e as vulnerabilidades globais. A terceira parte, dedicada às medidas para amenizar esses impactos, será divulgada em abril e, para setembro, uma síntese retomará todos os elementos publicados neste que é a sexta edição do IPCC.
Brasil e países próximos precisam ficar em estado de alerta, pois o documento aponta que as Américas Central e do Sul estão “altamente expostas, vulneráveis e fortemente impactadas pelas mudanças climáticas”. O IPCC listou, inclusive, uma série de problemas que amplificam o problema:
- desigualdade
- pobreza
- crescimento e alta densidade populacional
- mudanças no uso da terra, particularmente o desmatamento com a consequente perda de biodiversidade
- degradação do solo e alta dependência das economias locais dos recursos naturais para a produção de commodities
O relatório também prevê o desaparecimento de 3 a 14% das espécies terrestres e alerta que até 2050 quase um bilhão de pessoas viverão em áreas costeiras sob risco de submersão, seja qual for a taxa de emissões de gases de efeito estufa. O aumento do nível do mar também agrava o impacto de tempestades e inundações costeiras.
Se as águas subirem 75 cm, valor compatível com as projeções em 2100, a população exposta às inundações dobrará. Atualmente, cerca de 900 milhões vivem em áreas abaixo de 10 metros acima do nível do mar.
Há como reverter o que o futuro aguarda ao planeta? Hoje, a questão da adaptação, ou seja, as medidas que podem ser tomadas para limitar ou se preparar para as consequências do aquecimento global, é o tema central do relatório.
Segundo o documento, alguns esforços de desenvolvimento e adaptação reduziram a vulnerabilidade da população e do planeta. Em todos os setores e regiões, observa-se que as pessoas e sistemas mais vulneráveis são afetados desproporcionalmente pela crise climática.
O fato é que a crise do clima é provocada pela ação humana e as consequências do aquecimento global não se limitam ao futuro, pois já são reais agora, no presente.
O IPCC alerta que o mundo não está pronto. O aquecimento está indo mais rápido do que as medidas para reduzir suas consequências. Além disso, “no ritmo atual de planejamento e implementação da adaptação, a lacuna entre o que é necessário e o que está sendo feito continua aumentando”.
Possibilidades como recuperar variedades agrícolas mais resistentes, restaurar manguezais ou plantar árvores nas cidades para criar corredores de ar puro podem ser exploradas, mas não há garantias de que funcionem.
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