Arnaldo Dias Baptista, cantor e compositor brasileiro fundador do icônico grupo musical Os Mutantes, aos 75 anos, presenteia o público com “Ficções Completas”, uma jornada literária através da ficção científica dos anos 1970. Na edição, lançada pelo selo Grafatório, Baptista reúne pela primeira vez todos os seus escritos, incluindo os contos inéditos “O Abrigo” e “The Moonshiners”, além da novela “Rebelde entre os Rebeldes”, originalmente publicada em 2008 pela Rocco.
Ao apresentar suas “Ficções Completas”, Arnaldo Baptista expressa o desejo de “alcançar o maior número possível de almas” para esses textos que foram concebidos durante uma época marcada por glórias e dissabores, incluindo a saída de Rita do grupo, o fim do casamento e sua própria partida.
As narrativas revelam um universo vasto e intrigante, explorando temas como alienígenas, naves espaciais, filosofia, misticismo, motocicletas e até mesmo um supercomputador.
Para os críticos André Araújo e Fernando Silva e Silva, que assinam o texto crítico no volume, as histórias proporcionam a Arnaldo a oportunidade de ensaiar “uma reflexão instigante sobre as possibilidades e os impasses da criação de mundos”, transcendendo suas inovações musicais.
Em entrevista para o jornal O GLOBO, o autor destaca as dificuldades de suas projeções futurísticas na sociedade atual: “A maior parte do pessoal aqui do Brasil é careta e religiosa”, contrastando com as visões de um mundo mais tecnologicamente avançado e ecologicamente consciente presentes em seus contos e novela.
“Rebelde entre os Rebeldes” é enriquecida por personagens baseados em figuras da vida de Arnaldo na época, com destaque para a heroína Meg, descrita como “uma musa que me veio à cabeça”.
Além dos textos, “Ficções Completas” é adornado por ilustrações notáveis, criadas por inteligência artificial e creditadas ao supercomputador Horácio. Segundo Arnaldo, ainda em entrevista, as artes “estão além de qualquer pensamento meu e são tão bonitas e exatas que ajudam a compreender melhor o enredo”, relata.
Em sua residência em Minas Gerais, o artista leva uma vida simples e dedicada à pintura de quadros. Em meio a dificuldades financeiras, ele até concordou com a rifa de um de seus casacos emblemáticos, mas surpreendentemente o ganhador o devolveu em troca de quadros pintados pelo próprio Arnaldo.
Enquanto lançava suas “Ficções Completas”, Arnaldo Baptista continua imerso na produção de um álbum de inéditas. Sem data prevista de lançamento, o álbum “Esphera” promete uma experiência sonora única, apresentando a ideia inovadora do “som espherophônico”.
Arnaldo compartilha sua empolgação com a atenção em torno do livro e revela sua falta de palco. “Mas para eu conseguir tocar tem que ser com amplificador valvulado. Só que até conseguir provar isso (que precisa desse tipo de equipamento), fico em casa”, conclui o cantor e autor.
Enquanto aguarda a oportunidade de voltar aos palcos, ele se dedica plenamente à produção de suas obras, seja na literatura ou na música, deixando seu legado artístico para as gerações presentes e futuras.
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