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Religião evangélica apresenta crescente adesão entre as gerações mais jovens

O Brasil passa por uma transformação religiosa que reflete mudanças profundas no perfil de sua população. Dados divulgados nesta sexta-feira [6 de junho de 2025] pelo IBGE a partir do Censo Demográfico de 2022 revelam que o país vive um crescimento no número de evangélicos, enquanto o catolicismo, tradicionalmente a maior religião do país, perde espaço. Ao mesmo tempo, um número crescente de brasileiros se declara sem religião. Essas tendências demonstram um país cada vez mais plural em termos de fé.

  • Crescimento dos Evangélicos

O número de evangélicos no Brasil alcançou o maior índice já registrado: 26,9% da população, um crescimento de 5,2 pontos percentuais desde o último Censo, realizado em 2010, quando o percentual era de 21,6%. Em termos absolutos, a população evangélica saltou de 35 milhões para 47,4 milhões. No entanto, o mais notável é a prevalência crescente dos evangélicos entre os mais jovens. Entre os brasileiros de 10 a 14 anos, 31,6% se identificam como evangélicos, e a faixa etária de 15 a 19 anos apresenta 28,9% de adesão a essa religião.

A região Norte do Brasil apresenta a maior concentração de evangélicos, com 36,8% da população se declarando parte desse grupo religioso. Entre os estados, o Acre se destaca, com 44,4% de sua população se identificando como evangélica. O Piauí, por sua vez, apresenta a menor taxa, com 15,6%.

  • Catolicismo em Queda

O catolicismo, por sua vez, continua sendo a religião com maior número de adeptos, mas seu percentual vem caindo. Em 2010, 65,1% da população se declarava católica; em 2022, esse número recuou para 56,7%. Esse declínio é ainda mais visível quando se analisa a mudança no número absoluto de católicos: enquanto em 2010 havia 105,4 milhões de católicos, em 2022 o número caiu para 100,2 milhões.

Apesar dessa queda, o catolicismo ainda é predominante em todas as regiões do país, com maior concentração no Nordeste, onde 63,9% da população se declara católica, seguido pelo Sul (62,4%). O perfil dos católicos também está mais envelhecido, com a maior parte da população católica acima dos 60 anos. 

censo22 religiao DISTRIBUICAOA religião, portanto, enfrenta desafios relacionados à sua renovação e à adesão entre as gerações mais jovens, ao passo que os evangélicos, com um perfil mais jovem, parecem ocupar o vácuo deixado pela queda de adeptos do catolicismo.

  • A Expansão do “Sem Religião”

Outro fenômeno que merece atenção é o aumento da população que se declara sem religião. De 7,9% em 2010, esse percentual subiu para 9,3% em 2022. Em termos absolutos, isso representa 16,4 milhões de pessoas, sendo a maioria delas homens (56,2%). 

A Região Sudeste concentra a maior parte dessa população, com 10,5% de sua população se declarando sem religião. A maior proporção de pessoas sem religião foi registrada em Roraima e Rio de Janeiro, ambos com 16,9% de sua população nessa categoria. 

  • Candomblé, Umbanda e Espiritismo

O Censo 2022 também aponta o crescimento de outras religiões, como o Candomblé e a Umbanda. O número de adeptos dessas tradições religiosas triplicou, passando de 0,3% da população em 2010 para 1,0% em 2022. Esse crescimento reflete, em parte, uma maior visibilidade e aceitação dessas religiões, que são características de uma parcela significativa da população brasileira, especialmente nas regiões Sudeste e Sul.

Por outro lado, o espiritismo experimentou uma leve queda, com sua representatividade caindo de 2,2% para 1,8%. O número de espíritas, embora menor, ainda revela a importância dessa tradição para uma parte da população, especialmente no Sudeste, onde se concentra a maior parte dos adeptos.

  • Perfil Demográfico das Religiões
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60% da população que se identifica como branca no Brasil também se identificam como católicos

Os dados do Censo 2022 também revelam o perfil demográfico das diferentes religiões no Brasil, proporcionando uma visão mais detalhada sobre como as crenças estão distribuídas por faixas etárias, cor e raça. Por exemplo, enquanto 60,2% dos brancos se identificam como católicos, apenas 23,5% são evangélicos, refletindo a predominância do catolicismo entre a população branca. Já entre os indígenas, 32,2% se identificam como evangélicos, evidenciando uma forte adesão à religião nas comunidades indígenas.

Além disso, o Censo também revelou dados sobre os níveis de educação entre os diferentes grupos religiosos. Os espíritas, por exemplo, têm os menores percentuais de analfabetismo, com apenas 1% das pessoas praticantes de 15 anos ou mais apresentando essa condição. Em contraste, as pessoas de tradições religiosas indígenas têm a maior taxa de analfabetismo, com 24,6%, refletindo as dificuldades educacionais enfrentadas por essas comunidades.

“No caso dos católicos, esse resultado relaciona-se ao já mencionado perfil etário mais envelhecido desse grupo. No caso das tradições indígenas, essa taxa de analfabetismo superior é esperada, considerando que 74,5% desse grupo é de pessoas de cor ou raça indígena, que, como um todo, já apresenta taxa de analfabetismo mais elevada”, explica o Bruno Mandelli Perez, analista da pesquisa do IBGE. 

O Brasil não é mais o mesmo. As transformações religiosas representam apenas uma parte de um quadro mais amplo de mudanças que abrangem a escolha das crenças, ideais e hábitos da população. Assim, esse é momento para afirmarmos que o respeito à diversidade religiosa é cada vez mais essencial para a construção de uma sociedade inclusiva e aberta.