Norte-americanos são segundo maior público de visitantes no Brasil
A reintrodução da exigência de vistos para turistas provenientes da Austrália, Canadá e Estados Unidos entrará em vigor em 10 de abril de 2025. Esta medida, que havia sido inicialmente planejada para abril de 2024, foi postergada pelo governo federal, mas agora está a menos de dois meses de sua implementação.
Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), essa decisão vai na contramão das estratégias para fortalecer o turismo brasileiro e pode impactar negativamente a competitividade do setor em relação a outros países da América do Sul. A entidade se manifesta contra a medida, destacando a necessidade de uma orientação clara por parte do governo para minimizar impactos no setor turístico e no ambiente de negócios.
A FecomercioSP destaca que a maioria dos países sul-americanos adota uma política de isenção de vistos para viajantes da Austrália, Canadá e EUA, permitindo estadias entre 90 e 180 dias. O Chile é a única exceção na relação com a Austrália.
“Os negócios são afetados diretamente pela obrigatoriedade do visto, já que a facilidade de entrada é um fator determinante para a realização de eventos e feiras internacionais. Com essa burocracia, a atratividade nacional será reduzida como destino para esses eventos — especialmente em comparação com países como a Colômbia, que oferecem incentivos adicionais”, disse em comunicado.
O custo da obtenção do visto também pode influenciar na escolha dos turistas. Estima-se que o valor da taxa será de aproximadamente US$ 80 por pessoa. Para uma família de quatro pessoas, o custo total ultrapassaria US$ 300, montante que poderia ser utilizado em hospedagens ou outras despesas em destinos concorrentes que não exigem visto.
Preocupação com a falta de comunicação do governo
A FecomercioSP também alerta sobre a falta de clareza nas diretrizes governamentais, o que pode gerar transtornos tanto para os turistas quanto para os agentes do setor. Isso é especialmente preocupante em regiões fronteiriças, como Foz do Iguaçu, onde visitantes estrangeiros poderiam ser impedidos de atravessar a fronteira para o lado brasileiro sem o visto necessário, afetando o comércio e os serviços locais.
“A exigência da autorização pode afetar diretamente o setor em regiões fronteiriças. Os turistas que visitam as Cataratas do Iguaçu, por exemplo, poderão ser impedidos de cruzar a fronteira para o lado brasileiro se não tiverem o visto necessário, o que representa uma perda potencial de visitantes e de receita para o comércio e os serviços locais!, disse
Retrospectiva da volta da exigência de visto
A volta da exigência de visto para turistas americanos e de outros países foi anunciada pelo governo brasileiro primeiro em 8 de março de 2023. Além dos Estados Unidos, a medida também abrangia visitantes da Austrália, Japão e Canadá. O visto voltou a ser exigido a partir de 1º de outubro de 2023.
O Itamaraty justificou a decisão com base no princípio da reciprocidade, uma vez que esses países também exigem vistos de brasileiros. Além disso, o governo apontou que, desde a suspensão da exigência em 2019, não houve aumento significativo no número de turistas norte-americanos no Brasil. Em 2019, o país recebeu 439 mil turistas dos EUA, enquanto em 2022 esse número caiu para 355 mil.
Empresas e associações ligadas ao turismo criticaram a medida, alertando que políticas de vistos são um obstáculo ao crescimento do setor. De janeiro a maio de 2024, os Estados Unidos foram o segundo maior emissor de turistas para o Brasil, com 298.021. Em contrapartida, em 2024 aproximadamente 1,9 milhão de brasileiros visitaram os Estados Unidos, mantendo o Brasil como o quarto maior emissor de visitantes internacionais.
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