A pandemia causou graves problemas de orçamento para as universidades e faculdades norte-americanas. Mas os problemas financeiros são muito maiores do que o coronavírus para essas instituições. Eles vêm se alastrando há vários anos e são o resultado de um colapso no confuso sistema de pagamento do ensino superior nos EUA e da forma de receber fundos por parte das instituições de ensino.
O sistema atual surgiu após a Segunda Guerra Mundial e depende de três fontes de dinheiro: os estudantes (e seus pais), o governo federal e os governos estaduais. Destes, os governos estaduais fornecem a maior parte do dinheiro. É por isso que muitos americanos ou residentes legais frequentam algo conhecido como “Community College” – que são subsidiados na maior parte por estados.
Com o passar do tempo, as autoridades estaduais chegaram a uma conclusão: se cortassem seus orçamentos para o ensino superior, essas instituições poderiam compensar o déficit aumentando as mensalidades. Muitos outros programas financiados pelos estados, como saúde, rodovias, sistema prisional e educação K-12 não têm essa alternativa.
Em todas as crises econômicas nos EUA desde a década de 1980, os estados cortaram desproporcionalmente os orçamentos de faculdades e universidades. E, desde 2008, os estados reduziram os gastos por aluno ajustados pela inflação em 13%, de acordo com o Center on Budget and Policy Priorities.
Esses cortes no orçamento deixaram a maioria destas instituições, que são em maior parte subsidiados pelos estados – como as UC’s na Califórnia, lutando por recursos, mesmo que as instituições de elite, tanto privadas quanto públicas, possam arrecadar receitas substanciais com as mensalidades e doações de ex-alunos (alummi).
Não é de surpreender que a desigualdade no ensino superior tenha crescido. Muitos alunos pobres e de classe média que se destacam no ensino médio frequentam faculdades e universidades com recursos inadequados e baixas taxas de graduação – o que gera dívidas estudantis, mas sem diploma.
E pesquisas mostram repetidamente que um curso superior nos Estados Unidos é de fundamental importância: os graduados têm mais probabilidade do que os não-graduados de serem empregados, de ganhar bons salários, de serem felizes e de viver uma vida mais longa.
É improvável que o declínio no apoio dos estados para o ensino superior se reverta, e que a maioria das famílias de classe média e baixa não possa pagar as mensalidades que vem aumentando rapidamente. Isso deixa uma questão no ar e que vez por outra vem à tona em discussão nos Estados Unidos: será que a educação universitária se tornará cada vez mais um bem de luxo?
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