Por Vladimir Bellemo
Muito se fala na mídia a respeito dos preços dos imóveis nos Estados Unidos. O problema está justamente aí: fala-se dos EUA como um todo e este não é um assunto para ser generalizado. Os preços dos imóveis variam muito e vão além dos limites de uma cidade, um condado ou estado. Adicione o fato de que, querendo ou não, as fontes de notícias são parciais, tanto aos democratas quanto aos republicanos, e, literalmente, essas mesmas fontes de informação se tornam menos confiáveis sem uma análise mais profunda.
Quando eu estava escrevendo esse artigo (Julho de 2012) vi uma manchete no site da CNN que anunciava com todos os trombones e fanfarra que os preços dos imóveis subiram pela primeira vez em cinco anos. Um leitor do site, digamos “Leitor A”, por motivos subjetivos, somente passa os olhos pela notícia e continua procurando por outras manchetes que lhe chamem a atenção, mas, no seu subconsciente já ficou gravada a informação que os preços de casas estão subindo.
Já o “Leitor B” clica no link e fica sabendo que a firma Zillow declara que, de acordo com suas pesquisas, os preços estão subindo e que este mês ficou registrado o primeiro aumento “anual” desde 2007. Mas, prestando mais atenção ao artigo, notamos que o aumento foi de 0,2% e que foi baseado em uma pesquisa nacional.
Além disso, a Zillow não inclui vendas de casas retomadas pelos bancos e, se você acompanhou pelo menos um pouco a realidade da economia nos EUA entre 2007 e 2012, você já sabe que “foreclosures” (como dizemos em inglês) são uma grande parte do inventário de propriedades no mercado nacional Americano.
Portanto, qual o intuito de tal manchete com tão maravilhosa notícia – e que todos nós estávamos tão ansiosos por receber? O mesmo de sempre: vender esperanças. Deixar o público saber que uma pesquisa “nacional” foi feita por uma empresa conceituada e conhecida por Zillow. Mas a empresa se baseia apenas em informações básicas providas por bancos de dados e informações mais detalhadas e específicas não são computadas.
O resultado final no ano de 2012 foi um avanço de 0,2% sem se considerar a enxurrada de casas retomadas pelos bancos. A meu ver, uma tentativa medíocre de passar a manteiga no pão e esperar que você goste do produto final.
O meu conselho para aqueles que têm interesse em saber o estado real da economia de um país seria procurar por fontes diversas de informação. No caso do ramo imobiliário, consulte alguns profissionais do ramo que tenham conhecimento da área geográfica específica da propriedade em questão. Para ilustrar, um distrito escolar “Blue Ribbon” pode influenciar positivamente nos preços de casas de um lado de uma rua (dentro da área do distrito escolar), mas não do outro lado da mesma rua. Já a proximidade de uma casa a um complexo de apartamentos tem uma influência negativa, assim como torres de transmissão de eletricidade passando por um quintal.
Um corretor de imóveis com experiência pode produzir um CMA (Comparable Market Analysis) e lhe oferecer opiniões mais concretas sobre o mercado de imóveis em uma determinada zona. Por último, gostaria de lembrar que investimentos no ramo imobiliário devem ser vistos como investimentos de longo prazo. Com os atuais preços abaixo do mercado, existem ótimas oportunidades para aqueles com histórico razoável de crédito, algum dinheiro em mãos e “cash flow” para um bom retorno do investimento em médio prazo.
* Vladimir Bellemo é um experiente corretor de imóveis com atuação em Orange County, na Califórnia, e especialista em “Short Sales” e “Foreclosure” – www.bellemo.com
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