Por Laís Oliveira
Pela primeira vez na história, os Estados Unidos superaram a marca de 100 mil casos de overdose de drogas em apenas um ano, de acordo com dados divulgados pelo CDC. – Centro de Controle e Prevenção de Doenças. As mortes por overdose superaram as de acidentes de aviação e incidentes com armas de fogo.
Dentre as razões para o número alarmante estão a falta de acesso a tratamento de doenças, especialmente as psíquicas, e aos problemas de saúde mental causados pela pandemia, como depressão e ansiedade. O acesso facilitado a novas drogas nas ruas — que são mais potentes e mais letais – também entrou como uma das razões diretas para o aumento de casos.
No total, 100.306 pessoas morreram nos EUA por overdose entre abril de 2020 e abril de 2021, o que corresponde a um aumento de quase 30% face ao período homólogo anterior (78.056 mortes). Comparando com os dados de 2015, é mais do dobro.
A idade das vítimas também assusta: a maioria tinha entre 22 e 54 anos (cerca de 70%) e morreu por overdose de opioides sintéticos. Essas substâncias, de acordo com o CDC, foram as que mais contribuíram para o aumento das mortes – sobretudo o fentanil. Essa droga é 100 vezes mais potente do que a morfina e por isso muitas vezes é adicionada a outras drogas ilegais para aumentar a potência.
Nesse mesmo período de um ano, as mortes por overdose de substâncias ilícitas como cocaína, metanfetaminas, opioides naturais e semissintéticos, como os analgésicos, também aumentaram.
O uso de analgésicos, facilmente prescritos por médicos para tratar diversos tipos de dores, é muito comum nos EUA – entre pessoas de todas as idades, inclusive. Muitas não têm intenção de usar de forma exagerada ou viciante, mas quando percebem, já estão em um ciclo de vício há um bom tempo e do qual não conseguem sair sozinhas.
O governo americano, em resposta aos dados liberados pelo CDC, anunciou que vai afrouxar o acesso a medicamentos que revertem os efeitos dos opioides, como a naloxona, fazendo pressão junto aos Estados para que aprovem leis que tornem estes fármacos mais acessíveis.
O plano de recuperação de Biden prevê cerca de 1,5 milhões de dólares para a prevenção e o tratamento de problemas relacionados à dependência de substâncias e 30 milhões de dólares para financiar projetos locais dirigidos a pessoas com problemas de adição, incluindo programas de troca de seringas.
Atualmente já são utilizados fundos federais na compra de testes rápidos de detecção de fentanil para que as pessoas saibam exatamente que droga estão consumindo. Porém muitos especialistas acreditam que essa resposta do governo Biden é insuficiente dada a dimensão do problema.
Muitos afirmam que são necessários mais fundos para garantir um acesso universal ao tratamento e para criar mais centros de tratamento para recuperar pessoas viciadas nos mais variados tipos de drogas.
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