Os cuidados com a pele do rosto e a preocupação de envelhecer bem tem sido uma grande tendência. Por isso, muitas pessoas têm recorrido a procedimentos estéticos, como a aplicação de botox. Mas já parou para pensar na origem dos produtos que são injetados em seu corpo durante esses procedimentos?
A disseminação de produtos falsificados de Botox nos Estados Unidos – e, inclusive no Brasil – está gerando uma preocupação crescente entre autoridades de saúde pública e profissionais médicos. Afinal, onde há muita demanda do público, principalmente em produtos ou serviços um pouco mais caros, sempre vemos casos de falcatruas. Recentemente, relatos de reações adversas surgiram em vários estados americanos.
Popularmente conhecida como botox, a aplicação da toxina botulínica é frequentemente confundida com o preenchimento facial com ácido hialurônico. A principal diferença entre o preenchimento e o botox é o mecanismo de ação. O ácido hialurônico preenche e hidrata a pele, enquanto o botox paralisa temporariamente os músculos para suavizar as rugas.
No dia 18 de abril, 22 casos de reações adversas de botox foram registrados em estados como Califórnia, Colorado, Flórida, Illinois, Kentucky, Nebraska, Nova Jersey, Nova York, Tennessee, Texas e Washington. Todas as vítimas, mulheres com idades entre 25 e 59 anos, experienciaram sintomas alarmantes após a administração de uma versão falsificada de Botox, incluindo visão turva ou dupla, dificuldade para engolir, boca seca, entre outros.
Esses sintomas assemelham-se aos observados em casos de botulismo, uma condição séria causada por uma toxina que afeta os nervos do corpo e pode levar a complicações graves. Como resultado, onze indivíduos afetados necessitaram de hospitalização, e seis receberam tratamento com antitoxina botulínica devido à preocupação de que a toxina falsificada possa ter se espalhado para outras áreas além do local de injeção.
A gravidade desse problema foi ressaltada por Scot Bradley Glasberg, Presidente da The Plastic Surgery Foundation, que aponta para a falta de regulamentação e supervisão dos produtos de baixo custo provenientes do mercado ilegal. Além disso, a administração desses produtos por pessoas não licenciadas ou não treinadas agrava ainda mais os riscos para a saúde dos pacientes.
“Todo mundo pensa que o Botox é este procedimento fácil, mas tudo tem seus riscos. Você não deve apenas ir para qualquer pessoa que veja um anúncio online”, diz ele.
Ele acrescenta que ofertas que parecem boas demais para serem verdadeiras, podem realmente ser. “Se você quer economizar um pouco de dinheiro no seu carro, ou algo assim, tudo bem. Mas esta é sua vida, este é seu corpo. Não é uma área para tentar economizar muito dinheiro”, aponta o especialista.
Mesmo quando administrado por profissionais qualificados e com o medicamento adequado, as injeções de Botox ainda apresentam riscos. Erros na aplicação podem resultar em complicações graves, incluindo a paralisia de músculos se a injeção for realizada no local errado.
Alto custo dos produtos farmacêuticos
Com o aumento dos custos dos medicamentos, é compreensível a busca por alternativas mais acessíveis. No entanto, adquirir produtos de fontes não confiáveis pode acarretar sérios riscos à saúde. Portanto, é crucial tratar a aplicação de Botox com a mesma seriedade que qualquer outro procedimento médico e garantir que se esteja trabalhando com um provedor confiável e um produto aprovado pela FDA.
As recomendações dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) são claras: verifique se o provedor é licenciado e treinado para administrar a injeção e se o produto foi aprovado pela FDA e obtido de uma fonte confiável. A Academia Americana de Dermatologia oferece uma ferramenta de busca para ajudar os pacientes a encontrarem um provedor certificado próximo a eles.
Botox Falso no Brasil
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) chegou a emitir um alerta em 2023 após descobrir lotes falsificados de toxina botulínica. Os casos identificados envolvem os medicamentos Botox® 100U (lote C7654C3F) e Dysport® 300U (lote L25049), nos quais foram observadas diferenças significativas na rotulagem, bula e embalagem em relação aos produtos originais.
Apesar de possuir um lote válido, os produtos falsificados se distinguiam por não conter um selo na embalagem e apresentarem diferenças na coloração do rótulo e no tipo de fonte utilizada. A orientação primordial da agência foi de que tanto profissionais de saúde quanto pacientes relatem qualquer identificação de produtos falsificados, reforçando a necessidade de notificação imediata à Anvisa.
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