Por Laís Oliveira
O nariz começa a escorrer, a cabeça dói e a garganta incomoda. A dúvida surge: estou com crise alérgica, resfriado ou covid-19? Quem identifica os sintomas se vê logo preocupado e sem saber, muitas vezes, se vai logo fazer um teste de covid-19, se toma um antialérgico ou antigripal, ou se busca ajuda médica.
A covid-19, principalmente no começo da infecção, facilmente se confunde com esses problemas de saúde já bem conhecidos por todos nós e, com a variante Delta em ação, a indefinição tende a ser ainda maior.
Inicialmente identificada na Índia e hoje presente em todos os continentes, a cepa Delta do coronavírus mudou o perfil dos sintomas de parte dos pacientes, assim relatam profissionais de saúde do Reino Unido e dos Estados Unidos, entre outros locais. Às observações deles se somam as de médicos do Brasil, onde a proporção de casos provocados pela Delta tem crescido nos levantamentos.
Nos EUA, por exemplo, a Delta é hoje responsável por 83% dos casos de covid-19. Com menos da metade da população do país totalmente vacinada, há condições para o vírus Sars-CoV-2 continuar a evoluir e a se espalhar rapidamente.
A confusão a respeito dos sintomas é o que mais preocupa quem se vê doente. No Reino Unido, onde foi registrado que a variante delta foi dominante no mês de junho, os sintomas mais comumente relatados foram dor de cabeça, dor de garganta e coriza. Tim Spector, epidemiologista da universidade King’s College London, explicou à BBC News que os jovens infectados com a Delta podem sentir “como se tivessem um forte resfriado”.
De acordo com o pesquisador, sintomas clássicos da covid-19, já conhecidos no início da pandemia, estão se mostrando menos comuns com a variante delta, como perda do olfato e paladar, tosse e febre, de acordo com dados registrados por pacientes em um aplicativo desenvolvido por sua equipe. A febre ainda existe, mas a perda do olfato não está mais entre os dez principais sintomas, acrescenta ele.
A respeito de quem foi vacinado e contrai o coronavírus, em especial a nova variante Delta, os sintomas parecem variar dependendo se a pessoa foi parcial ou totalmente vacinada — ou não foi imunizada de nenhuma forma.
Como distinguir então os sintomas? De acordo com o médico infectologista de São Paulo, Gustavo Henrique Johanson, as diferenças começam a surgir a partir do terceiro dia de sintomas. Nos primeiros dias da doença é praticamente indistinguível. Mas a gripe dura dois dias para grande maioria das pessoas, três quando muito. Já quando o quadro é de covid-19, o paciente pode ficar com febre 10, 12, 14 dias. Se a pessoa não melhora em dois dias, continua com dor de garganta, febre, com pouco apetite, coriza r dor no corpo, clinicamente falando, a probabilidade de ser covid-19 ganha mais força.
O teste de covid-19 ainda é a única forma de descartar a infecção. Em caso de teste positivo, o isolamento durante 15 dias ainda é indicado, bem como o teste sorológico, após o período de isolamento, para saber se ainda há transmissão e se já pode voltar à rotina normal.
Muito se questiona se será necessário uma terceira dose de reforço devido à chegada da variante Delta e o aumento dos casos em diversos países, porém estudos indicam que a vacinação como está gera uma resposta imunológica duradoura, com proteção estimada em meses e até anos.
Mas diante de variantes mais contagiosas como a Delta, cientistas afirmam que mais pesquisas são necessárias para responder à possibilidade de uma vacinação de reforço.
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