Por Laís Oliveira

alex brito

Alex Brito, conhecido como “Bota Pó” ou “Botinha”

Diferentemente de dez anos atrás, grandes sucessos que viralizam e chegam à televisão hoje saem das redes sociais. As mais conhecidas por estrear “digital influencers” ou influenciadores são o Instagram e o TikTok. Com um smartphone, criatividade e perseverança, eles vencem preconceitos, fazem rir, conquistam milhões de pessoas e mostram que o sucesso pode ser feito com muito pouco.

O palco que antes pertencia a um perfil de humor padrão: homem branco, heterossexual e com piadas e brincadeiras muitas vezes machistas e ultrapassadas, hoje acolhe e dá espaço a pessoas com deficiência, homossexuais, pessoas vinda de favelas, do interior do Brasil, e muito mais. As mais variadas minorias têm ganhado seu espaço na internet e no mundo offline e esse fenômeno é incrível.

Esse é o caso de Alex Brito, um adolescente de 16 anos, homossexual, também conhecido nas redes sociais como “Bota Pó” ou “Botinha”. Ele é natural da pequena cidade de Bacabal, Maranhão, nordeste brasileiro, e hoje já possui mais de 250 mil seguidores no Instagram.

O menino começou a fazer sucesso no Instagram como blogueira, mas desconhecida. Sempre compartilhando os looks que usa, suas maquiagens e “montações”, tem feito sucesso e, em pouco tempo, chamou atenção de grandes nomes como o da influenciadora e apresentadora Thaynara OG e da cantora Pabllo Vittar.

E de onde surgiu o nome “Bota pó”? Alex já revelou em suas redes sociais que seu apelido começou devido ao fato de ele utilizar muito pós em suas maquiagens, provavelmente para chamar a atenção mesmo. O nome viralizou devido ao bullying que o garoto sofreu no início.

bota po 2Alex já teve pelo menos cinco contas derrubadas por denúncias de perfis homofóbicos que chegavam a fazer ameaças contra ele. Com tantos perfis denunciados e excluídos, o Instagram não aceitava mais seu nome verdadeiro e ficou o “Bota pó”.

Mas o jovem enfrenta a homofobia e vence diariamente as mensagens de ódio que recebe com muito bom humor e perseverança. Nos vídeos que grava para o Instagram, Alex aparece com a avó, Valda, e outros familiares, além de diversos amigos de sua cidade. Ninguém se incomoda com as roupas por vezes extravagantes ou o jeito afeminado de ser do adolescente. Esse respeito e carinho o faz continuar e ganhar fãs diariamente em suas redes sociais.

Também fazendo parte de uma minoria que tem ganhado espaço com vídeos bem humorados, surgiu a influencer Lorrane Silva, mais conhecida como “Pequena Lo”. Com quase 4 milhões de seguidores no Instagram e quase 5 milhões no TikTok, a jovem de Araxá, Minas Gerais, faz sucesso nas rede sociais desde 2015 e ganha mais fãs diariamente.

Pequena lo

Lorrane Silva, a Pequena Lo

Lorrane possui apenas 1,30 de altura e nasceu com membros curtos devido a uma síndrome que até hoje não foi identificada, mas que está associada com a displasia óssea. Há seis anos, a influenciadora produz conteúdo para pessoas portadoras de deficiência, mas foi em 2020 que a Pequena Lo realmente ficou famosa por abranger seu humor e abraçar os mais diversos tipos de público.

O sucesso tem sido tanto que a digital influencer já foi para programas de TV, participou de clipes de artistas famosos e hoje faz publicidade para diversas marcas. Ela prova diariamente que o humor pode e deve ser inclusivo.

Negro e vindo da favela da Maré, no Rio de Janeiro, Raphael Vicente, de 20 anos, é outro nome que estourou no TikTok e no Instagram há pouco mais de um ano. O criador de conteúdo aproveitou a convivência com a família durante o período do isolamento para criar vídeos de humor cotidiano onde todos os membros participam.

raphael vicente

Raphael Vicente

O sucesso veio rapidamente com os compartilhamentos e hoje o influencer já tem mais de 250 mil seguidores no Instagram e quase 2 milhões no TikTok. Além de humorista nas redes sociais, Raphael é responsável pelo grupo Dance Maré, que surgiu em 2019. Com o projeto, o jovem pretende mudar a visão pública de que a favela “só tem violência”.

Ele já foi estagiário de banco e fez jobs com fotografia, mas ficou sem emprego durante três anos. Com a chegada da pandemia e do isolamento social, Raphael aproveitou o tédio para desenvolver sua veia humorística e em pouco tempo ganhou dezenas de milhares de seguidores. Ele é outra prova que com pouco dinheiro, mas com humor, inteligência e perseverança é possível alcançar o sucesso.

O Instagram e o TikTok são canais perfeitos para quem tem muito pouco, ou quase nada, e quer criar conteúdo dos mais diversos tipos e ganhar o mundo. A pandemia revelou dezenas desses sucessos no Brasil e a tendência é que outros ganhem espaço.

Identificação, leveza, humor simples, que cativa e acolhe. Cada dia mais, influencers e produtores de conteúdo acumulam milhões de seguidores apostando no humor cotidiano e mostrando que não importa a que minoria pertence, o sorriso é capaz de engajar e conectar os mais diversos públicos.

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