Um em cada dez voos nos EUA foi cancelado, o quarto pior índice em dois anos

Um em cada dez voos nos EUA foi cancelado, o quarto pior índice em dois anos

A paralisação do governo dos Estados Unidos, iniciada em 1º de outubro de 2025, continua a afetar gravemente o setor aéreo do país, mesmo após o avanço no Senado para encerrar o impasse orçamentário — agora sob análise na Câmara dos Representantes, antes de seguir para a assinatura do presidente Donald Trump. Milhares de controladores de tráfego aéreo e agentes da TSA seguem trabalhando sem remuneração, o que tem provocado uma onda de atrasos e cancelamentos de voos.

Diante do cenário, o secretário de Transportes, Sean Duffy, determinou que 40 dos principais aeroportos norte-americanos reduzam em 10% o número de voos programados, e especialistas avaliam que a normalização do setor deve levar alguns dias mesmo após o fim do shutdown.

“Algumas partes do espaço aéreo podem precisar ser fechadas”, afirmou Duffy, destacando a escassez de controladores de tráfego aéreo e de outros funcionários da Administração Federal de Aviação (FAA), que têm enfrentado dificuldades devido à falta de pagamentos. O impacto dessa situação é significativo: se os controladores não receberem seus salários, o cenário pode se agravar ainda mais, resultando em “atrasos e cancelamentos em massa de voos”, segundo o secretário.

Desde sexta-feira (7), mais de 7.700 voos foram cancelados nos Estados Unidos. Apenas na segunda-feira (10), as companhias aéreas cancelaram 2.200 voos, após já terem suprimido 5.500 entre sexta e domingo, de acordo com dados da FAA e da consultoria de aviação Cirium. Um em cada dez voos programados em todo o país foi cancelado — o quarto pior índice de cancelamentos em quase dois anos.

A crise ganhou contornos políticos nesta segunda-feira (10), quando o presidente Donald Trump usou as redes sociais para pressionar os controladores a “voltarem ao trabalho, AGORA!!!”. Trump defendeu o pagamento de um bônus de US$ 10 mil para os que permaneceram ativos e sugeriu cortar o salário dos que não retornarem. Em resposta, o sindicato da categoria classificou a atitude do presidente como “chantagem política”, afirmando que os trabalhadores estão sendo usados como “peões no jogo do governo”.

Nos bastidores, a FAA enfrenta dificuldades adicionais. Com a paralisação, muitas aeronaves ficaram fora de suas rotas habituais, o que deve atrasar o retorno à normalidade mesmo após o fim da crise. Especialistas apontam que as companhias aéreas ainda precisarão reorganizar frotas, tripulações e horários antes de retomar plenamente as operações.

O cenário se agrava em cidades como Chicago, Atlanta, Filadélfia e Nashville, onde a falta de controladores e o clima de inverno causaram atrasos de até quatro horas nesta segunda-feira. Passageiros revoltados têm lotado as redes sociais e filas em aeroportos.

Além dos voos comerciais, a FAA ampliou as restrições a jatos executivos e voos privados, proibindo a operação em mais de uma dezena de aeroportos. A pressão sobre os controladores cresce. O presidente do sindicato da categoria, Nick Daniels, alertou que o número de profissionais pedindo aposentadoria ou demissão aumenta a cada dia, e que o acúmulo de trabalho e o cansaço elevam os riscos de segurança. Segundo ele, 30 instalações de controle aéreo têm registrado problemas de pessoal por fim de semana desde o início da paralisação — quase quatro vezes mais que antes do fechamento do governo.

A terça-feira (11) marcará o segundo pagamento consecutivo perdido por controladores e outros funcionários da FAA. Ainda não há previsão para o pagamento retroativo dos salários — em 2019, após uma paralisação semelhante, o processo demorou mais de dois meses.

Efeito Cascata nos Voos e no Turismo

A redução de voos em 10% determinada pela FAA começou na sexta-feira, 7 de novembro de 2025, e pode piorar ainda mais no primeiro fim de semana em que a medida entra em vigor, justamente duas semanas antes da semana do feriadão de Thanksgiving (Ação de Graças). No primeiro fim de semana após a implementação da redução, mais de 1.000 voos foram programados para serem cancelados. A Califórnia foi uma das áreas mais afetadas, com três dos aeroportos mais importantes do país: o LAX de Los Angeles, o Aeroporto de San Diego e o Aeroporto de São Francisco.

Segundo nota da FAA, divulgada na quinta-feira à noite (6 de novembro de 2025), os cancelamentos de voos ocorrerão de forma gradual. A redução será de 4% a partir de sexta-feira, 7 de novembro, subindo para 8% na terça-feira, 11 de novembro, e atingindo 10% na quinta-feira, 14 de novembro. Essa situação já está gerando grandes desconfortos para os passageiros e colocando em risco os planos de férias, especialmente com o feriado de Ação de Graças se aproximando.

A incerteza sobre o futuro imediato das viagens aéreas está afetando o turismo, principalmente para aqueles que dependem do transporte aéreo para suas férias de fim de ano. Além disso, a assistência alimentar para milhões de americanos foi interrompida pela primeira vez, e a escassez de salários para funcionários federais, incluindo policiais, militares e trabalhadores de aeroportos, também é uma preocupação crescente.

“Se os controladores de tráfego aéreo não receberem o segundo salário, isso será catastrófico”, alertou Duffy. O secretário também mencionou a possibilidade de “caos generalizado” caso a situação se prolongue, comprometendo ainda mais a confiabilidade dos voos nos EUA.

A redução de voos começou em 4% e chegará a 10% até 14 de novembro.

A redução de voos começou em 4% e chegará a 10% até 14 de novembro.

Cenário Político e Impactos Econômicos

O impasse político no Congresso dos EUA tem sido o principal motor da paralisação, com republicanos e democratas culpando uns aos outros pela situação. A paralisação, agora em seu 35º dia, igualou o recorde de maior duração já registrado, o que acirra as tensões políticas em Washington. A Câmara dos Deputados e o Senado continuam em desacordo quanto às soluções para o financiamento federal, com um clima de polarização crescente.

O impacto do shutdown não se restringe apenas ao setor aéreo. A economia americana está sendo fortemente afetada, com estimativas apontando que o bloqueio poderia custar até US$ 11 bilhões à economia dos EUA se continuar por mais uma semana. Além disso, dados econômicos e de emprego limitados prejudicam o Federal Reserve na formulação de políticas monetárias, deixando a economia americana no escuro em termos de planejamento orçamentário.

O efeito da paralisação é sentido de forma mais intensa entre os trabalhadores federais, que continuam sem receber seus salários. De acordo com informações de um grupo de companhias aéreas, mais de 3,2 milhões de passageiros foram afetados por atrasos e cancelamentos desde o início do shutdown.

O impacto sobre o setor aéreo e o turismo aumenta a pressão para que o governo resolva o impasse rapidamente. O setor, que já enfrenta dificuldades devido à escassez de trabalhadores essenciais e os constantes atrasos, precisa de uma solução rápida para evitar mais danos econômicos.

FAQ – Perguntas Frequentes sobre o Shutdown

  1. O que é o shutdown nos EUA?
    O shutdown é a paralisação parcial do governo dos Estados Unidos, ocorrendo quando o Congresso não aprova o orçamento ou uma medida de financiamento. Isso leva à suspensão de diversas atividades governamentais e afeta diretamente os serviços essenciais.

  2. Como o shutdown afeta o setor aéreo nos EUA?
    O setor aéreo é severamente impactado devido à escassez de controladores de tráfego aéreo e agentes de segurança (TSA) que trabalham sem pagamento, causando atrasos e cancelamentos em massa de voos.

  3. O que pode acontecer se o shutdown continuar?
    Se o shutdown se prolongar, o impacto pode ser ainda mais grave, com fechamentos parciais do espaço aéreo, além de danos econômicos significativos, afetando o turismo e as viagens aéreas em períodos críticos como o feriado de Ação de Graças.

  4. Quais as consequências econômicas do shutdown?
    O shutdown pode custar bilhões à economia dos EUA, afetando o orçamento federal, serviços públicos e gerando incertezas econômicas, com milhões de cidadãos e trabalhadores impactados pela falta de pagamento.