Por Ney Chaves
A minha aventura visual teve início em 1993, inicialmente batalhando para impedir que a tendência genética ao glaucoma, marcante em minha família, se expressasse em mim. Minha mãe perdeu a visão de um olho devido ao glaucoma; de oito irmãos, só eu e uma irmã nos livramos desse mal ao introduzir o relaxamento dos olhos durante as tarefas diárias. Tinha pressão ocular alta. Hoje, quase dez anos depois, com 64 anos, a pressão está estabilizada e posso ler sem óculos.
Buscando caminhos para a minha cura, desenvolvi um método que tem suas bases na ioga, na reeducação visual e no Self-Healing de Meir Schneider. Ele, que sofria de sérios problemas visuais (nasceu praticamente cego,com catarata congênita,glaucoma e nistagmo), criou um tratamento que combina os princípios de reeducação visual desenvolvidos pelo Dr. W. Bates, no início do séc. XX, com os da ioga para os olhos da milenar medicina chinesa.
Este método consiste em um processo de auto-tratamento no qual o indivíduo, sentindo os próprios bloqueios, pode ir ativando os poderes inatos que nosso corpo e nossa mente tem de curar-se. Através de movimentos suaves, combinados com massagens, alongamentos, respiração e visualização, o paciente vai substituindo os padrões de tensão pelos de relaxamento, melhorando as funções corporais e o bem-estar geral.
O método foi introduzido no Brasil por Beatriz Nascimento, em 1989. Hoje, terapeuta ocupacional, Beatriz tomou conhecimento do trabalho de Meir Schneider, inicialmente cuidando do próprio problema de distrofia muscular, doença congênita que provoca a degeneração das células musculares. Meir e Beatriz são a prova viva da eficácia deste método: ele, cego, passou a ver e Beatriz, com seus movimentos cada vez mais graciosos, constitui um permanente desafio para a ciência.
No meu trabalho com alunos, no Rio de Janeiro (o qual me rendeu como fruto o livro Luz, Escuridão e Movimento, a ser lançado em setembro, pela Editora Imago), procuro incentivá-los a desenvolver olhos curiosos, suaves. Aprendem a criar pausas em suas atividades diárias: leitura, TV, uso do computador,etc; a fim de diminuir o estresse visual e integrarem o relaxamento em todos os momentos do dia. Ocorre um processo gradativo de melhora da visão quando descobrem que Luz, Escuridão e Movimento propiciam as condições ideais para o bom funcionamento dos olhos e passam a adotar práticas simples durante as atividades diárias.
Exércicios para os olhos
Para manter a saúde da nossa visão, qualquer que seja a atividade exercida, o importante é não se deixar absorver tanto por ela, ficando horas em uma mesma posição, numa rotina estressante para o corpo e para os olhos. Para isso, alguns exercícios, bem simples, podem ser feitos como por exemplo:
– Olhar para uma foto, um quadro, ou uma flor e passear os olhos pelos detalhes piscando. Em seguida, fechar os olhos imaginando todos esses detalhes, e depois, olhá-los novamente. Inúmeros novos detalhes serão descobertos e a visão ficará mais nítida.
– Buscar várias vezes a janela e olhar longe, equilibrando o uso dos olhos para perto e para longe. Criar pausas frequentes, de 10 minutos para relaxar os olhos com a luz do sol aquecendo as pálpebras, e os olhos fechados, girando a cabeça de um lado para outro.
– Quando estiver na rua, onde temos um grande número de estímulos visuais, procure não fixar o olhar. Olhe constantemente para perto e para longe, algo se aproximando e distanciando. Faça a mesma coisa quando está parado em uma fila de ônibus ou de banco, no trabalho, quando estiver usando o computador ou assistindo a televisão. Procure não fixar o olhar, crie movimento para os olhos, girando a cabeça apenas, de modo que pessoas, mobiliários, paredes, todo o ambiente enfim, pareça estar se movendo em sentido oposto a nossa cabeça e corpo.
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