Letícia Mello é uma jovem diferente das outras de sua idade; enquanto a maioria frequenta faculdades ou pensa em festas, baladas e aproveitar o tempo com os amigos, ela se interessa pelo trabalho voluntário e no bem estar dos mais necessitados. Formada em Turismo e Hotelaria, a paixão pelo desconhecido sempre foi o combustível que levou a jovem a rodar o mundo. Apesar das viagens e da formação acadêmica, ela sentia falta de um propósito maior em sua vida.
Em uma de suas viagens, Letícia foi atrás de trabalhos voluntários e descobriu que os preços cobrados pelas agências eram muito altos para o seu orçamento. Ao invés de desistir, resolveu entrar em contato direto com algumas instituições onde seria voluntária em troca de comida e acomodação. Foi assim que ela criou o Do For Love Project (Projeto Faça Por Amor), um projeto de voluntariado independente pelo mundo. Com um orçamento de apenas 500 dólares por mês, a aventureira partiu para o Sudeste Asiático para mostrar que era possível fazer muito com pouco.
A aventura começou na Tailândia, onde foi para dar aulas de ingês para crianças carentes e acabou ensinando policiais, agricultores e até mesmo monges. Durante sua estada no país foi furtada duas vezes. “A segunda vez foi a mais difícil. Dirigia de volta para casa quando outra moto se aproximou e puxou minha bolsa, tentei seguí-los, mas perdi o controle e fui ao chão. Era noite, estava sozinha, sem passaporte, dinheiro, cartão e celular. Eu chorei como uma criança e cheguei a pensar que minha viagem tinha acabado ali”, relembra. Mesmo com as dificuldades, decidiu que continuaria sua aventura. No Camboja, além de dar aulas de inglês, construiu uma casa com apenas 800 dólares, doados por amigos e familiares. A casa se chama “Home of Hope” (Casa da Esperança) e tem um agradecimento com a bandeira do Brasil logo na entrada. Seguiu rumo ao Vietnã onde teve a oportunidade de viver com uma família de uma minoria étnica no alto das montanhas enquanto dava aulas de inglês.
“Viajar se tornou uma prioridade na minha vida, abri mão de uma vida estável, de carro, apartamento, roupas, conforto e o colo das pessoas que amo. Eu sempre vi nas viagens a minha grande motivação. O mundo me fascina. Mas viajar só por viajar não fazia sentido. Eu queria um propósito que refletisse positivamente na vida das pessoas”.
E foi com essa coragem e força de vontade que a jovem decidiu se tornar uma voluntária em áreas remotas e conhecer a fundo a cultura e a vida local dos países por onde passa. “Eu vivia ao máximo como uma local. Tomava banho frio de caneca, dormia no chão, comia insetos, participava de cerimônias budistas, fiz amigos no hospital e na delegacia, fiquei totalmente sem dinheiro, precisei da ajuda de desconhecidos, me meti em grandes furadas e também vivi os melhores momentos da minha vida”.
Ela afirma que o domínio da língua inglesa define o futuro de muitas dessas crianças que vivem em países que dependem principalmente da agricultura e do turismo. “Vamos tomar como exemplo os agricultores no Camboja, que ganham em média, 2 dólares por dia de trabalho. O sonho dessas crianças é ter a oportunidade de trabalhar com o turismo, querem dirigir um tuk-tuk, trabalhar em um hotel ou restaurante. Além disso, quando não tem oportunidades, muitas vezes são incentivadas a se prostituírem, incluindo os meninos, que se tornam lady boys (transexuais)”, explica.
Essa jornada será contada na íntegra em seu livro, que deve ser lançado em breve, por meio de um financiamento coletivo no Catarse. A ideia de publicar um livro surgiu por meio de pedidos dos seus leitores na página do Facebook, que leva o nome do projeto, Do For Love Project. A página foi criada enquanto viajava porque sentiu a necessidade de compartilhar com mais pessoas tudo o que estava vivendo. “São relatos intensos e inspiradores, eu não tenho medo de me expor, acho que quanto mais eu me exponho, mais me aproximo de quem lê”, afirma. Com isso ela tem o objetivo de motivar as pessoas, divulgar mais informações sobre esse tipo de viagem e já tem planos de aumentar o projeto.
Para quem quiser ajudar a Letícia a ter o livro publicado, o financiamento coletivo vai até o dia 20 de Fevereiro e os valores para apoio e detalhes sobre as recompensas podem ser acessados no site http://www.catarse.me/doforlove –
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