As principais ligas esportivas profissionais dos Estados Unidos emitiram alertas aos seus jogadores no mês de novembro sobre uma ameaça crescente de grupos de roubos organizados e que envolve alta tecnologia, criminais da América do Sul e vistos de turistas.
O memorando da NBA, por exemplo, cita a inteligência do FBI e vinculou os crimes, especificamente a “Grupos Criminais da América do Sul” que têm como alvo “famosos atletas profissionais e outros indivíduos de alto padrão”. Esses grupos são conhecidos por usar “técnicas avançadas”, como pré-vigilância, drones, dispositivos de bloqueio de sinal e outras tecnologias de ponta. A NFL por sua vez, destacou os riscos representados pelo que chamou de “grupos organizados e qualificados” de ladrões que têm como alvo atletas ricos e milionários.
Embora os avisos não tenham nomeado vítimas, eles foram emitidos depois que as casas de atletas, incluindo as estrelas do Kansas City Chiefs (NFL) Patrick Mahomes e Travis Kelce e o ala do Milwaukee Bucks (NBA) Bobby Portis, foram recentemente assaltadas. As táticas descritas nos memorandos têm uma semelhança impressionante com uma onda de arrombamentos e furtos visando moradores ricos no sul da Califórnia no ano de 2024.
Autoridades federais e locais de Los Angeles County e Orange County relataram um aumento nas invasões pelo que eles chamam de “turistas especializados em furtos de residência de classe A” e que entram legalmente nos EUA com vistos de turista de 90 dias sob o Sistema Eletrônico de Autorização de Viagem (ESTA). Mas em vez de serem turistas tradicionais que adoram tirar fotos em lugares épicos do Sul da Califórnia ou outras regiões, a polícia disse que esses indivíduos são criminosos que usam disfarces, equipamentos de vídeo, e bloqueadores de Wi-Fi entre outros aparatos ultra modernos. Eles miram bairros ricos e comunidades fechadas antes de seguir em frente para evitar a detecção.
Segundo uma investigação, esses tipo de “turista criminal” vem atuando há pelo menos cinco anos, mas suas operações se intensificaram nos últimos anos a partir de 2023, pois informações sobre endereços e até mesmo fotos de propriedades se tornaram cada vez mais acessíveis.
“Gangues internacionais podem não saber tudo sobre uma residência que estão invadindo, mas sempre há a possibilidade desses criminais saberem quem são as possíveis vítimas monitorando as mídias sociais e os movimentos dos atletas”, disse o chefe de detetives do LAPD, Alan Hamilton, à rede NBC News no dia 22 de novembro de 2024.
A casa do armador do Minnesota Timberwolves Mike Conley da NBA, por exemplo, foi assaltada em setembro (2024) enquanto ele assistia a um jogo da NFL, informou o Minnesota Star Tribune. O atleta da Bobby Portis da NBA, por sua vez, postou no seu Instagram em 3 de novembro (2024) dizendo que seus bens valiosos foram roubados de sua casa enquanto jogava pelo seu time no dia anterior.
E as residências de Kelce e Mahomes da NFL, em Kansas City, foram arrombadas com horas de diferença em outubro (2024). Os ladrões, neste caso, fugiram com US$ 20.000 em dinheiro e causaram US$ 1.000 em danos à casa de Kelce, de acordo com um relatório policial na cidade de Kansas City. O astro Patrick Mahomes classificou o ocorrido de “frustrante e que merece empenho por parte das autoridades”.
Essa tendência se espalhou por várias cidades dos EUA, incluindo Chicago, Houston e Dallas. A polícia dos EUA, de costa a costa, incluindo o FBI, vem rastreando essas redes criminosas há anos,e já identificaram criminosos que se passam por turistas de países como Chile e Equador. “A tecnologia usada está de nível militar”, disse o promotor público de Orange County, na Califórnia, Todd Spitzer. A polícia do sul da Califórnia fez progressos na redução desses tipos de crimes e está ajudando em operações em outras regiões do país.
A NBA e a NFL pediram aos jogadores que tomassem medidas preventivas, como ativar sistemas de alarme e câmeras de vigilância, guardar objetos de valor em cofres e evitar compartilhamento excessivo de informações nas redes sociais. O FBI relatou que, na maioria dos incidentes, as residências estavam equipadas com sistemas de alarme que não foram ativados e também que algumas residências estavam desocupadas e, na maioria dos casos, não havia também a presença de cães.
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