Por Laís Oliveira
A grande noite do Oscar de 2021 aconteceu no domingo (25) e um pouco diferente em meio à pandemia, obedecendo a critérios de segurança e questões sanitárias: de forma mais contida, intimista e com poucos convidados. A 93ª edição do evento foi transmitida de dois locais diferentes de Los Angeles, nos Estados Unidos: O The Dolby Theatre e o Union Station.
Como era esperado por diversos críticos de cinema, “Nomadland” brilhou na premiação. Indicado a seis prêmios, o filme da diretora chinesa Chloé Zhao faturou três estatuetas: melhor filme, melhor direção e melhor atriz, para Frances McDormand. Zhao fez história como primeira mulher oriental a vencer nas duas principais categorias do Oscar.
Cineastas brasileiros também acompanharam o Oscar deste ano e concordaram com a maioria dos prêmios entregues. “Acho muito importante e relevante o fato da academia finalmente se abrir não apenas às mulheres na posição de diretoras entre outras posições importantes, mas também a diversidade racial e cultural. Em outros tempos seria inimaginável uma mulher, chinesa (ou de qualquer outro lugar que não os Estados Unidos ou a Europa), ganhando quaisquer prêmios que fossem, que dirá o de melhor direção”, afirmou Raphael Bittencourt, cineasta brasileiro que vive em Los Angeles.
Outro destaque ficou a cargo da categoria melhor ator: apesar de as apostas apontarem para uma vitória póstuma de Chadwick Boseman, quem levou a melhor foi o veterano Anthony Hopkins, por “Meu Pai”. Entregando aquela que talvez seja a melhor interpretação da sua carreira, Anthony Hopkins brilhou e venceu Riz Ahmed – ‘O Som do Silêncio’, Chadwick Boseman – ‘A Voz Suprema do Blues’, Gary Oldman – ‘Mank’ e Steven Yeun – ‘Minari’.
“Hopkins está fantástico em “Meu Pai”, entregou uma performance emocionante e mereceu”, revelou a cineasta brasileira Gabriela Egito. Aos 83 anos, o britânico se tornou o ator mais velho a vencer na categoria. “Bom dia! Eu estou na minha terra natal no País de Gales e, aos 83 anos, eu não esperava receber este prêmio. Eu realmente não esperava. Eu sou muito grato à Academia e quero prestar homenagem a Chadwick Boseman, que nos foi tirado muito cedo, e mais uma vez, muito obrigado a todos. Eu realmente não esperava por isso, então me sinto muito privilegiado e honrado. Obrigado”, disse Anthony Hopkins em um vídeo divulgado em seu instagram.
Sobre a escolha da academia para a categoria de melhor filme, ela foi muito bem recebida por críticos especializados de diversos países. “As variáveis estéticas e éticas de Nomadland ultrapassam a ideia de um filme redondo ou de um blockbuster de Hollywood cheio de brilho e efeito. Atores e uma série de não-atores trazem à luz a humanidade de sujeitos vítimas de um sistema capital desumanizante. O desemprego, a mão de obra barata, o trabalho sazonal, a especulação imobiliária junto às dores da perda, ou o estilhaçar de um sonho revelam ou forçam, não sabemos, uma outra possibilidade de ser e estar nos Estados Unidos do século XXI, reinventar felicidade numa vida Nômade; sacrifício e liberdade se misturam. A crueza e a visceralidade, como também a poesia e a beleza das amizades fazem de Nomadland um bom retrato e reflexão do que vivemos agora, num ‘doc-fic’ de tirar o chapéu e algumas lágrimas”, afirmou o cineasta brasileiro Lucas Paz.
Confira a lista completa dos vencedores:
Melhor filme
Nomadland
Melhor direção
Chloé Zhao, de Nomadland
Melhor ator
Anthony Hopkins, de Meu pai (Now, Google Play)
Melhor atriz
Frances McDormand, de Nomadland
Melhor ator coadjuvante
Daniel Kaluuya, de Judas e o messias negro
Melhor atriz coadjuvante
Youn Yuh-jung, de Minari
Melhor filme internacional
Druk – Mais uma rodada, Dinamarca (Now, Apple TV, Google Play)
Melhor roteiro adaptado
Christopher Hampton e Florian Zeller, por Meu pai (Now, Google Play)
Melhor roteiro original
Emerald Fennell, por Bela vingança (Estreia nos cinemas prevista para maio)
Melhor figurino
Ann Roth, por A voz suprema do blues (Netflix)
Melhor trilha sonora
Trent Reznor, Atticus Ross e Jon Batiste, por Soul (Disney+)
Melhor animação
Soul (Disney+)
Melhor curta de animação
Se algo acontecer… te amo (Netflix)
Melhor curta-metragem de ficção
Dois estranhos (Netflix)
Melhor documentário
Professor polvo (Netflix)
Melhor documentário de curta-metragem
Collete
Melhor som
Nicolas Becker, Jaime Baksht, Michelle Couttolenc, Carlos Cortés e Phillip Blath , por O som do silêncio (Amazon Prime Video, Now, Google Play, Apple TV, Looke)
Melhor canção original
Fight for you, de Judas e o messias negro (Em cartaz nos cinemas)
Melhor cabelo e maquiagem
Sergio López Rivera, Mia Neal e Jamika Wilson, por A voz suprema do blues (Netflix)
Melhores efeitos visuais
Andrew Jackson, David Lee, Andrew Lockley e Scott Fisher, por Tenet (Now, Apple TV, Google Play, Looke)
Melhor fotografia
Erik Messerschmidt, por Mank (Netflix)
Melhor edição
Mikkel E.G. Nielsen, por O som do silêncio (Amazon Prime Video, Now, Google Play, Apple TV, Looke)
Melhor design de produção
Donald Graham Burt e Jan Pascale , por Mank (Netflix)
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