A manhã de 6 de fevereiro (2017) foi agitada no campus da Columbia University, em Nova York. Isto porque o juiz Sergio Moro, que estava dando uma palestra na biblioteca local, foi alvo de protestos por parte de várias pessoas. Diversos participantes se levantaram durante a fala do juiz com cartazes e com gritos o acusando de ser parcial em suas decisões. Muitos gritavam que o impeachment de Dilma Rousseff foi um golpe no Brasil. Pelo menos três manifestantes foram expulsos da biblioteca, o que atrasou a palestra de Moro.
E os protestos não ficaram restritos à biblioteca. Do lado de fora da universidade professores e estudantes criticavam o evento e afirmavam que ele abordava apenas um lado da Lava-Jato e que a operação ajudou no impeachment de uma presidente eleita legitimamente. Duas cartas abertas, uma de alunos e professores, e outra do movimento “Defend Democracy in Brazil”, foram distribuídas durante os atos.
A carioca Luiza Nassif Pires, que faz PhD em economia na New School, estava revoltada com a organização do evento. “A New School sempre foi uma escola de esquerda e não entendo porque está organizando um evento tão parcial. Tentamos colocar ao menos um nome para o debate, mas não permitiram. Porém, já conseguimos verba com professores e agora vamos fazer um evento plural”, afirmou.
Em contrapartida, Sérgio Moro comentou as acusações de que a Lavo Jato não tem a imparcialidade necessária a uma investigação judicial. “Isso não é certo”, rebateu. Ele admitiu que, em alguns casos, segmentos da equipe de investigação vão além do esperado, mas esclareceu que os exageros não chegam a comprometer o resultado da operação. “Os crimes estão expostos e os procuradores e [integrantes do] Judiciário são sérios”.
No Brasil, o juiz é constantemente visto ao lado de diversos políticos envolvidos nos processos da Lava-Jato, um dos motivos de sua falta de credibilidade e motivos de protestos contra o juiz no país. Questionado sobre este fato e sua amizade com investigados no processo, como o caso do senador Aécio Neves (PSDB-MG), Moro disse que as fotos divulgadas se referem a um evento público em que, por acaso, os políticos investigados também participavam.
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