Por Laís Oliveira
Copos descartáveis, canudos, sacolas de supermercado, potes de sobremesa e muito mais. A utilização do plástico em nosso dia a dia já virou rotina, porém o que muita gente não sabe é que a maior parte dos plásticos não é biodegradável e, por isso, esses resíduos podem perdurar por centenas ou mesmo milhares de anos até se decomporem.
Produzido com base em derivados do petróleo, o polímero sintético, mais conhecido como “plástico”, é utilizado em diversas atividades cotidianas e descartado sem qualquer consciência nos mais diversos e impróprios lugares. Desde a década de 1950, quando começou a produção em larga escala, mais de 8 bilhões de toneladas foram fabricadas, sendo apenas 9% recicladas e 12% incineradas.
Para a indústria, o plástico é um dos melhores recursos, uma vez que reúne como nenhum outro material as características de transparência, elasticidade, resistência e baixo custo. Para o consumidor, ele virou sinônimo de praticidade e até indispensável para diversas atividades. Porém é de suma importância analisar o seu uso para identificar as áreas em que pode ser substituído, pois seu descarte causa uma série de problemas ambientais.
Um dos problemas do plástico é que mais de 40% dos materiais são usados uma única vez e descartados. O restante costuma ser descartado depois de, no máximo, quatro anos de uso. Biólogos, cientistas e pesquisadores possuem previsões assustadoras para o futuro no que diz respeito ao impacto causado pelo uso e descarte indiscriminado de embalagens descartáveis.
Se a projeção mais recente se confirmar, a quantidade de plástico atingirá a marca de 34 bilhões de toneladas em 2050, sendo que aproximadamente 12 milhões de toneladas serão amontoadas em aterros ou descartadas incorretamente no meio ambiente. Também para 2050, a previsão é de que a massa de plástico nos oceanos supere a de peixes. Isso porque os oceanos recebem aproximadamente 10 milhões de toneladas de plástico por ano, o que impacta também a fauna, uma vez que mais de 180 espécies de aves, mamíferos marinhos e outros animais ingerem os detritos despejados no mar.
Hoje apenas 4% de toda a área marítima ainda não foi poluída e esses dados são estarrecedores. A poluição marinha é um problema de todos os países, pois todos nós compartilhamos esse ecossistema que é valioso para sobrevivência de todos. Por isso, precisamos que cada um faça sua parte para construir um mundo melhor e mais sustentável.
Materiais descartáveis se acumulam nos mais diversos ambientes e os problemas são inúmeros. Para se ter noção, 500 milhões de canudos são usados diariamente apenas nos Estados Unidos. Outro dado significativo aponta que mais de 500 bilhões de sacolas plásticas são usadas por ano em todo o mundo e a maioria descartadas com lixos em aterros e em outros locais impróprios.
O consumo exagerado do plástico tem outra consequência direta: o aumento dos lixões. Só no Brasil existem 3 mil ocupando 1.600 municípios. Eles contaminam o solo, poluem o ar e afetam a saúde de milhões de brasileiros. Só em 2016 cada um de nós gerou, em média, 378kg de lixo. A essa altura, você já sabe onde foi parar e adivinha: mais de 4 milhões de toneladas é plástico! Por causa disso, o governo gastou 3 bilhões de reais com o tratamento de pessoas que foram contaminadas por esses depósitos.
Uma saída para combater esse problema é intensificar a economia circular, que consiste na fabricação de produtos plásticos mais fáceis de reciclar, sistemas eficientes de logística reversa e mercados viáveis para os plásticos reciclados.
Apesar do descarte irresponsável, várias empresas de pequeno à grande porte já estão se dando conta da importância de reciclar, reutilizar e evitar desperdício de plástico no dia a dia de seus negócios, bem como a substituição eficiente que não prejudica nem a empresa, nem o consumidor.
Nos EUA, por exemplo, várias cafeterias oferecem copos ou canecas reutilizáveis. O cliente pode sair do estabelecimento tomando a sua bebida e devolver a caneca em outro estabelecimento participante. Se o cliente volta com a caneca no estabelecimento em que a pegou, recebe um desconto na próxima bebida ou atendimento prioritário. Na Itália, há potes comestíveis feitos de pão. Os recipientes fazem com que o consumidor evite utilizar pratos e talheres, uma vez que a tampa pode ser dividida e usada como colher.
No Brasil, com o intuito de remodelar e repensar as embalagens, a Startup Oka Bioembalagens desenvolveu tecnologia para produção de embalagens para substituir descartáveis principalmente de uso efêmero, como talheres, canudos e pratos, com a fécula da mandioca e água. O processo industrial tem o vapor de água como único resíduo gerado, que é coletado e reutilizado no ciclo. A embalagem é 100% biodegradável e comestível.
Se por um lado há iniciativas de substituição do material usado, a sociedade pode contribuir com o descarte correto e a reciclagem. Cuidar do seu resíduo e dar a destinação certa deve ser, na verdade, igual a votar, ou seja, um dever cívico. Antes mesmo de reduzir, reciclar e reutilizar deve-se não gerar, evitar. Cuidar do meio ambiente e das gerações futuras é um dever de todos.
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