A piauense e estudante de administração Monalysa Alcântara deixou pra trás 26 adversárias e ficou com a faixa de Miss Brasil 2017. Porém a terceira negra a sustentar a coroa do concurso recebeu uma série de ataques preconceituosos na internet que demonstram que em pleno século 21 e, mesmo oriundos de um país miscigenado e com grande número de negros, há minorias racistas no Brasil.
Em mais de 60 edições do famoso concurso, Monalysa é apenas a terceira negra a conquistar a faixa. Curioso fato já que 54% da população brasileira é composta por negros. Em 2016, a paranaense Raissa Santana foi coroa e chegou entre as 13 finalistas do último Miss Universo.
O fato de Monalysa ter vencido fez a alegria de muita gente que já se declarava fã da estudante e dizia ser a mais bonita entre as adversárias. Mas a vitória de uma negra, de cabelo cacheado e longe do padrão tradicional que se espera de uma miss, incomodou muitas pessoas.
Um dos comentários mais reproduzidos e criticados foi feito pela usuário do Twitter Juliana Porto, que comparou Monalysa a uma empregada doméstica. “Credo! A Miss Piauí tem cara de empregadinha, cara comum, não tem perfil de miss, não era pra estar aí. Sorry”, escreveu ela. Já Josimar Quintinho desejou a morte da estudante por ser negra. “Não é exagero. Só espero que ela morra antes do Miss Universo, pra Ju assumir o posto”, disse o internauta em referência à gaúcha Juliana Mueller, de 25 anos, que ficou em segundo lugar.
É chocante e triste reconhecer que numa população tão miscigenada como o Brasil haja espaço para minorias cheias de ódio. O mais apavorante é a onda de racismo explícito – alguns dos criminosos nem se escondem no anonimato ou perfis falsos – acontecer poucos dias após um neonazista atropelar dezenas de pessoas e deixar um morto, em Charlottesville, na Virgínia.
A mãe de Monalysa, Elza Alcântara, afirmou que os comentários não incomodam a família e nem mesmo a vencedora. “A família não se posicionou ainda e nem vai falar sobre isso porque o racismo a Mona combate diariamente. Ela ganhou por mérito dela e isso ninguém tira. Quem não gostou da escolha tem direito de expressar sua opinião desde que não nos ofenda”, contou a Elza a uma mídia digital.
Facebook Comments