* Por Dario Santos
Numa sexta-feira, em maio de 2014, estive no Madison Square Garden, em NY, e fui testemunha do calvário do nosso Rei Roberto Carlos. Senhores produtores (se é que assim os podemos classificar), por favor tenham um pouco mais de respeito a essa grande figura musical e artística que se chama Roberto Carlos. Não se pode tratar dessa maneira a maior estrela que o Brasil já conheceu. Esse sol que por décadas brilha no cenário musical de toda a América Latina! Vocês não sabem da grandeza desse artista e da sua importância para milhões de admiradores.
Agora conto o que vi no teatro em Madison Square Garden naquele ano:
O som era péssimo, sem brilho, sem potência, sem criatividade e muito mal mixado. Enquanto o rei cantava foi possível ouvir a palavra ‘alô’, usada quando se testa o som e o que indica que não o fizeram antes do evento como deveria ter sido feito. Uma postura de amadores! Eu sei que o teatro oferece o que de melhor há em tecnologia de áudio, mas parece que o operador de som estava bêbado ou não entendia do assunto. Um verdadeiro a
Um RC9 apático, um coro de duas vozes que praticamente não se ouviu durante o show e todos muito mal vestidos para um evento desse quilate. Além disso, um maestro sem energia, sem inspiração, sem criar arranjos mais dinâmicos e modernos, ou seja, apenas navegando naquela calmaria que mais dava vontade de dormir. Será que ser maestro do rei e só isso? Eduardo Lages é o nome dele.
A maioria do público do teatro era brasileiro e o rei não foi informado disso causando um constrangimento muito grande, pois o show foi todo planejado para o público “hispano” causando tremendo equívoco. Naquele clima de insatisfação foi possível ouvir a palavra ‘traidor’ dirigida ao cantor por um dos seus fãs. Os brasileiros pediam ao rei que cantasse em português e isso o desequilibrou muito.
Uma explicação coerente para seu repertório ser em grande parte cantado em espanhol e não português é o fato de que, no geral, as turnês norte-americanas do Roberto Carlos têm foco maior nos latinos que vivem nos EUA e não nos brasileiros e, por isso, existe um repertório em espanhol. O cantor é muito famoso no México, principalmente, e sua turnê geralmente é feita por promotores e meios de comunicação em espanhol também.
Voltando ao show, era visível a surpresa do rei diante da reação do público e seu nervosismo. É claro que não se poderia mudar tudo naquele momento; o que faltou foi uma pesquisa anterior para saber a predominância do público naquele dia. Foi como jogar o rei aos leões. Por que isso não acontece com europeus e americanos? Porque eles cuidam do que vendem… levam a sério, com certeza.
Enfim, a expectativa do público naquele espetáculo de 2014, principalmente dos brasileiros, era rever o seu ídolo numa performance um pouco mais moderna, mais próxima de um grande show como o rei bem merece. Mas foi um sonho que se transformou em pesadelo.
Agora nos resta esperar uma outra oportunidade pra ver Roberto Carlos ‘paquerando’ ‘a namoradinha de um amigo meu’, defendendo ‘as baleias’, rezando a ‘nossa senhora’, conversando sobre a sua ‘rotina’, dando uma de ‘caminhoneiro’, mas dirigindo mesmo um ‘calhambeque”, com uma pena de ‘águia dourada’ nos cabelos, cantando a ‘nossa canção’, vestido de ‘verde e amarelo’, defendendo a ‘Amazônia’, descrevendo com ‘detalhes’ a ‘mulher de 40’ sendo o nosso grande ‘amigo’ com aquela ‘ternura’ de sempre, dentro desse ‘amor sem limites’, vivendo as grandes ’emoções’.
O nosso amor, respeito e carinho pelo rei é grande e não se abala por um show que foi mal organizado pelos seus produtores locais (NY). Esperamos que eles aprendam a lição e trabalhem com mais seriedade para as próximas apresentações.
Aos brasileiros uma palavra de conforto: paciência! Eu estive com Roberto Carlos ao final desse show lá no camarim onde ele recebia com amor a todos que enfrentaram uma grande fila para o ver e pude ler nos seus olhos o seu desapontamento, levemente disfarçado no seu doce e tímido sorriso. Era como se perguntasse ‘por que tudo aconteceu dessa forma?’ Estava surpreso e preocupado, porém muito gentil! Rei é rei e nunca perde a majestade. Vida longa ao rei e essa matéria foi escrita por Francisdeo, um dos maiores e incondicionais admiradores de Roberto Carlos aqui nos EUA.
*Este artigo foi escrito em 2014.
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