By Kátia Moraes
Praful nasceu e cresceu em Dusseldorf, na Alemanha, e é muito curioso musicalmente. Suas viagens a países como Índia e Brasil inspiraram e ainda inspiram a maneira como ele vê o mundo, as pessoas e como ele se expressa através do sax e da flauta (ele também toca bansuri, uma flauta de bambu indiana). Em 1987, o artista se mudou para Holanda para estudar jazz na Escola de artes de Amsterdã e desde dos anos 90 vem misturando música africana, latina, brasileira e indiana.
A música que Praul faz no momento é chamada de Electronic-Acid Smooth Jazz. Pra variar, as rádios não acharam um rótulo pra ele, mas entenderam rápido que era só tocar “sigh” que as pessoas ligavam pra saber de quem era. Seu CD foi lançado pela Rendevouz Entertainment aqui em Los Angeles e no Earth Day Festival em Oakland, pude ver o delírio do público com o “Sigh”. Como ele mesmo fala para plateia em cada show “se não fosse por essa música eu não poderia estar aqui nesse palco”. Mas pra mim “Sigh” é só a ponta do iceberg. As viagens que ele fez pelo mundo são transparecessem em sua forma de se expressar.
Além de ser um improvisador de muito bom gosto e de unir a isso batida dançantes que não te deixam parado, você também vê a espontaneidade reinando nos shows. “One Day Deep” ,“Teardrop Butterfly ” e “Sonhar”, são algumas das minhas favoritas de seu álbum “One Day Deep” (Produzido por Rob Gaasterland, Daniel Testas e Praful). Nele, você escuta elementos de samba, maracatu e baião, misturados com grooves do “Earth, Wind and fire”. A brasileira Lílian Vieira (Algodão Doce). Uma salada de super bom gosto. Você dança, medita, delira, ri e chora com cada canção.
Praful, na realidade, se chama uli. E somente a mãe dele e alguns amigos de infância o chamam assim. Ele mora em Amsterdã, fala uma língua dura, mas surpreendente com sua doçura, especialmente quando fala português. O nome Praful veio do sânscrito e que dizia “florescendo”.
Ele ganhou esse nome quando se tornou um sanyasi na Índia. Quando tinha 28 anos decidiu visitar o “Osho” (lembram da comunidade fundada no Oregon nos anos oitenta por um indiano chamado Rajneesh?). O irmão de Praful, que era Sanyasi, tinha acabado de falecer (seu veleiro foi levado pelo mar na ilha de Tenerife) e ele ainda não sabia que rumo tomar depois que se formou no conservatório de música.
A decisão de ir pra Índia também teve a ver com a morte de seu pai quando ele tinha doze anos. Praful estava com as energias truncadas e sentia que carregava muito choro no peito. E foi lá na Índia que um novo mundo se abriu pra ele. As sessões de meditação, a música, os mantras e a sabedoria que respirou trouxeram sentidos e paz pra vida dele. E foi lá também que se apaixonou por uma brasileira chamada Saphi. Existe uma dedicatória pra ele no CD “Touched by love”, produzido pela Essencial Therapy Recordings de Amsterdã. Esse álbum oferece 69 minutos de música instrumental para relaxamento e massagem. Gostei tanto que toco no final da minha aula de dança. Vale à pena conhecer!
* Katia Moraes é cantora, compositora e artista carioca. Ela é colaboradora de longa data da revista Soul Brasil e vive em Los Angeles desde 1990. Para saber mais sobre ela, visite: www.katiamoraes.com
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