Por Rebecca Carvalho
A maioria dos brasileiros morando no Brasil sonha na possibilidade de estudar nos Estados Unidos ou em outros tantos países como Inglaterra, Franca ou Austrália, mas muitos vêem esse sonho como algo impossível de se realizar. Às vésperas de graduar-me pela Lawrence University, em Wisconsin (EUA), preciso desfazer os estereótipos e pedestais montados referentes à possibilidade de aprofundamento educacional em terras de além-mar.
A verdade é que, no caminho para o progresso, está apenas o medo de tentar e, igualmente, uma boa dose de pouca informação. Como jornalista e principalmente, como alguém que já vivenciou algumas etapas para tornar os meus próprios devaneios uma realidade, pretendo trazer aos estudantes brasileiros com anseios semelhantes aos meus, o bom e velho benefício da comunicação.
Por tantas razões, principalmente econômicas, erroneamente acreditamos que parece irônico e um grande desperdício mental sonhar em estudar nos Estados Unidos. A verdade, no entanto, é que muitas instituições acadêmicas americanas desejam receber alunos estrangeiros, o tanto quanto esses alunos gostariam de ingressar nessas instituições. A presença da comunidade internacional é benéfica, entre outros aspectos sócio-econômicos, pela possibilidade do rico universo cultural que esses alunos propiciam e pelo intercâmbio de tecnologias e teorias nos campos científicos e humanistas. Compreendida a própria importância do brasileiro nessas instituições, então, resta tomar alguns caminhos que os aproximem desse universo acadêmico.
Aos brasileiros morando no Brasil e também aos que já residem nos Estados Unidos, existem várias opções acadêmicas oferecidas ao candidato em parceria entre o governo brasileiro e americano. Entre essas opções, as mais conhecidas para o campo de intercâmbio educacional ingressam em instituições americanas de Ensino Superior e de pesquisa cientifica. São elas:
1) Programa Jovens Embaixadores (Youth Ambassadors):
Para os estudantes de nacionalidade brasileira, residentes no Brasil, o sonho pode começar cedo com o programa Jovens Embaixadores da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil. Se você tem boa habilidade comunicacional em inglês (mas nunca viajou para o exterior), está entre 15 e 18 anos, estuda na rede pública de ensino, está envolvido em voluntariado, e vem de uma família de baixa renda, é você quem a embaixada dos EUA está procurando.
O programa Jovens Embaixadores foi fundado em 2002 como uma iniciativa de responsabilidade social e a cada ano, após um rigoroso processo seletivo por todo o Brasil, patrocina 35 candidatos selecionados a uma viagem de intercâmbio cultural nos EUA. O termo ‘intercâmbio’, no entanto, pode ser enganoso. Esse período de três semanas nos EUA, no entanto, funciona como uma missão diplomática oferecida aos candidatos escolhidos para que possam representar o Brasil em encontros com diplomatas e outros líderes regionais e nacionais.
A primeira semana do programa ocorre em Washington D.C., onde os estudantes visitam memoriais e high schools americanas, e onde dão palestras sobre a cultura brasileira. O ponto alto está no encontro desses estudantes com a Primeira Dama dos Estados Unidos na Casa Branca, uma oportunidade única para esses jovens. Após essa primeira semana, os alunos são divididos em grupos menores e viajam para host states, onde permanecerão com uma host family americana, aprendendo mais sobre a vida cotidiana de uma família nos EUA.
O processo seletivo envolve provas escritas em inglês e entrevistas, e o candidato deve estar preparado para defender as próprias idéias quanto ao fortalecimento dos laços de amizade entre o Brasil e os Estados Unidos. Também devera ajudar a melhorar a comunidade de onde vem ou o projeto voluntário do qual participa quando retornar ao Brasil. As inscrições normalmente começam em meados de abril, e a viagem ocorre em janeiro do ano seguinte. Para participar do processo seletivo basta checar o site da Embaixada dos EUA, preencher o formulário ou entrar em contato com alguma das instituições parceiras listadas no site.
2) Programa Oportunidades Acadêmicas (Opportunity Grants):
O programa Oportunidades Acadêmicas apóia brasileiros, residentes no Brasil, com potencial acadêmico para estudar nos Estados Unidos, mas sem condições financeiras para participar do processo de candidatura e ingressar em instituições americanas de Ensino Superior. O “Oportunidades Acadêmicas” não é garantia de impressão numa universidade americana, mas é um programa de apoio e consultoria acadêmica, no qual um coordenador acadêmico da EducationUSA orienta o aluno durante o período de envio de formulários de inscrição. O programa oferece ajuda, inclusive, na escolha das melhores universidades de acordo com o perfil acadêmico e planos profissionais do candidato.
Candidatos ao programa devem ser alunos do segundo ou terceiro ano do Ensino Médio, ou ainda, alunos recém-formados no Ensino Médio, mas que ainda não tenham ingressado na faculdade. O candidato deve vir de uma família de baixa renda e apresentar, inevitavelmente, excelente domínio de inglês e ter um bom histórico escolar. Candidatos devem ser bastante motivados e terem envolvimento com atividades extracurriculares, voluntariado ou algum outro papel de liderança. Quando selecionado, a bolsa cobre desde as taxas de inscrição dos testes de admissão (TOEFL, SAT, SAT Subject, ACT) a valores de transporte e acomodação, caso seja necessário, onde os testes serão realizados.
Para uma lista completa do que a bolsa cobre e do perfil do candidato, cheque o site da EducationUSA. Vale notar que os coordenadores do programa Oportunidades Acadêmicas trabalham orientando os alunos para que estes consigam vagas em universidades americanas com bolsas de estudos que possibilitem uma tranqüila vida acadêmica do aluno no exterior. Caso selecionado, o programa cobre a taxa de emissão do visto e também a passagem aérea para a instituição de ensino.
3) Organização dos Estados Americanos – Fundo Rowe (Rowe Fund):
Para brasileiros morando nos Estados Unidos ou brasileiros saindo do Brasil para estudar numa instituição americana (aceito por uma universidade americana, mas não recebeu bolsa de estudos suficiente para financiar a educação). Nesse caso, o Fundo Rowe da Organização dos Estados Americanos (OEA) é a opção mais indicada. Estudantes, professores, e outros indivíduos que já se encontrem em instituições acadêmicas e desejam continuar estudando, também podem se candidatar. Cursos de capacitação, pesquisas acadêmicas, ou programas de obtenção de certificados técnicos, também são financiados pelo Rowe. Para obter acesso a uma lista completa dos candidatos elegíveis ao Rowe, checar o website da OEA.
Os empréstimos do Rowe são sem juros e a quantidade máxima que um indivíduo pode receber é de US$15.000. Vale ressaltar que ao final do período de estudo, o Fundo Rowe solicita que o candidato retorne ao país de origem dentro de um prazo máximo de um ano, para que as idéias aprendidas possam ser passadas, nesse caso, ao Brasil. As inscrições podem ser feitas a qualquer momento do ano no site da OEA. Uma vez aprovado, o empréstimo é enviado diretamente ao aluno. O pagamento da dívida começa três meses após o candidato completar o período de estudos nos EUA.
* Rebecca Carvalho é natural de Recife, Pernambuco e em abril de 2011, quando colaborou com a Soul Brasil, cumpria o seu ultimo ano na Lawrence University de Wisconsin. Rebecca é autora de livros infantis e jornalista interessada em jornalismo investigativo. Ela voltou ao Brasil em 2015 e reside em Porto Alegre, RS.
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