Uma equipe de cientistas da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, anunciou uma descoberta no tratamento do câncer: uma nova vacina que utiliza bactérias probióticas geneticamente modificadas. A abordagem estimula o sistema imunológico a reconhecer e destruir células cancerígenas, mantendo as células saudáveis intactas. Financiada pelo National Institutes of Health (NIH), a pesquisa já é considerada um avanço significativo na busca por terapias personalizadas para pacientes oncológicos.
A vacina utiliza a bactéria Escherichia coli (E. coli) geneticamente modificada para transportar proteínas específicas, conhecidas como neoantígenos, diretamente às células imunológicas. Esses neoantígenos ajudam o sistema imunológico a identificar células cancerígenas como alvo, desencadeando uma resposta direcionada que preserva as células saudáveis. Esse método é uma alternativa inovadora às vacinas contra o câncer convencionais, baseadas em peptídeos, e promete maior precisão na resposta imunológica.
Em experimentos com camundongos portadores de câncer colorretal avançado e melanoma, a vacina demonstrou ser eficaz na redução ou eliminação dos tumores. Em comparação com vacinas anteriores, os camundongos tratados com a vacina bacteriana apresentaram uma resposta imunológica mais ampla e direcionada, evitando reações que normalmente suprimiriam a ação das células imunes contra o tumor.
Um dos aspectos mais interessantes dessa vacina é sua capacidade de ser personalizada para cada paciente. A equipe usa ferramentas de bioinformática para identificar neoantígenos exclusivos do tumor, criando uma vacina sob medida. A personalização visa evitar a recorrência do câncer e melhorar significativamente os resultados do tratamento.
Os pesquisadores da Universidade de Columbia estão otimistas com a possibilidade de iniciar testes clínicos em humanos. A expectativa é de que a vacina bacteriana ofereça uma alternativa mais eficaz e focada, superando algumas das limitações das vacinas contra o câncer já existentes.
Histórico do Uso de Bactérias no Tratamento do Câncer
O uso de bactérias no tratamento de cânceres tem raízes históricas, datando do final do século XIX, quando o cirurgião William Coley observou que a injeção de bactérias em pacientes com tumores inoperáveis ocasionava regressão tumoral em alguns casos. A partir dessa descoberta, as bactérias passaram a ser utilizadas, especialmente no tratamento do câncer de bexiga em estágio inicial, por sua capacidade de estimular uma resposta imunológica localizada.
Cientistas agora entendem que algumas bactérias possuem a capacidade natural de migrar e colonizar tumores, sobrevivendo no ambiente com baixos níveis de oxigênio e desencadeando uma resposta imunológica. No entanto, essa resposta muitas vezes é insuficiente para atacar as células cancerígenas de forma direcionada.
“Essas qualidades por si só não costumam dar às bactérias poder suficiente para estimular respostas imunológicas capazes de destruir um tumor, mas são um bom ponto de partida para construir um novo domínio de terapêuticas contra o câncer”, comenta o Dr. Nicholas Arpaia, PhD e professor de Microbiologia e Imunologia na Columbia University, Vagelos College de Médicos e Cirurgiões.
De fato, essa descoberta representa um salto grande em direção a uma medicina mais avançada, com o potencial de dar nova esperança a pacientes ao redor do mundo e redefinir os limites do que a imunoterapia pode alcançar.
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