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Possíveis imagens de ‘Ratanabá’, cidade perdida descoberta por Dakila Pesquisas (Foto: Reprodução)

Fake ou real? Bem, para cientistas e pequisadores, uma cidade perdida na Amazônia, conhecida como Ratanabá, não passa de uma história fantasiosa, mas muitos acreditam que não é bem assim.

Desde o final da última semana de maio um assunto tem permeado a internet e dado o que falar em diversas redes sociais: Ratanabá, uma suposta cidade perdida e futurista, estaria localizada na Amazônia, no norte do Brasil, e teria sido a primeira capital do mundo, há 450 milhões de anos.

A cidade teria sido encontrada por pesquisadores da Dakila Ecossistema – sediada na cidade de Zigurats, região de Corguinho, cerca de 95 quilômetros de Campo Grande – liderada por Urandir Fernandes de Oliveira.

De acordo com um estudo realizado pela Dakila Pesquisas, Ratanabá teria sido a primeira capital do mundo há 450 milhões de anos e fundada pela civilização Muril, a primeira a habitar a Terra há cerca de 600 milhões de anos.

Porém, após a divulgação do estudo na primeira semana de junho, cientistas, pesquisadores e historiadores foram à internet relatar um certo equívoco nas datas. Conforme especialistas afirmaram, é improvável a existência dessa cidade, uma vez que os dinossauros foram extintos há 65 milhões de anos e os primeiros hominídeos começaram a andar na Terra entre 2,4 e 1,5 milhões de anos.

Do lado oposto, Dakila Pesquisas afirma que a cidade perdida existe sim e estaria localizada submersa na Amazônia Brasileira, no estado de Mato Grosso, entre Pará e Amazonas. De acordo com a teoria, existe uma rota de túneis subterrâneos que se estenderiam por toda a América do Sul e se ligariam à cidade futurista, supostamente a mais desenvolvida.

Segundo Urandir Fernandes, pesquisadores teriam sobrevoado a floresta amazônica para de mapear as áreas onde supostamente fica Ratanabá. Eles teriam captado as imagens com a tecnologia LiDAR (Light Detection And Ranging), ou tecnologia de detecção e alcance de luz, capaz de penetrar na vegetação sem precisar desmatar a floresta.

A tecnologia usada liberava feixes de luz que refletiam no solo, captando com precisão tudo abaixo das árvores, e automaticamente reproduziam mapas detalhados da superfície coberta pela mata.

Porém, outra controvérsia: as imagens liberadas pela Dakila Pesquisas na verdade pertencem à descoberta de uma cidade feita na região da Bolívia e a pesquisa em questão foi realizada por pesquisadores da Alemanha que descobriram ‘cidades’ na Amazônia da Bolívia que datam a época pré-colonial. O achado inédito foi publicado na revista ‘Nature’ no último dia 25 de maio.

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Capturas de tela de uma animação 3D de um dos assentamentos grandes encontrados pelos cientistas na Amazonia Boliviana

Ou seja, até agora não há nada que fundamente a teoria de Ratanabá, apenas inúmeras suposições sem comprovação, datas nas quais não existe sequer registro de humanos – nem dinossauros, na verdade – e, claro, o que resta? Muitas piadas na internet brincando com a “revelação da Ratanabá”.

Mas não é de hoje que as histórias de supostas cidades perdidas na Amazônia se espalham. As teorias retratam cidades de diferentes nomes escondidas entre as árvores em localidades inabitáveis da Amazônia e guardariam civilizações futuristas e de incontáveis riquezas. Um exemplo é da cidade perdida Akakor.

Acreditando em relatos de documentos antigos, figuras rupestres e supostos envolvimentos com os geoglifos encontrados na Amazônia, algumas pessoas tentaram chegar às ruínas de algumas cidades perdidas, como é o caso de Akakor. Um caso conhecido é o do jornalista alemão Karl Brugger e o autodenominado “herdeiro da cidade de Akakor”, Tatunca Nara.

Nara partiu junto com Brugger em busca da cidade que acreditava ser herdeiro e de seus habitantes, os Unha Mongulala. O jornalista chegou a publicar um livro chamado ‘A Crônica de Akakor’, em que contava o relato de Tatunca Nara de como seria a cidade. Determinado a encontrar Akakor, Brugger se aposentou em 1984 e foi morto a tiros no Rio de Janeiro.

Apesar de Ratanabá ter vindo à tona recentemente, não é apenas essa cidade perdida, ou também a Akakor, que habita o imaginário e as histórias que passam de geração em geração ao longo dos anos. Atlântida, El Dorado e Kalahari são alguns exemplos de cidades cuja existência nunca foi comprovada, mas que muitas pessoas já ouviram falar da história.

Atlântida

A lendária ilha de Atlântida foi mencionada pela primeira vez pelo filósofo Platão em 360 a.C. e despertou o interesse e a curiosidade de exploradores por mais de dois milênios. Acreditava-se que a região abrigava um reino poderoso com tecnologia avançada para sua época, além de ter uma marinha incomparável com outras nações.

Porém, de acordo com Platão, a ilha teria sido devastada por volta de 9.600 a.C. e afundou no mar. Inúmeras expedições já foram feitas em busca de mais e mais evidências sobre o caso, mas nada de concreto foi encontrado até hoje.

El Dorado

Durante centenas de anos, caçadores de recompensas e historiadores estiveram em busca da cidade perdida de El Dorado, uma civilização extremamente rica em ouro e que poderia tornar qualquer um em um milionário. Inúmeras expedições foram feitas pela América Latina em sua busca, mas a cidade continua sendo uma lenda até hoje.

As origens de El Dorado vêm de contos da tribo Muisca, que costumava ocupar as áreas de Cundinamarca e Boyacá, na Colômbia, mas que não necessariamente referiam-se a uma cidade. O fato é que até hoje não há evidências físicas que comprovem sua existência.

Kalahari

Um artista e aventureiro do Canadá chamado Guillermo Farini se tornou, em 1885, um dos primeiros ocidentais a cruzar o traiçoeiro deserto de Kalahari, no sul da África. Ao voltar, ele escreveu artigos sobre ruínas que descobriu e que pareciam muito indicar os restos de uma civilização perdida enterrada nas areias.

Durante o século XX, dezenas de expedições foram lançadas para encontrar a “Cidade Perdida do Kalahari” de Farini — até mesmo com envolvimento da família de Elon Musk. Em 2016, varreduras aéreas e radar mostraram ruínas feitas por homens perto de um oásis local, mas nenhuma cidade perdida foi confirmada até hoje.

Cidade perdida de Z

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Fawcett e os peões da fazenda de Galvão. (Fonte: Adventure Journal / Reprodução)

As teorias sobre a existência da Cidade Perdida de Z sofreram influências das histórias sobre Machu Picchu. Em contato com lendas e histórias reais, o explorador e arqueólogo britânico Percy Fawcett passou a alimentar a teoria de que uma cidade pré-colombiana podia existir em áreas do Mato Grosso e da Amazônia.

Essa cidade seria o berço de toda a civilização e ainda teria relações com lendas como Atlântida. Então ele decidiu fazer uma busca pela cidade perdida. A ideia era começar a expedição em 1914, mas Fawcett precisou servir o exército britânico na época, em razão da Primeira Guerra Mundial.

A verdadeira expedição em busca da Cidade Perdida de Z começou em 1925. O último relato da expedição data de 29 de maio de 1925. O documento foi entregue a peões da fazenda do coronel Hermenegildo Galvão, onde Percy se hospedou antes de seguir em direção a territórios dos Xingu, ao Norte. A partir daí, o trio desapareceu completamente. Não há nenhum relato sobre o destino do grupo e nem mesmo seus corpos foram encontrados.

A Cidade Perdida de Z, então, continua perdida, assim como todas as demais cidades listadas no artigo, e como um dos mistérios e lendas dos séculos passados.

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