Por Lívia Caroline Neves
Essa nova atividade esportiva é um misto de esporte radical com passeio ecológico nas alturas, e se pratica em duas formas básicas, ambas aliando natureza e aventura. Há cerca de cinco milhões de anos, os primeiros seres humanos começaram a descer das árvores para viver nas savanas africanas. E, há mais ou menos 20 anos, seus descendentes começaram a subir de volta. Pesquisadores, para estudarem a fauna e a flora de florestas como as da Costa Rica e da Amazônia, passaram a usar sistemas semelhantes aos dos circuitos atuais de arvorismo, melhor dizendo, percurso acrobático em árvores.
Essa aventura chamada “arvorismo” surgiu na Inglaterra, em 1997, quando ativistas ecológicos, para protestar contra o desmatamento de uma pequena floresta, resolveram subir nas árvores para impedir que fossem derrubadas. Neste mesmo ano o arvorismo apareceu como esporte radical na França, mais tarde na Costa Rica, e também na Nova Zelândia, capital mundial dos esportes radicais.
No Brasil, o arvorismo chegou há mais ou menos de uma década, primeiramente no estado de São Paulo, nas cidades de Brotas (a “capital brasileira” para esporte radicais) e Campos do Jordão (a “Suíça Brasileira”). E mais recentemente chegou em Itacaré, no litoral Sul do Estado da Bahia.
A contemplativa ou “panorâmica”, com subidas às copas, como forma de se apreciar a paisagem de um ângulo diferente, admirando a vista geralmente reservada aos pássaros; sentir a textura de troncos e galhos; ver de perto flores que só existem la em cima; sentir o vento penetrando nas folhas e, é claro, ver espécies que habitam nas alturas.
Esta prática pode ser feita em qualquer lugar amplo e arborizado sem a necessidade de grandes estruturas armadas. A outra forma é a verticália ou “recreativa”, que dá ênfase às técnicas verticais de subida, travessia e descida, aliada a vários obstáculos, que pode chegar a 36 exercícios diferentes.Os praticantes fazem um aquecimento e aprendem a utilizar corretamente uma espécie de cinto de segurança antes de subir até as plataformas instaladas em alturas que variam de 8 à 20 metros.
As técnicas arvoristas foram inspiradas em técnicas de alpinismo e montanhismo. A diferença é que são usadas separadamente, uma de cada vez, para atravessar rios e terrenos acidentados, além de observar a natureza. Os trechos aéreos são vencidos com cabos, túneis, cordas, pontes, redes e deslizamento em tirolesa – uma espécie de vôo rasante, onde a pessoa desliza por um cabo de aço entre duas árvores, e considerado por muitos praticantes como a parte mais emocionante e de maior adrenalina.
O arvorismo é um bom começo para quem nunca praticou esportes radicais, pois não exige muito condicionamento físico nem habilidade especial. Mas sim: é necessário coragem, coordenação e agilidade para enfrentar os obstáculos. E essa aventura é tão ecológica que, para fixar as plataformas, não se perfuram as árvores! Tudo é encaixado e amarrado sem a necessidade de fazer furos nos troncos ou danificar as cascas. Os cabos dos sistemas de travessia são colocados em torno das árvores com apoio de suportes de madeira, afinal a filosofia do esporte não permite machucar a natureza.
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