Os Estados Unidos enfrentam uma expressiva queda no turismo internacional. Dados do Conselho Mundial de Turismo (WTTC) mostram que, em 2025, os Estados Unidos terão uma queda de 20% nos gastos internacionais de turistas em comparação a 2019, o único país do mundo a registrar essa retração. A situação é consequência direta de políticas imigratórias restritivas, uma narrativa política desfavorável ao turismo e da valorização excessiva do dólar.
Enquanto os Estados Unidos enfrentam esse declínio, o Brasil amplia sua presença internacional com um setor que já representa 7,7% do Produto Interno Bruto (PIB), gera mais de 8 milhões de empregos e tem previsão de movimentar US$ 199 bilhões até o final da década. O desafio agora é transformar o turismo doméstico forte em um motor potente de visitantes internacionais.
Para aproveitar o cenário e acelerar seu crescimento no mercado global, o Brasil anunciou que está lançando o Plano Brasis, estratégia de marketing turístico internacional desenvolvida pela Embratur em parceria com o Sebrae. A iniciativa sucede o histórico Plano Aquarela, lançado há 21 anos, e pretende reposicionar o País como destino turístico competitivo, diversificado e sustentável para o período 2025–2028.
Segundo Virginia Messina, diretora sênior do WTTC, o Brasil está diante de um momento histórico, com uma atuação global cada vez mais influente. Messina destacou que a retração nos EUA abre uma oportunidade singular para o País captar turistas que estão reavaliando suas opções de viagem.
“A combinação de políticas restritivas e dólar valorizado tem levado muitos viajantes a buscarem alternativas, e o Brasil está preparado para acolhê-los com uma proposta turística rica e diversificada”, afirmou Messina.
Como funcionará o Plano Brasis
Com o lema “Brasil, único. Mas muito além de um só”, o Plano Brasis busca a diversidade territorial, cultural e ambiental do país, estabelecendo metas ambiciosas:
- Alcançar 8,1 milhões de turistas internacionais anuais até 2027;
- Gerar US$ 8,2 bilhões em receitas cambiais;
- Promover uma distribuição sustentável e equilibrada do fluxo turístico em várias regiões;
- Fortalecer a competitividade do setor com apoio a micro e pequenas empresas, que representam 97% do mercado brasileiro de turismo.
Marcelo Freixo, presidente da Embratur, destacou que o Plano Brasis não é uma diretriz exclusiva do governo federal, mas uma plataforma aberta e adaptável para Estados, municípios e todos os atores do setor. “Queremos posicionar o Brasil no cenário turístico internacional com inovação, criatividade e ainda mais brasilidade,” enfatizou.
A parceria com o Sebrae é estratégica para incorporar o empreendedorismo local, reforçando a inclusão social e a economia criativa, pilares fundamentais para um turismo regenerativo e sustentável. Décio Lima, presidente do Sebrae, reforçou: “O turismo voltou com força, e o empreendedorismo está presente em todos os cantos, gerando oportunidades e inclusão.”
Conforme divulgado, o Plano Brasis está ancorado em cinco pilares:
- Futuro sustentável — valorizando a conservação ambiental e o turismo regenerativo;
- Inovação contínua — investimento em tecnologia, arte e conectividade, como já exemplificado por parcerias da Embratur;
- Conexões autênticas — promovendo experiências que valorizem a diversidade cultural e social do país;
- Inteligência de mercado — monitoramento constante para adaptação estratégica e competitividade;
- Estímulo a negócios — apoio a empreendedores locais e fortalecimento do trade turístico.
Além disso, o plano prevê ações segmentadas para mercados prioritários, como EUA, França, Alemanha (essenciais), e oportunidades em Japão, China e África do Sul, adaptando a comunicação para perfis diversos e explorando nichos em turismo cultural, de natureza, gastronômico, LGBTQIA+, étnico e de aventura.
O Visit Brasil Summit, evento que marcou o lançamento do Plano Brasis e realizado no Museu do Amanhã entre os dias 19 e 20 de maio, reuniu líderes, especialistas, gestores públicos e privados em debates sobre inovação, sustentabilidade e estratégias para consolidar o Brasil como um dos principais destinos do mundo.
Virginia Messina, que participou ativamente do encontro, ressaltou o papel fundamental da cooperação entre governos, setor privado e sociedade civil para garantir um crescimento compartilhado e sustentável do turismo brasileiro. “Por trás de cada número há uma história — de guias, hoteleiros, comissários — e só com esse esforço conjunto o Brasil pode se destacar globalmente,” declarou.
Oportunidades para o Brasil
Com a queda do turismo nos EUA, o Brasil agora terá a oportunidade de acelerar a atração de turistas que buscam destinos alternativos. Para isso, o país deve intensificar a promoção internacional, facilitar os processos de visto e ampliar a oferta de infraestrutura turística, com foco especial em regiões menos exploradas.
Afinal, o Brasil não é mais apenas um destino de belas praias e festas populares; é um mosaico de experiências autênticas e inovadoras, pronto para receber o mundo em sua pluralidade.
