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Governo teria que arcar com cerca de US$ 1 bilhão para custear a viagem dos imigrantes ilegais

O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS) anunciou nesta segunda-feira (5) um novo programa de incentivo à auto deportação de imigrantes sem status legal. A iniciativa oferece US$ 1.000 em “ajuda de custo para viagem” àqueles que aceitarem sair voluntariamente do país, como parte da meta do governo Trump de remover 1 milhão de imigrantes indocumentados.

A secretária do DHS, Kristi Noem, afirmou que o programa representa uma alternativa mais barata e segura para lidar com a imigração irregular. “Se você está aqui ilegalmente, a auto deportação é a melhor, mais segura e mais econômica forma de deixar os Estados Unidos e evitar ser preso”, declarou. Segundo Noem, a medida pode reduzir em até 70% os custos com deportações tradicionais, o que significaria uma economia significativa para os contribuintes.

No entanto, ainda não está claro de qual parte do orçamento do DHS virá o financiamento para a iniciativa. Para atingir a meta de 1 milhão de deportações voluntárias com um pagamento de US$ 1.000 por pessoa, seriam necessários cerca de US$ 1 bilhão.

O programa será operacionalizado por meio do aplicativo CBP Home, lançado inicialmente na gestão Biden para permitir agendamentos com a Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP). O valor prometido será repassado apenas após a chegada do migrante ao país de origem. Um migrante já utilizou o recurso para retornar a Honduras, segundo o DHS, e outras passagens já foram emitidas para as próximas semanas.

O presidente Donald Trump manifestou apoio à medida em conversa com repórteres: “Vamos providenciar para eles um voo lindo de volta para seus países de origem”, afirmou.

Paralelamente à proposta de incentivo financeiro, o governo tem implementado outras medidas para pressionar a saída voluntária, como um sistema de registro compulsório de imigrantes em situação irregular. Aqueles que não se registrarem poderão enfrentar multas severas e até mesmo penas de prisão.

Números de deportações questionáveis

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ICE declarou que ocorreram 400 voos, com uma média de 125 deportados por aeronave

O número de deportações tem sido um ponto de controvérsia entre diferentes fontes. O DHS divulgou que 152 mil pessoas foram deportadas desde a posse de Trump em janeiro. No mesmo intervalo do ano anterior, sob o governo Biden, foram registradas 195 mil deportações. 

Já um levantamento mais recente do Migration Policy Institute, uma organização independente e não partidária, estima que cerca de 500 mil pessoas tenham sido deportadas nos primeiros 100 dias do segundo governo Trump, uma cifra bem acima da divulgada oficialmente.

Outra informação que levanta questionamentos é a quantidade de voos de deportação realizados pelo Serviço de Imigração e Alfândega (ICE): foram 400 voos, com uma média de 125 deportados por aeronave, o que totaliza aproximadamente 50 mil deportações por essa via — valor significativamente menor que os 140 mil anunciados pela Casa Branca. 

Em resposta, a porta-voz do DHS, Tricia McLaughlin, afirmou ao jornal USA Today que os números da administração incluem deportações realizadas não apenas pelo ICE, mas também pela CBP. “Estamos confiantes em nossos números”, disse ela.

Escalada nas ações imigratórias

De acordo com o Migration Policy Institute, o segundo mandato de Trump tem se caracterizado por uma intensificação das políticas migratórias. Já foram adotadas 175 ações executivas específicas para imigração nos primeiros 100 dias — um contraste marcante com as menos de 30 ações no mesmo período do primeiro mandato.

Estima-se que existam 13,7 milhões de imigrantes sem status legal nos Estados Unidos, o que evidencia o enorme desafio logístico e humano por trás da meta de 1 milhão de remoções.