Em meio à falta de imunizantes, disputa política em torno das vacinas e o descobrimento de novas cepas mais transmissíveis do coronavírus, o Brasil completou um mês e meio de vacinação nesta quarta-feira (03/03). A cerimônia de início da imunização aconteceu em São Paulo, em janeiro, minutos após a aprovação do uso emergencial da CoronaVac e da vacina de Oxford pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O cenário atual, no entanto, não é positivo. Incertezas para novas aquisições e a interrupção das aplicações por ausência de imunizantes se fazem presentes. E, nesse caminho, pouco mais de 6,4 milhões de brasileiros tomaram pelo menos a primeira dose dos compostos, o que representa menos de 3% da população do país vacinada até agora.
Alguns estados brasileiros estão enfrentando problemas com a continuidade da vacinação devido à falta dos imunizantes, e capitais chegaram a anunciar a paralisação da primeira dose da vacinação. Já para a segunda dose, o Ministério da Saúde havia recomendado às cidades que reservassem metade dos imunizantes a fim de garantir a aplicação integral das vacinas.
A nível mundial, o Brasil está atrasado na vacinação contra a covid-19. Embora esteja à frente de outros países da América Latina, como a Bolívia, Argentina e Peru, a avaliação do chefe de infectologia da Unesp, Alexandre Naime Barbosa, é que, pela capacidade do Sistema Único de Saúde (SUS), o Brasil poderia estar com percentual de vacinados muito superior ao atual.
Uma esperança surge com a notícia de que a vacina Covaxin, da farmacêutica indiana Bharat Biotech, é 80,6% eficaz. Na semana passada, o Ministério da Saúde do Brasil anunciou um acordo junto à Precisa Medicamentos/Bharat Biotech para a compra de 20 milhões de doses da Covaxin. O investimento será de R$ 1,614 bilhão para a aquisição do imunizante produzido na Índia.
Com uma possível terceira vacina no país, o processo de imunização talvez acelere e tire o Brasil da situação grave atual: variantes mais letais estão presentes em todos os estados e o país está no pico da segunda onda com mais mortes diárias que ano passado.
Sobre a nova vacina que vai entrar no Brasil, a farmacêutica indiana afirmou que o imunizante possui 80,6% de eficácia. A análise tomou como base um estudo de fase 3 que reuniu mais de 25 mil voluntários e foi realizado pelo departamento de pesquisa médica do governo da Índia.
O estudo contou com 2,4 mil voluntários com 60 anos ou mais, além de 4,5 mil que apresentavam alguma comorbidade. Foram registrados 43 casos de covid-19, todos nos participantes que receberam o placebo, e apenas sete casos entre aqueles vacinados com o imunizante da Bharat Biotech.
Segundo o Ministério da Saúde do Brasil, as primeiras 8 milhões de doses do imunizante devem começar a chegar ao país neste mês de março, em dois lotes de 4 milhões a serem entregues entre 20 e 30 dias após a assinatura do contrato. Outras 8 milhões de doses estão previstas para abril.
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