A co-fundadora do Los Angeles Brazilian Film Festival (LABRFF) é uma mulher cuja jornada de vida tem sido marcada por paixão, determinação e a busca pela liberdade. Nascida em Feira de Santana, Bahia (Brasil), Meire Fernandes sempre teve uma afinidade com as artes. No entanto, sua trajetória foi moldada por desafios, coragem e um desejo constante de quebrar barreiras.
Desde tenra idade, Meire sonhava em ser atriz ou trabalhar no circo, mas sua realidade era influenciada pelo ambiente patriarcal de sua cidade natal. “Sendo filha de delegado, isso não aconteceu. Morando em uma cidade do interior, dos coronéis, eu era mal vista por ter pensamentos e comportamentos livres. Eu queria viajar, conhecer países, conhecer pessoas […] e isso era um absurdo”, conta.
Aos 17 anos, Meire se tornou mãe solteira, mas isso não a impediu de continuar sua busca. Ela era ávida leitora e, aos 19 anos, passou em um teste para trabalhar na Varig, conhecida como a primeira companhia aérea do Brasil, onde sua carreira começou a decolar.
“Comecei a viajar bastante, pois tinha passagens de graça. Quando vim à Califórnia visitar, em 1994, me apaixonei. Disse para mim mesma: vou vir morar aqui nesse estado. No ano seguinte, eu estava aqui em Los Angeles trabalhando na Varig. A empresa tinha escritorio aqui e fazia rotas entre o Brasil e EUA”, relata Meire.
Meire chegou à Califórnia com um plano bem estruturado, o que é muito importante ter em mente. Com determinação, ela comprou um carro, alugou um apartamento com uma colega e retomou seu trabalho na Varig de Los Angeles.
Após dois anos, ela mudou de emprego e ingressou em uma agência de turismo e, logo na sequência, entrou no setor do entretenimento. “Meu primeiro job nessa área foi na Fox Latin America Channel, e fiquei lá por 2 anos. Depois fui para Sony, Warner/HBO e Audible. Hoje trabalho com uma grande empresa de produção de conteúdos de animação. Acho que nunca tive experiências ruins de trabalho aqui”, ela detalha.
Há 16 anos, Meire é uma figura central no LABRFF, um dos maiores festivais de cinema brasileiro fora do Brasil. Ela se orgulha do impacto que esse projeto teve na vida de muitas pessoas, servindo como uma plataforma fundamental para a divulgação do cinema brasileiro na capital do cinema.
O festival, que recentemente encerrou mais uma edição de sucesso, exibiu 45 filmes com narrativas inclusivas e diversificadas, atraindo um público de quase 2.000 pessoas em quatro dias de evento. O LABRFF se tornou uma vitrine vital para a produção audiovisual brasileira nos Estados Unidos.
Quando se trata da tecnologia no cinema, Meire reconhece seu papel transformador e acredita que a tecnologia atual está redefinindo o cinema. Ela destaca os avanços em efeitos visuais, dos serviços de streaming e a crescente influência das redes sociais e marketing digital na promoção de filmes.
“Um problema que temos no Brasil, e acredito que aqui também, é a questão de público nas salas de cinema. Ficou confortável assistir tudo em casa. Além disso, o valor do ingresso é muito caro para a renda que os brasileiros têm”, destaca. Ainda assim, Meire vê o potencial da tecnologia para expandir as fronteiras da narrativa visual e oferecer experiências cinematográficas mais diversas e acessíveis.
Em 2009 a baiana lançou o livro infanto-juvenil “Lucas Oats e o Segredo do 404” contando as aventuras de uma dupla de adolescentes que viaja de férias dos EUA para o Brasil. Quando questionada sobre conselhos para brasileiras que sonham em viver nos EUA ou na Califórnia, ela enfatiza a importância da educação. Sua jornada de vida é um testemunho de como a educação e perseverança na busca pela liberdade podem levar a realizações extraordinárias.
Facebook Comments