Há mais de uma década o problema da escassez da água e seu uso consciente é tema de discussões, conferências em todo o mundo e reflexões sobre o futuro das próximas gerações na Terra. No Brasil, esta preocupação ganhou importância e o discurso sobre o meio ambiente amadureceu durante a grave crise de abastecimento que assolou o país – e a região sudeste, em especial – entre os anos de 2014 e 2015.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a Califórnia passou a multar em até US$40 mil dólares quem for flagrado desperdiçando água, um forte incentivo, por assim dizer, para que o problema seja levado a sério. Muitos donos de casas mudaram certos hábitos como o fácil esquecimento de deixar uma mangueira aberta ou não reparar um problema de vazamento.
Desde 2015 nunca se ouviu falar tanto sobre o problema e a necessidade de conscientização em vários países ao redor do mundo. Porém, mesmo diante dos debates, campanhas de conscientização e matérias em diversas mídias mostrando os malefícios do desperdício de água, no Brasil, o índice pouco mudou durante a crise. Para quem trabalha com recursos hídricos no país, existe certo incômodo no que se refere às perdas de água em sua distribuição.
Embora hoje os esforços para diminuir esse índice sejam mais intensos, ele permanece em vultosos 36,7%, de acordo com os dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (SNIS), órgão vinculado ao Ministério das Cidades. Em 2013, quando as perdas estavam em 37%, o Instituto Trata Brasil estimou o volume de água tratada perdida no país em 6,5 bilhões de metros cúbicos ao ano, o que dá 6,5 vezes toda a capacidade de armazenagem do sistema da Cantareira, no Estado de São Paulo.
Já na Califórnia, em 2015, o governador do estado, Jerry Brown, ordenou uma redução obrigatória de 25% no uso de água nas cidades. Apesar da situação crítica e a falta de chuva no estado dourado americano, celebridades como Kylie Jenner, David Hasselhoff, Dr. Dre, e Amy Poehler foram pegos violando regulações de uso d’água. Uma nova lei fez aumentar as multas e passarão a dar mais poder as prefeituras para combater o desperdício com eficiência. A multa aumenta dependendo da duração da desobediência e quão grave estiver à seca.
A Califórnia teve um inverno mais seco que o normal, como consequência de uma seca que já dura seis anos desde 2010. A imposição de medidas como esta na Califórnia bem que poderia servir de exemplo para o Brasil. O “uso não razoável” de água em várias cidades, estados ou regiões poderia ser levado mais a sério pela população se existissem leis que impusessem penas e multas rigorosas.
Segundo estudos, apenas 2,5% da água do planeta é doce e, com o aumento cada vez maior da população mundial, esse número diminui cada vez mais. A conscientização não apenas é uma necessidade, mas deve ser uma prioridade se deixarmos de pensar um pouco em nos mesmos e passarmos a pensar também em prol das futuras gerações que incluem nossos filhos e netos. Não devemos permitir que elas não sofram com a falta deste componente essencial para a vida – o que, aliás, especialistas do meio ambiente dizem que, futuramente, será motivo de conflitos internacionais.
É importante mudar velhos hábitos e estimular o uso consciente da água. Abaixo citamos apenas algumas ideias:
Uma torneira fechada pode economizar até 20 litros. Ao escovar os dentes ou se barbear, deixe-a fechada. Para lavar a louça, procure acumular ao longo do dia: não deixe a torneira aberta enquanto estiver limpando os utensílios com detergente. Não tome banhos demorados. Para se ensaboar, feche a torneira: um banho de cinco minutos pode consumir até 45 litros de água. O gotejamento pode resultar em um desperdício de até 50 litros ao longo do dia. Se tiver problemas de vazamento, conserte rápido, o planeta agradece e o seu bolso também. Para regar as plantas, utilize um regador. Se você gosta de lavar o carro à moda antiga em sua casa, use a mangueira apenas no início para retirar o grosso do sujo, depois use um balde de água com um pano para esfregar.
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