Muitas famílias estão optando por alternativas à faculdade de quatro anos, como cursos técnicos e programas profissionalizantes

Muitas famílias estão optando por alternativas à faculdade de quatro anos, como cursos técnicos e programas profissionalizantes

  Nos últimos anos, a pergunta sobre o valor do ensino superior tem ganhado força nos Estados Unidos, reflexo de uma preocupação crescente entre estudantes e famílias: a faculdade ainda justifica o investimento financeiro? O custo do ensino superior tem subido drasticamente, o mercado de trabalho se tornou cada vez mais competitivo e as dívidas com empréstimos estudantis se tornaram um fardo pesado para muitos. Por isso, a questão que antes parecia simples está cada vez mais difícil de ser respondida.

O Custo de se fazer faculdade nos EUA

O preço de um diploma universitário tem se tornado um dos principais fatores que influenciam a decisão de muitos jovens nos Estados Unidos. Em 2024-2025, o custo médio de um curso de bacharelado em uma universidade pública estadual pode girar em torno de US$ 90.000, enquanto em universidades privadas esse valor pode ultrapassar os US$ 250.000. Esse valor inclui mensalidades, taxas, moradia, alimentação, livros e outras despesas, e não apenas o custo das mensalidades.

Apesar de o ensino superior público ser mais barato, os estudantes que estudam fora do estado ou em instituições particulares enfrentam valores ainda mais elevados. Além disso, muitos estudantes recorrem a empréstimos estudantis para cobrir esses custos, o que pode resultar em dívidas de até US$ 200.000 ao longo da vida.

Em uma declaração recente, Elon Musk, o empresário bilionário e CEO da Tesla e SpaceX, questionou a necessidade do ensino superior. “Acho que as universidades são basicamente para se divertir e para provar que você consegue cumprir suas tarefas, mas não são de fato para aprender – você não precisa de um curso universitário, você pode aprender o que quiser de graça.” 

Em resposta à crescente preocupação com o retorno sobre o investimento da faculdade, muitos jovens estão reconsiderando suas opções. Profissões como eletricista, encanador e instalador de elevadores podem oferecer salários comparáveis ou até superiores aos de muitos graduados universitários, sem a necessidade de um diploma de quatro anos. 

Isso tem levado muitos americanos e residentes nos EUA a questionar se vale a pena se endividar com empréstimos estudantis ou se o investimento em uma profissão técnica poderia ser mais vantajoso.

O Retorno Sobre o Investimento (ROI) da Faculdade

Uma pesquisa da Strada Education Foundation, divulgada em 2024, mostrou que, em média, 70% dos graduados em universidades públicas terão um retorno financeiro positivo em até 10 anos após a graduação. Isso significa que, ao longo de uma década, eles provavelmente ganham mais do que se tivessem optado por um diploma de ensino médio. No entanto, os números variam de acordo com o estado, indo de 53% na Dakota do Norte a 82% em Washington, D.C.

Especialistas em educação no ensino médio apontam que muitos alunos de famílias de baixa renda estão cada vez mais relutantes em assumir grandes dívidas para cursar uma faculdade. De acordo com eles, muitas famílias afirmam não ter condições de pagar ou não quererem se endividar por anos e anos. Como resultado, em vez de optarem por cursos universitários de quatro anos, muitos desses alunos estão preferindo buscar alternativas, como cursos técnicos ou programas profissionalizantes.

Muitos recém-formados têm se deparado com a realidade de estar em cargos que não exigem formação superior

Muitos recém-formados têm se deparado com a realidade de estar em cargos que não exigem formação superior

Um Desafio para as Universidades

As universidades nos Estados Unidos estão cientes da crescente desconfiança do público em relação ao valor do diploma. Algumas começaram a adotar um foco maior em oferecer dados claros sobre o retorno financeiro dos seus cursos. O Colorado, por exemplo, agora divulga relatórios anuais sobre o retorno financeiro das faculdades, e o estado do Texas está considerando esse retorno ao calcular os subsídios para faculdades comunitárias.

Pesquisadores apontam que os estudantes estão se tornando mais conscientes dos momentos em que a faculdade não compensa. Essa preocupação, que não existia com a mesma intensidade há 15 ou 20 anos, quando a faculdade era vista como uma via quase garantida para o sucesso financeiro, tem ganhado relevância nos últimos tempos.

O Mercado de Trabalho

Porém, o retorno financeiro de um diploma universitário não depende apenas do custo do curso, mas também da empregabilidade do graduado. O mercado de trabalho atual está cada vez mais competitivo, e muitos graduados universitários se encontram em posições que não exigem um diploma. Um estudo revelou que 52% dos recém-formados estão em empregos que não exigem um diploma universitário, e esse fenômeno não se restringe apenas a áreas com alta concorrência, como a tecnologia, mas também afeta setores tradicionais, como educação e enfermagem.

Além disso, a discrepância entre as habilidades adquiridas nas universidades e as exigidas pelos empregadores tem sido uma preocupação crescente. Representantes de universidades já afirmaram que as instituições precisam se antecipar às demandas do mercado de trabalho, adaptando seus programas de graduação para garantir que os alunos saiam preparados para os desafios do mercado de trabalho.

Conclusão

Estudos indicam que, em média, 70% dos graduados de universidades públicas terão um retorno financeiro positivo ao longo de 10 anos

Estudos indicam que, em média, 70% dos graduados de universidades públicas terão um retorno financeiro positivo ao longo de 10 anos

A faculdade ainda oferece um retorno sobre o investimento, mas o valor desse retorno depende de vários fatores, incluindo o tipo de curso, a instituição e o estado em que o aluno estuda. Contudo, é inegável que as condições estão mudando. A dívida estudantil crescente e a desaceleração do mercado de trabalho para recém-formados têm levado muitos a reconsiderar se a faculdade vale a pena. Para alguns, cursos técnicos ou alternativas de aprendizado podem ser mais atraentes.

As universidades, por sua vez, precisam se adaptar a essas novas realidades, oferecendo maior transparência sobre os resultados financeiros dos seus cursos e ajustando seus currículos para atender melhor às exigências do mercado. A decisão sobre investir em um diploma universitário nunca foi tão complexa, e para muitos, é uma escolha que envolve não apenas aspirações profissionais, mas também considerações financeiras e de qualidade de vida.

FAQ – Perguntas Frequentes

1. O ensino superior oferece retorno sobre o investimento?
Sim, a longo prazo, a maioria dos graduados tem um retorno positivo, mas a rentabilidade varia dependendo do curso, da instituição e do estado onde o aluno estuda. A análise do retorno financeiro é importante para determinar se vale a pena o custo do diploma.

2. Por que muitas pessoas estão reconsiderando a faculdade?
Os custos elevados das mensalidades, o aumento das dívidas estudantis e o mercado de trabalho mais competitivo fizeram com que muitos jovens reconsiderassem a necessidade de um diploma universitário. Profissões técnicas e cursos profissionalizantes têm se mostrado alternativas vantajosas.

3. Quanto custa um curso universitário nos EUA em 2025?
O custo de um curso universitário nos EUA pode variar de US$ 90.000 a US$ 250.000, dependendo da instituição e do estado, considerando mensalidades, taxas e despesas adicionais.