O cearense Edmilson Filho pratica artes marciais desde os 12 anos, particularmente Kung Fu e Taekwondo, e disputou competições importantes como a Copa Brasil, chegando a ser bi-campeão brasileiro de Taekwondo 98/99 e integrante da Seleção Brasileira, antes de resolver fixar residência no Sul da Califórnia no final do ano 2000. Paralelamente, ainda no Brasil e aos 17 anos, começou também uma carreira de comediante em shows de Stand Up.
Na adolescência em Fortaleza, conheceu o diretor de cinema Halder Gomes que o convidou para participar do curta-metragem ”O Astista Contra o Cabra do Mal” que futuramente seria adaptado para um longa e conhecido apenas por Cine Holliúdy. Dessa época pra cá foram vários filmes incluindo mais de 300 aparições em peças de teatro entre 1993 até 2002. Entre seus filmes mais conhecidos estão Shaolin do Sertão, Não Vamos Pagar Nada, Cabras da Peste, Bem-vinda a Quixeramobim e Cangaceiro do Futuro.
Edmilson vive atualmente em Orange County e é um grande defensor da perseverança. Ele conta que levou oito anos para realizar o seu primeiro filme que foi o marco em sua carreira.
“Uma vez me perguntaram em um evento em que eu estava dando uma palestra…Edmilson, qual é o segredo para você alcançar seus objetivos? E minha resposta foi clara e rápida: o segredo é não desistir. Acredito que, quando você acorda todos os dias com seu objetivo em mente e faz algo, mesmo que seja um pequeno passo em direção a ele, eventualmente dará certo”, declara o ator.
O mundo do entretenimento muitas vezes é visto como um lugar de sonhos e glamour. Contudo, por trás das câmeras e dos palcos, em geral, existe muito trabalho árduo, disciplina e perseverança. Edmilson Filho é um exemplo vivo dessa dedicação. Ele construiu uma carreira sólida e inspiradora na indústria cinematográfica brasileira, mas levou tempo para o reconhecimento e consolidação. E o taekwondo parece o ter ajudado, afinal é baseada em cinco princípios fundamentais: cortesia, integridade, perseverança, autocontrole e o desenvolvimento de um espírito.
A adaptação a uma nova cultura e estilo de vida pode ser desafiadora, e Edmilson sentiu saudades do Brasil no início quando chegou na Califórnia. No entanto, ele ressalta que Los Angeles é uma cidade acolhedora e que o clima semelhante ao do Brasil ajudou na transição.
“Claro que sinto saudades do Brasil, mas como estou indo e voltando frequentemente, hoje posso dizer que tenho o melhor dos dois mundos. Tenho uma vida aqui com mais tranquilidade e segurança, e minha carreira está cada vez mais consolidada no Brasil”, relata.
A rotina de Edmilson Filho em sua vida no Sul da Califórnia é uma rotina de trabalho e criação. “Estou sempre envolvido com roteiros e conversando com a minha equipe, composta por diversos roteiristas e diretores no Brasil. Quando não estou filmando, estou ocupado planejando projetos futuros”, explica o ator.
Quando tem tempo livre, o artista gosta de aproveitar as praias ensolaradas de Orange County como Newport Beach e de L.A como Santa Mônica. Ele nos diz que não é muito de sair a noite e seleciona muito o tipo de diversão.
Perguntamos o que ele gosta mais da cidade de Los Angeles e ele não pensou muito para nos responder dizendo “O que mais aprecio em L.A é a rede de contatos que você pode criar. Você conhece pessoas que provavelmente não conheceria se estivesse no Brasil. Então não é apenas uma questão física, mas sim a oportunidade de se conectar com pessoas de todo o mundo, especialmente na área em que trabalhamos, o audiovisual”, ele pontua.
Para aqueles que estão fora do Brasil, Edmilson destaca a importância de contar suas próprias histórias e manter um forte senso de pertencimento. “Há muita gente contando histórias de americanos, russos, japoneses, entre outros. Contar nossas próprias histórias brasileiras e, eventualmente, trazê-las para cá é algo que nos enche de orgulho, pois temos a autoridade para falar sobre o Brasil”, nos comenta.
Sobre tecnologia e os desafios do audiovisual, Edmilson nos diz que o tema é bem complexo mas que em uma resposta rápida, poderia dizer que existe um desafio muito grande pela frente e que o artista e a indústria precisam estar se reinventando.
Ele nos lembra por exemplo, do celular, um concorrente direto, que anda com todo mundo o tempo todo. Mas nos diz que acha que o cinema não vai acabar como algumas pessoas especulam. “Passamos por isso no passado quando surgiu a televisão e o cinema sobreviveu. Mas tem o lado mental além da tecnologia. Tem pessoas que vão preferir ficar em casa no streaming, mas já tem outras que vão preferir sair e ter uma tarde ou noite diferente em um cinema”, conclui.
Há mais de duas décadas na terra do Tio Sam, Edmilson Filho continua a deixar sua marca e a contar histórias que ressoam com o público, demonstrando que os sonhos podem se tornar realidade sem esquecer de valorizar sua brasilidade. Esse artigo fez parte de nossa EDIÇÃO 120 de Nov/Dez de 2023.
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