Por Sandra Lobo
Dentre as muitas histórias sobre a ilha, uma das mais marcantes é sobre o explorador alemão Hans Staden, que naufragou na costa brasileira em 1554. Capturado pelos Tupinambás, foi prisioneiro dos índios na região de Mangaratiba. Condenado a morrer em um ritual de canibalismo, conseguiu fugir e retornar à Europa publicando um livro sobre suas aventuras quase “gastronômicas” em Ilha Grande.Desde que foi descoberta em 1502, pelo navegador português André Gonçalves, Ilha Grande, que abriga o desativado presídio Cândido Mendes, vem impressionando a todos pela beleza natural das suas cachoeiras e montanhas, e pelas águas claras que deslizam sobre suas areias marcadas por histórias cheias de sofrimento daqueles que passaram pelo seu presídio.
Depois disso, a ilha ainda recebeu visita de corsários decididos a saquear as riquezas da costa. Com vegetação abundante, frutas, muita água doce e rica em Pau-Brasil, Ilha Grande tornou-se o refúgio ideal para contrabandistas, piratas e traficantes de escravos.
Com o término do tráfico de escravos, a ilha deixa de ser clandestina e passa a condição de lar. Muitos dos piratas, traficantes de escravos e aventureiros, encantados pela paisagem, aportam definitivamente em Ilha Grande, virando a página de sua história.
Em 1863, quando o imperador D. Pedro I visitou a ilha, decidiu construir um hospital de isolamento para abrigar imigrantes vindos de países onde houvesse epidemia de cólera. Os navios vinham da Alemanha, Japão e Itália e o objetivo era suprir a mão-de-obra escrava, fortalecer as fronteiras com a ocupação de pequenos proprietários e “branquear ” a população brasileira. Nasce então o Lazareto. Erguido às pressas, próxima à Vila do Abrãao, transformou-se no Instituto Penal Cândido Mendes em 1941. Todos que passaram pelo Cândido Mendes na condição de presidiários, com certeza partilhavam do mesmo sentimento: da angústia de serem privados da liberdade em pleno paraíso.
Berço do “Comando Vermelho”, uma das maiores organizações criminosas que ainda hoje atua no país, o Cândido Mendes foi implodido em 1994. Por lá, apenas algumas paredes ainda permanecem de pé, como uma relíquia macabra de um Brasil que condenava criminosos, mas também inocentes, jovens e idealistas. Com a implosão do presídio, outra página é virada, e passamos a conhecer uma outra Ilha Grande: a ilha-paraíso, repleta de belíssimas paisagens, razão pela qual muitos aventureiros caíram de amores por ela. Hoje é visitada em sua maioria por estrangeiros, como italianos, alemães, suíços, franceses e canadenses em busca de paz e natureza.
Onde está e como chegar
Localizada no estado do Rio de Janeiro, município de Angra dos Reis, Ilha Grande possui 193 km2 de área coberta por Mata Atlântica, com 106 praias para todos os gostos, desde para quem quer simplesmente descansar da vida urbana, como também para quem quer praticar esportes de aventura. Para chegar lá e desfrutar das belezas deste paraíso, o visitante deve ir até a cidade de Mangaratiba (cais da Lapa), ou até o porto de Angra dos Reis, onde existem várias opções para a travessia de barco. Lembrando que veículos não são permitidos na ilha, ficando em um estacionamento pago no continente.
Com mais de 100 praias à disposição, com certeza o visitante vai poder encontrar aquela que mais lhe agrade. Ilha Grande possui praias bem pequenas, mas possui também praias com 3 km de extensão como a Lopes Mendes, de água cristalina, onde o acesso é por trilha ou por barco. Para quem procura um pouco mais de infra-estrutura a Vila do Abrãao é a mais indicada, pois é lá que se concentram 90% das pousadas, e também é de onde saem as escunas para passeios ao redor da ilha. Para os mais aventureiros, é no Abrãao que se pode alugar equipamento para mergulho.
Já na Praia dos Castelhanos você pode visitar um dos faróis mais antigos da costa brasileira; construído no século XIX, conserva o projeto original de técnica francesa com lentes de cristal. Na pequenina Caxadaço, encontramos 15 m de puro deleite, sendo considerada um dos destaques de toda a ilha. Segundo muitas pessoas, a praia do Aventureiro é uma das mais bonitas, com paisagens deslumbrantes e 600 m de areia fina e prateada. Não deixe de visitar também a Gruta do Acaiá, onde podemos observar o fenômeno da fluorescência da água, ou a praia do Saco do Céu, das Estrelas, Lagoa Azul…enfim, 106 praias repletas de beleza natural!
Vila Dois Rios – Esta praia merece destaque porque foi responsável pela fama de “Ïlha Presídio”. É lá que estão localizadas as ruínas do Cândido Mendes. E foi justamente esta “má” fama que contribuiu para a preservação da ilha. Atualmente vivem em Dois Rios poucos moradores que servem refeições aos visitantes.
As melhores opções para aventureiros
A baía de Ilha Grande possui uma das maiores concentrações de navios naufragados do mundo. Seis navios estão registrados, muitos, frutos de batalhas entre corsários, piratas e o império. Os melhores locais para mergulho são Ponta dos Castelhanos, Jorge Grego, Ilha dos Meros e Naufrágios. Lembrando que é proibida a caça submarina a menos de 1 km em torno da ilha.
As caminhadas ecológicas são uma excelente opção para quem quer observar a fauna e a flora nativa. São milhares de trilhas; muitas, comunicando uma praia à outra. As melhores épocas para caminhadas são entre maio e julho e outubro e novembro, quando a temperatura é mais amena e chove pouco. Os principais pontos de partida são o Abrãao e Araçatiba.
As praias mais recomendadas para o surf são a Lopes Mendes, Santo Antônio, Aventureiro e Demo. Não se esqueça de que o acampamento selvagem é proibido por toda a Ilha.
Os passeios marítimos são atividades muito procuradas pelos turistas. Os melhores roteiros são : Palmas/Lopes Mendes, Lagoa Azul/Freguesia, Lagoa Verde, Gruta do Acaiá e Saco do Céu. A maioria dos passeios partem do Abrãao, mas existem opções de passeios em Araçatiba, Bananal e Sítio Forte, sendo que os preços variam de 20 a 45 reais. Existem ainda opções para quem gosta de acampar, mountain-bike ou mesmo esquiar Em Ilha Grande, o turista precisa de muita disposição para conhecer a ilha com tudo o que ela tem para oferecer. Ou simplesmente relaxar à sombra do que a história preservou.
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