Por Lara Lanna

Image Music Sergio Mendes Falece em Los Angeles aos 83 Anos Credito da Foto Andrew Innerarity Reuters

Foto: Reuters

No dia 6 de setembro de 2024, aos 83 anos, o icônico pianista brasileiro Sérgio Mendes faleceu. Desde 2023, enfrentava doenças respiratórias. Reconhecido como um dos maiores expoentes da música brasileira internacionalmente, Mendes deixou um legado imortal através de suas obras e conquistas.

Nascido em 1941, em Niterói, Rio de Janeiro, Sérgio Mendes iniciou sua trajetória musical ainda criança, estudando piano. Embora quisesse ser músico clássico, foi rapidamente atraído pelo jazz e pela bossa nova.

Na década de 50, Mendes frequentava o Beco das Garrafas, em Copacabana, onde grandes músicos da bossa nova e do samba-jazz se encontravam. Foi lá que ele tocou pela primeira vez “Mas que Nada”, de Jorge Ben Jor, que se tornaria seu maior sucesso internacional.

Em 1961, lançou seu primeiro álbum, “Dance Moderno”, e, no ano seguinte, formou o Sexteto Bossa Rio, que chegou a se apresentar no Festival de Bossa Nova no Carnegie Hall, marcando o início de sua carreira internacional.

Início da Carreira Internacional 

Por conta da pressão da ditadura militar, Mendes mudou para Los Angeles em meados dos anos 1960 e se consolidou como um dos artistas brasileiros mais influentes no cenário internacional.

No país, formou o grupo Brasil ’66 e trouxe uma nova abordagem ao samba-jazz ao incorporar elementos do pop e da música internacional. Em 1966, lançaram o álbum “Herb Alpert Presents Sérgio Mendes & Brazil ’66”, com o sucesso “Mas que Nada”. O grupo conquistou as paradas americanas com músicas como “The Look of Love” e “Fool on the Hill”, levando Mendes a se apresentar em programas de TV com estrelas como Frank Sinatra.

Em 1983, seu single “Never Gonna Let You Go” chegou ao quarto lugar nas paradas americanas e fez enorme sucesso até no Japão. Ao longo de sua carreira, Mendes lançou 14 músicas que chegaram ao Top 100 da Billboard, um feito inédito para um artista brasileiro.

Em 1992, Sérgio Mendes lançou “Brasileiro”, álbum que lhe rendeu o Grammy de World Music. Ele colaborou com Carlinhos Brown, futuro ícone do pop nacional. Em 2012, foi indicado ao Oscar pela canção “Real in Rio”, do filme “Rio”, também em parceria com Brown.

Sérgio Mendes entre o Brasil e os EUA

Sérgio Mendes sempre manteve suas raízes brasileiras, colaborando com vários músicos do país. Entre os brasileiros que integraram sua banda em turnês internacionais estão o percussionista Gibi dos Santos, o guitarrista Kleber Jorge, e o baixista Leo Nobre, ambos residentes em Los Angeles.

Image Music Sergio Mendes and Brazil 66

Sérgio Mendes e o grupo Brasil 66

Outra artista brasileira que colaborou com Sérgio Mendes foi Jonia McClenney, conhecida como Jonia Queen , fundadora do grupo de dança Raiz Brasil. Embora não tenha viajado com o grupo de Mendes, ela participou de shows locais, como no Hollywood Bowl, em Los Angeles.

Recentemente, Mendes foi tema do documentário “Sérgio Mendes: No Tom da Alegria (Na Chave da Alegria)”, lançado pela HBO para comemorar seus 80 anos. O filme revelou curiosidades sobre sua vida, como o fato de Harrison Ford ter trabalhado como carpinteiro na casa de Mendes em Los Angeles antes de se tornar famoso.

Sua morte foi destaque nos principais veículos de notícia dos Estados Unidos, como NY Times, LA Times, CNN e Rolling Stone. A rede de TV NBC encerrou seu noticiário noturno em prime time no dia de sua morte com uma homenagem ao “Grande Maestro”, ressaltando sua influência na disseminação da bossa nova nos EUA e destacando suas músicas em trilhas sonoras de filmes famosos, incluindo uma da série 007.

“Na minha memória, ficarão para sempre várias apresentações da grande banda de Sérgio Mendes no Hollywood Bowl, que geralmente aconteciam durante o mês de setembro. Eram graças em que eu gostava de reunir grupos de amigos e matar a saudade do Brasil e da nossa cultura “, nos diz, saudoso, o nosso editor e editor Lindenberg Junior.

Sérgio Mendes deixou um legado inestimável para a música brasileira e mundial. Com sua inovação e mistura de gêneros, ele manteve vivo o espírito da bossa nova e do samba-jazz por mais de seis décadas, provando que a música é uma linguagem universal que transcende fronteiras e culturas.

 

 

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